O MAU GOSTO É EUROPEU, MAS QUEM CONSOME SOMOS NÓS. ARTIGO DE OSVALDO COLARUSSO NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
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O tenor Andrea Bocelli na inauguração do Shopping Eldorado em São
PauloO brasileiro, sobretudo o músico envolvido com música clássica, idealiza demais o assim chamado “primeiro mundo”. Realmente, a estrutura cultural e a bos qualidade da educação da Europa e dos Estados Unidos fornecem condições para que muita coisa boa aconteça, e explica a razão de Londres, por exemplo, ter quase dez orquestras de nível internacional. Mas apesar de tanta coisa formidável, o mau gosto sempre consegue espaço, e o que é pior, nós consumimos bastante deste mau gosto, sobretudo por ser algo vindo com a chancela de “primeiro mundo”. Muitas pessoas dirão que estes elementos de gosto duvidoso “fazem um serviço para a humanidade” ao chamar os incautos para o “maravilhoso mundo da cultura”, mas vamos dizer que para tudo há um limite. Tomemos o caso do tenor italiano Andrea Bocelli. Voz de qualidade média é claramente o resultado de um bem sucedido expediente de marketing. Desafinado em muitos momentos, fôlego curto, mau gosto de fraseado, não consigo entender multidões confundi-lo com grandes cantores (estes sim “fazem um serviço para a humanidade”) como Pavarotti e Plácido Domingo. Outro exemplo bizarro do mau gosto musical europeu é o pianista francês Richard Clayderman. Para quem não sabe este artista se chama na “vida real” Philippe Pagès, e usa o nome meio americano, meio inglês, para conseguir vender mais de 65 milhões de cds. Seu fraseado, sua sonoridade, sua técnica, e seu gosto musical são absolutamente questionáveis, e seu sucesso é a prova maior de que o mau gosto musical existe também nos países desenvolvidos. Destes representantes do mau gosto europeu o que julgo o menos ruim, ou o menos nocivo, é o violinista e maestro holandês Andrè Rieu. Pouca gente sabe, mas André Rieu antes de ser um mega star foi um músico sério. Isto o distancia de Bocelli e Clayderman, pois sua competência ficou registrada em excelentes gravações de algumas cantas profanas de Bach na década de 60. Capacidade para ser um artista de primeira linha ele tem. Hoje no entanto ele é sinônimo de mulheres em vestidos bufantes,arranjos melosos, algo que o tornou um milionário da música quase clássica.
O que mais me chama a atenção é que estes três artistas fazem o maior sucesso entre nós, chegando ao ponto de Andrè Rieu fazer um arranjo do grande sucesso de Michel Teló (arranjozinho aliás bem ruim), de Andrea Bocelli cantar em inaugurações de Shoppings (sem nenhuma condição mínima de dignidade), e de Richard Clayderman com um dedinho só, fazer uma vergonhosa parceria com Toquinho. O mau gosto é europeu, mas quem o consome no momento somos nós.
Osvaldo Colarusso
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/falando-de-musica/
Na verdade a alta cultura não é apreciada por todos, acredito muito que ela vem de "dentro" não podendo ser imposta ou ensinada, posto isso a verdadeira música clássica será sempre um nicho dentro de todas as sociedades, dependendo do nível educacional o público será maior ou menor, porém será sempre restrito
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