“ARTE E MISÉRIA” ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Foto Internet
Na maioria dos países  de civilização e cultura mais antigas que as nossas, como  Alemanha, França, Itália, Japão, há pobreza, mas não há miséria grossa, falta de assistência médica e de remédios, falta de hospitais e escolas, fome, esgotos a céu aberto.Nosso país anda por aí apregoando riquezas e bem-estares, quando a realidade é bem outra.

Há miséria no Brasil, há fome no Brasil, há hospitais sem água no Brasil, há falta de escolas no Brasil.Há municípios em que para ir à escola uma criança tem de andar quilômetros até o município vizinho.Velhinhas morrem por falta de atendimento em corredores de hospitais.

Por tudo isso, a arte financiada com dinheiro público é um absurdo. A arte tem seu lugar, mas desde que financiada pelos cidadãos que a usam ou usufruem. Não é correto nem moral nem ético distribuir dinheiro público que pertence tanto ao Severino do interior do Ceará como à dondoca de Ipanema para financiar óperas, ballets e sinfonias que o Severino nunca viu nem quer ver.

Já lancei em vários escritos a idéia de um Cadastro Nacional de Contribuidores das Artes. Cada cidadão por exemplo que goste de óperas contribuirá para financiá-las com uma pequena parcela anual saída de seu imposto de renda, seja da devolução seja do débito, ou de seu próprio bolso. As contribuições darão direito a preferência na aquisição de ingressos. As autoridades cabíveis controlarão o sistema. Não é difícil organizar tudo. Senhora chique do Itaim Bibi , quer levar sua filhinha ver "O lago dos cisnes"? Dê sua contribuição.

O que vai dito acima se aplica também a copas do mundo e olimpíadas, se estas derem prejuízo aos cofres públicos.Não se esqueçam de que o dinheiro deixado de arrecadar do IR das empresas,como Petrobrás, Pirelli, É DINHEIRO PÚBLICO.

Aos que preferem ver encenada  a "Aida" ou ver tocada a Quinta Sinfonia, aconselho dar início a uma lista de contribuições de seu próprio bolso a óperas e sinfonias e a ir ajudar a tapar os esgotos a céu aberto da periferia de Floresta dos Navios, em Pernambuco.

Com o dinheiro gasto com financiamentos e patrocínios a óperas,ballets e orquestras sinfônicas,só no Rio de Janeiro podemos construir muitos hospitais, ambulatórios com eletrocardiogramadores, oxigênio, material de primeiros socorros, leitos,atendentes, escolas,e muito mais em todo o estado..Façam as contas.

Com vergonha,MARCUS GÓES – MAIO 2013.

Comentários

  1. Discordo totalmente da opinião do Autor desta.
    Este tipo de opinião só serviria para isentar de vez a já diminuta responsabilidade que o estado tem manifestado para com as instituições artísticas do nosso país.
    Ninguem gosta do que não conhece. Quanto mais acesso as pessoas tiverem aos mais variados estilos de artes, mais abertas e receptivas serão.
    O problema do nosso governo é que a mesma instituição que repassa recursos na casa dos milhares para instituições artísticas, também repassa Milhões para alavancar a carreira de um único artista ou grupo. Isto sim é condenável. Sem contar oq é desviado nos grandes esquemas de corrupção.

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  2. Marcelo Lopes Pereira5 de maio de 2013 às 14:44

    A grande vergonha na realidade são os desvios do dinheiro público para os mais diversos fins que beneficiam apenas aos políticos açambarcadores do erário público.
    Espero que nenhum político açambarcador e temerário leia esse artigo.
    Tenho certeza que o autor desse nefando artigo não frequenta uma sala de concertos que na sua maioria é composta por pessoas humildes que abrem mão de roupas, fazem refeições frugais, abrindo mão de outras coisas, em nome do amor pela música e arte.
    A música e a Cultura são antes de mais nada alimentos da alma, e sem ela nossa humanidade está ameaçada, ela não se impõe está lá para quem queira se sintonizar e apreciá-la.
    Nossa sociedade doente privilegia o "ter" em detrimento do "ser", o governo não faz nada menos que sua obrigação quando investe em cultura.
    Quanto aos nossos imensos problemas sociais, que não cabem aqui serem descritos a Cultura é a principal fonte e meio de combatê-los, é por isso que se investe tão pouco nela e os meios de comunicação divulgam a BAIXA CULTURA, e o culto à superficialidades e efêmeridades diversas. Devemos sim investir muito em cultura, pois ela é a principal chave para a solução de nossos problemas sociais, um povo sem cultura é um povo manipulado e submetido à vontade de governantes inescrupulosos.
    Na minha opinião a música clássica representa o ápice da sociedade ocidental, pois suas grandes obras são atemporais e comovem à alma, enquanto no oriente temos nas suas diversas filosofias um outro ápice humano.
    Devemos investir e incentivar à Cultura pois ela é chave para o desenvolvimento Moral, Intelectual, Social, Humano e a música Clássica sem dúvida nenhuma é parte da junção Humana com o Divino nesse planeta de lutas acerbas e ingratas.

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  3. A arte não deve ser capturada pelo Estado para não se tornar servil a ele. Arte subvencionada pelo Estado vira veículo ou de alienação ou de propagação da ideologia dominante. Arte comprometida com o Estado ou devedora a ele não tem liberdade para questioná-lo e acaba se transformando num entretenimento alienante, acrítico e não-reflexivo. Como diria Deleuze, arte deve ser "máquina de guerra", e não "aparelho de Estado".

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