PREFEITO DO RIO DEVOLVE PATROCÍNIO À FUNDAÇÃO ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA. ARTIGO DE LEONARDO MARQUES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Percebendo a asneira que cometia, Paes volta atrás após reunião com a FOSB.
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Nesta quinta-feira, 2 de maio, depois de enrolar um mês e meio, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, finalmente se reuniu com representantes da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira. Numa demonstração de bom senso, decidiu devolver à FOSB o patrocínio que arbitrariamente retirara praticamente no início da temporada deste ano. As informações são do jornal O Globo.
Como já ficou bastante claro, Paes não entende absolutamente nada de música clássica, e isso ficou claro mais uma vez no resultado da reunião. Se, por um lado, o prefeito foi responsável ao devolver o patrocínio à FOSB e garanti-lo até o fim de seu mandato em 2016, por outro, solicitou à FOSB fazer da OSB até o ano das Olimpíadas a melhor orquestra do país, melhor até que a OSESP.
Essa é uma típica declaração de quem não entende do assunto. A OSESP levou anos para atingir o nível internacional que tanto orgulha os paulistanos, paulistas e brasileiros amantes da música. Decaiu em termos qualitativos após a demissão de John Neschling, pois é de conhecimento geral que a passagem do regente francês Yan-Pascal Tortelier pela orquestra foi infrutífera, e seu atual Diretor Artístico parece mais preocupado com sua vaidade que qualquer outra coisa. Agora, com Marin Alsop, segundo informações que chegam de São Paulo, o conjunto parece voltar a trilhar o bom caminho.
Então, não será em três anos que um milagre acontecerá, a começar pela quantidade de concertos. Duvido, mas D-U-V-I-D-O mesmo, que até 2016 a FOSB faça, por exemplo, a quantidade de concertos anuais da OSESP. Não vai fazer. Além disso, a OSESP tem a Sala São Paulo, e a FOSB, segundo consta, não tem mais a perspectiva de ter a Cidade das Artes como sede.
Não é que eu duvide da capacidade dos músicos e administradores da FOSB. Pelo contrário. Se realmente quiserem e se tiverem apoio para isso, tanto público quanto privado, como ocorre com a OSESP, a OSB pode vir a se tornar, sim, a melhor orquestra do país, por que não? Só que isso não vai acontecer em três anos. E no Rio, ao contrário de São Paulo, o apoio privado não é tão forte, e eventuais mudanças políticas (como o próprio Paes provou ao assumir a cadeira de César Maia) podem ser bastante prejudiciais ao desenvolvimento de um projeto que só tem futuro a longo prazo.
Quanto à devolução do patrocínio, o prefeito não foi bonzinho, ele só não aguentou a pressão que recebeu de todo lado, assim como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que só suspendeu a compra de capas de chuva para a polícia por mais de R$ 5 milhões depois do estardalhaço da imprensa. Se não tivesse havido estardalhaço, tal importância teria sido usada para comprar capas de chupa para os policiais usarem durante as Copas das Confederações e do Mundo, num período do ano em que tradicionalmente é de seca em Brasília.
Ainda como resultado da reunião, Paes conseguiu colocar um “amigo”, o secretário de cultura, Sérgio Sá Leitão, no conselho da orquestra. E, em nota oficial, a FOSB agradeceu a todas as pessoas que, das mais diversas formas, declararam solidariedade ao trabalho artístico desenvolvido no âmbito da Fundação.
Leonardo Marques
Fonte: http://www.movimento.com/

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