PECULIARIDADES DA SALA SÃO PAULO. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


  Sala São Paulo, foto Internet
Os freqüentadores da Sala São Paulo nem sempre notam suas peculiaridades e extravagâncias, os mais assíduos pode ser que notem alguns detalhes, somente observadores clínicos como esse que vos escreve percebem detalhes que passam despercebidos pela maioria.
   A Sala São Paulo é um universo estranho e muitas vezes exótico. Ao entrar no recinto o visitante se depara com um belo restaurante, comidas exóticas e preços caros fazem parte do ritual de quem pode pagar. Ótimo para impressionar, se você quer conquistar uma garota bonita um jantar com ela nesse lugar aumenta muito suas chances. Ao lado temos a loja Clássicos, onde se vendem CDs , DVDs e livros relacionados ao universo erudito. Os frequentadores adoram bancar os intelectuais e ficar olhando as prateleiras. A loja é administrada pela mesma galera que publica a revista Concerto, alguém da revista tem coragem de criticar a direção da OSESP?
Muitos adoram se empanturrar com as guloseimas e cafés presentes no maior saguão da Sala São Paulo, por lá desfilam vendas de doces, sopas, crepes e bebidas. Como se não bastasse o comércio por lá resolveram inovar, só falta transformar o saguão em uma feira livre, um carrinho de uma marca italiana passou a circular pelos corredores vendendo sorvete. Desculpa! Não é sorvete , é gelato, quanta frescura!

Saguão da Sala SP , foto internet
   A sala de concertos tem uma beleza deslumbrante e uma excelente acústica. Sentar no coro é ouvir tudo invertido, tudo soa estranho naquele lugar. Os ingressos lá são os mais baratos, boa alternativa para os menos endinheirados. Outra saída é ficar no "Terraço Itália" , os camarotes mais altos e laterais tem acústica péssima e visão prejudicada.
   A platéia central e elevada tem público eclético e é um dos melhores lugares da Sala São Paulo. Quando é um concerto com piano os lugares da esquerda são os mais disputados, todos querem ver as mãos do pianista. O balcão mezanino é da elite, só sentam os figurões e bacanas. Na minha concepção é o melhor lugar da Sala São Paulo, com acústica e visão impecável. Seu público é o mais chato também, assinantes que se conhecem há anos olham com cara de poucos amigos a pessoas diferentes e vestidas com roupas exóticas. Desconfio que foram eles que pediram para acabar com o ingresso da hora.
   O camarote nove é reservado, tem recepcionista e segurança na porta. Nele só entram o diretor Arthur Nestrovsky e seus convidados. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros figurões são sempre vistos por lá. No intervalo e depois de algumas récitas um rega bofe fechado é feito em uma sala reservada, não faltam quitutes e conchavos.
Sala São Paulo, foto Internet

Ali Hassan Ayache
  

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereira18 de abril de 2013 às 17:17

    Ali, você se esqueceu do preço absurdo cobrado pelo estacionamento, pagamos ingressos extremamente caros, e ainda pagamos um estacionamento de R$ 18,00.
    Para quem já comprou e pagou caro pelo ingresso, acredito que o preço deveria ser bastante subsidiado.
    Esse ano ainda não vi, porém um certo banco da elite, fornecia cafés e quitutes para seus clientes e sempre destratou pessoas que não eram clientes ou que acompanhavam clientes, acredito que a OSESP pôs a mão na consciência e colocou o banco para correr, pois ele tinha um caráter extremamente discriminatório em relação aos demais frequentadores, um banco público no ano passado na saída costumava oferecer chocolatinhos a todos que saíam da sala, numa atitude bem mais correta.
    Espero que "salinhas Vips" não se repitam mais na OSESP e quando houver algo que o mesmo seja para todos.

    Outro ponto, nos concertos da série "Um certo Olhar" temos quitutes e vinhos que ao invés de serem disponibilizados gratuitamente, deveriam ser abatidos dos preços dos ingressos, e termos uma entrada a um preço mais acessível.

    ResponderExcluir
  2. Criticas são sempre bem vindas, mas.... é importante falar que não se pode cobrar barato ou de graça e tratar os músicos como se fossem pessoas comuns que fazem seu trabalho por filantropia....tudo isso custa dinheiro! manter a estrutura, manter os músicos, a limpeza, a conservação, o estado não repassa o suficiente. Quanto aos preços, o cafe e os salgados não são tao caros, o que prejudica de fato é o estacionamento, este sim abusivo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Certamente, os músicos instrumentistas e outros artistas da OSESP sao merecedores das mais elevadas honrarias, mas, pelo que se sabe, são funcionários públicos do Governo do Estado de São Paulo e recebem vencimentos pelo excelente trabalho que fazem, independentemente dos valores dos ingressos aos espetáculos.


      Excluir
    2. Mas é justamente pelo fato de serem funcionários públicos que possuem qualificação muito rara. Compõe uma orquestra sinfônica o que dispensa amadores como nas filarmônicas . E é essa qualidade que incentiva os produtores a pagarem proventos e calcularem os ingressos baseados na procura dos pontos acústicos . Se não houvesse uma qualidade claramente superior, a procura pelos pontos acústicos seria baixa , e o público conhecedor e exige-seria substituído pelo público ao qual bastaria servir quituches de salmão , permitir conversas altas e selfies com muito pipocar de flashes . Aí o lucro baratearia tudo, porque os frequentadores não fariam esforço algum em aperfeiçoar os conhecimentos musicais para enriquecer a experiência estética . E finalmente seria perfeitamente possível revezar músicos-estagiários , e cobrar os tão sonhados ingressos de 35R$ para concertos de 45 minutos, servidos com muitos quituches de salmão e merlot de 6R$ em cálices de plástico descartável

      Excluir
  3. Alguém poderia me explicar porque os lugares no coro são os mais baratos? Mesmo podendo pagar na platéia central, sempre opto pelo coro pois posso ver todos os instrumentos mais de perto.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas