VERGONHA DA PREFEITURA DO RIO NO CASO DO PATROCÍNIO DA FOSB. ARTIGO DE LEONARDO MARQUES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Prefeito fanfarrão participa da inauguração fajuta do Maracanã.
Como todos já devem saber, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em ofício assinado pelo prefeito Eduardo Paes, datado de 18 de março, comunicou à Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (FOSB) a suspensão por tempo indeterminado do patrocínio municipal a esta instituição. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo. Segundo o diário carioca, o motivo da retirada do patrocínio seria a necessidade de “fazer um grande aporte de verba na preparação da cidade para os eventos esportivos dos próximos anos”.
Mais do que bom senso, falta vergonha à Prefeitura do Rio de Janeiro, por um motivo muito simples: a temporada de concertos da FOSB está em andamento e, mesmo em 18 de março, estava às vésperas de começar, com assinaturas vendidas, todo um projeto de divulgação estampado na grande imprensa e o cacete a quatro! Mal comparando, é muita sem-vergonhice informar ao motorista que ele terá que trocar o pneu com o carro andando.
Se o prefeito tivesse um pingo de responsabilidade, das duas, uma: ou informaria à FOSB que o patrocínio estaria suspenso a partir da próxima temporada, tendo a atitude digna de informar a suspensão do mesmo com praticamente uma temporada inteira de antecedência, dando tempo à FOSB de buscar formas de cobrir este rombo e buscar outro(s) patrocinador(es); ou, em vez de suspender totalmente, negociaria uma redução do aporte, talvez da ordem de 50% – o que reduziria a perda na verba anual da instituição de cerca de 20% para aproximadamente 10%, índice mais tolerável.
No entanto, se analisarmos alguns fatos e notícias dos últimos tempos, entenderemos bem porque a prefeitura toma esta atitude de tão baixo nível e completa falta de bom senso. Vejamos:
1- Todos sabemos que, quando o ex-prefeito César Maia deixou a prefeitura em 2008, as obras da então Cidade da Música não estavam concluídas, e a “inauguração” fajuta ocorrida em dezembro daquele ano foi ato típico de político incompetente, que não conseguiu concluir a obra até o final de seu mandato. Quando assumiu a prefeitura, Eduardo Paes fez beicinho para o antecessor, e resolveu auditar a obra, que ficou parada muito tempo. O atual prefeito, talvez com inveja da incompetência de Maia, demorou seis anos(!!!) inteirinhos para conseguir abrir definitivamente a agora rebatizada Cidade das Artes, inicialmente em regime de “soft opening” e com um musical de gosto pra lá de duvidoso. Ah, essas obras públicas!…
2- As obras do BRT Transoeste, aproximadamente seis meses depois de inauguradas, apresentaram problemas de buracos no asfalto, mesma ocasião em que se percebeu a falta de um sistema de drenagem. Foi verificado afundamento de asfalto até no melhor trecho do BRT, entre a Barra e o Recreio. Segundo o Engenheiro Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, do CREA, “houve negligência na fiscalização por parte do município e também da empresa (contratada), que alega ter sido obrigada a acelerar o serviço, mas não registrou oficialmente os riscos de se fazer esse trabalho às pressas”.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/avaliacao-tecnica-crea-aponta-falhas-no-brt-7246532.
Engraçado, na Cidade das Artes a obra seguiu a passos de tartaruga, já no BRT foi feita às pressas e sem o menor cuidado e interesse em saber se a mesma estava sendo bem realizada. Ah, essas obras públicas!!…
3- O Velódromo do Rio, construído para o PAN 2007 por cerca de R$ 14 milhões, foi desativado em fevereiro deste ano por decisão do atual prefeito, que chegara a “garantir que não seria feita uma outra instalação, mas depois voltou atrás”. A informação é do Globo Esporte.com. O novo velódromo, que substituirá o desativado, está orçado em R$ 134 milhões. Diferença irrisória, não é? Ah, essas obras públicas!!!…
Fonte: http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2013/02/velodromo-do-rio-fecha-portas-nesta-sexta-e-deixa-atletas-desabrigados.html
4- E a licitação dos ônibus municipais? Pouco tempo depois de assumir a prefeitura, Eduardo Paes anunciou com estardalhaço, próprio de um político do seu nível, que faria uma licitação das linhas de ônibus municipais, com o objetivo de melhorar o serviço oferecido à população, bem como o controle e a fiscalização por parte da prefeitura. A licitação foi feita, mas quem a venceu foram as mesmas empresas que já controlavam o serviço na cidade há décadas. Não é preciso dizer que o serviço continuou um lixo, e o tal “controle” da prefeitura não passa de piada de mau gosto. A cidade está cheia de ônibus velhos, com defeito, conduzidos por péssimos motoristas, que avançam sinais, param fora do ponto, batem em postes, invadem propriedades privadas, caem de viadutos e atropelam ciclistas, muitas vezes com vítimas fatais.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/consorcios-cariocas-sao-os-vencedores-da-licitacao-dos-onibus-do-rio-2958389
Foram só quatro exemplos da “brilhante” administração de Paes. Os jornais estão cheios de outros “belos” exemplos. Não é, portanto, de se espantar que a decisão de suspender o patrocínio à FOSB tenha sido tomada para ajudar a construir prováveis elefantes brancos que serão desativados depois das Olimpíadas, exatamente como o citado Velódromo do Rio.
Enquanto isso, e enquanto enrola o Superintendente da FOSB, Ricardo Levisky, não marcando uma reunião solicitada por este desde 20 de março, Eduardo Paes parece feliz que nem pinto no lixo, como se pode verificar no vídeo cujo link segue abaixo, registrado durante a reinauguração do Maracanã (fajuta, assim como aquela que César Maia fez na Cidade da Música e que Paes tanto criticou, porque concluída a obra do estádio não está), onde aparece ao lado do governador Sérgio Cabral (aquele que pouco ajuda e nunca aparece no Municipal) e da presidente Dilma Rousseff, para quem cada estádio inaugurado é o mais bonito do país:
http://globotv.globo.com/sportv/futebol-nacional/v/eduardo-paes-entra-no-clima-da-torcida-no-novo-maracana/2542190/
Este fanfarrão que aparece no vídeo é o prefeito que os cariocas elegeram. Duas vezes! O que se poderia esperar de uma figura como esta? A favor dos cariocas, diga-se que os concorrentes do eleito eram também de uma mediocridade constrangedora.
Por e-mail, através da assessoria de imprensa, o Superintendente da FOSB, Ricardo Levisky, gentilmente respondeu aos questionamentos do www.movimento.com. Segundo Levisky, o principal objetivo da FOSB no momento é “conversar com a prefeitura e encontrar uma maneira de reverter este quadro”. O problema, acrescento de minha parte, é encontrar uma brecha na agenda de fanfarronices do prefeito.
Sobre a possibilidade de não conseguir reverter a decisão da prefeitura, o Superintendente afirmou:
– Estamos trabalhando intensamente no sentido de manter nossa previsão orçamentária. Se a conversa com a Prefeitura do Rio não evoluir, vamos seguir no que é feito desde 2005: ampliar a captação. Nossa prioridade é a excelência dos nossos corpos artísticos, e todos os esforços convergem para isso.
Em resposta a questionamento do www.movimento.com sobre a decisão da prefeitura, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura informou que foi orientada a não se pronunciar sobre o caso, e que eventuais contatos sobre este assunto deveriam ser direcionados ao gabinete do prefeito. Até o momento do envio deste artigo para publicação, a assessoria de imprensa do gabinete do prefeito, questionada sobre o fato de a suspensão do patrocínio ter sido comunicada praticamente com a temporada em andamento, não se pronunciou sobre o caso – o que, no meu entender, demonstra clara falta de interesse do prefeito em debater o assunto. Nem ao jornal O Globo a prefeitura deu declaração oficial até o momento.
Leonardo Marques
Fonte: http://www.movimento.com/
Como todos já devem saber, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em ofício assinado pelo prefeito Eduardo Paes, datado de 18 de março, comunicou à Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (FOSB) a suspensão por tempo indeterminado do patrocínio municipal a esta instituição. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo. Segundo o diário carioca, o motivo da retirada do patrocínio seria a necessidade de “fazer um grande aporte de verba na preparação da cidade para os eventos esportivos dos próximos anos”.
Mais do que bom senso, falta vergonha à Prefeitura do Rio de Janeiro, por um motivo muito simples: a temporada de concertos da FOSB está em andamento e, mesmo em 18 de março, estava às vésperas de começar, com assinaturas vendidas, todo um projeto de divulgação estampado na grande imprensa e o cacete a quatro! Mal comparando, é muita sem-vergonhice informar ao motorista que ele terá que trocar o pneu com o carro andando.
Se o prefeito tivesse um pingo de responsabilidade, das duas, uma: ou informaria à FOSB que o patrocínio estaria suspenso a partir da próxima temporada, tendo a atitude digna de informar a suspensão do mesmo com praticamente uma temporada inteira de antecedência, dando tempo à FOSB de buscar formas de cobrir este rombo e buscar outro(s) patrocinador(es); ou, em vez de suspender totalmente, negociaria uma redução do aporte, talvez da ordem de 50% – o que reduziria a perda na verba anual da instituição de cerca de 20% para aproximadamente 10%, índice mais tolerável.
No entanto, se analisarmos alguns fatos e notícias dos últimos tempos, entenderemos bem porque a prefeitura toma esta atitude de tão baixo nível e completa falta de bom senso. Vejamos:
1- Todos sabemos que, quando o ex-prefeito César Maia deixou a prefeitura em 2008, as obras da então Cidade da Música não estavam concluídas, e a “inauguração” fajuta ocorrida em dezembro daquele ano foi ato típico de político incompetente, que não conseguiu concluir a obra até o final de seu mandato. Quando assumiu a prefeitura, Eduardo Paes fez beicinho para o antecessor, e resolveu auditar a obra, que ficou parada muito tempo. O atual prefeito, talvez com inveja da incompetência de Maia, demorou seis anos(!!!) inteirinhos para conseguir abrir definitivamente a agora rebatizada Cidade das Artes, inicialmente em regime de “soft opening” e com um musical de gosto pra lá de duvidoso. Ah, essas obras públicas!…
2- As obras do BRT Transoeste, aproximadamente seis meses depois de inauguradas, apresentaram problemas de buracos no asfalto, mesma ocasião em que se percebeu a falta de um sistema de drenagem. Foi verificado afundamento de asfalto até no melhor trecho do BRT, entre a Barra e o Recreio. Segundo o Engenheiro Antônio Eulálio Pedrosa Araújo, do CREA, “houve negligência na fiscalização por parte do município e também da empresa (contratada), que alega ter sido obrigada a acelerar o serviço, mas não registrou oficialmente os riscos de se fazer esse trabalho às pressas”.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/avaliacao-tecnica-crea-aponta-falhas-no-brt-7246532.
Engraçado, na Cidade das Artes a obra seguiu a passos de tartaruga, já no BRT foi feita às pressas e sem o menor cuidado e interesse em saber se a mesma estava sendo bem realizada. Ah, essas obras públicas!!…
3- O Velódromo do Rio, construído para o PAN 2007 por cerca de R$ 14 milhões, foi desativado em fevereiro deste ano por decisão do atual prefeito, que chegara a “garantir que não seria feita uma outra instalação, mas depois voltou atrás”. A informação é do Globo Esporte.com. O novo velódromo, que substituirá o desativado, está orçado em R$ 134 milhões. Diferença irrisória, não é? Ah, essas obras públicas!!!…
Fonte: http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2013/02/velodromo-do-rio-fecha-portas-nesta-sexta-e-deixa-atletas-desabrigados.html
4- E a licitação dos ônibus municipais? Pouco tempo depois de assumir a prefeitura, Eduardo Paes anunciou com estardalhaço, próprio de um político do seu nível, que faria uma licitação das linhas de ônibus municipais, com o objetivo de melhorar o serviço oferecido à população, bem como o controle e a fiscalização por parte da prefeitura. A licitação foi feita, mas quem a venceu foram as mesmas empresas que já controlavam o serviço na cidade há décadas. Não é preciso dizer que o serviço continuou um lixo, e o tal “controle” da prefeitura não passa de piada de mau gosto. A cidade está cheia de ônibus velhos, com defeito, conduzidos por péssimos motoristas, que avançam sinais, param fora do ponto, batem em postes, invadem propriedades privadas, caem de viadutos e atropelam ciclistas, muitas vezes com vítimas fatais.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/consorcios-cariocas-sao-os-vencedores-da-licitacao-dos-onibus-do-rio-2958389
Foram só quatro exemplos da “brilhante” administração de Paes. Os jornais estão cheios de outros “belos” exemplos. Não é, portanto, de se espantar que a decisão de suspender o patrocínio à FOSB tenha sido tomada para ajudar a construir prováveis elefantes brancos que serão desativados depois das Olimpíadas, exatamente como o citado Velódromo do Rio.
Enquanto isso, e enquanto enrola o Superintendente da FOSB, Ricardo Levisky, não marcando uma reunião solicitada por este desde 20 de março, Eduardo Paes parece feliz que nem pinto no lixo, como se pode verificar no vídeo cujo link segue abaixo, registrado durante a reinauguração do Maracanã (fajuta, assim como aquela que César Maia fez na Cidade da Música e que Paes tanto criticou, porque concluída a obra do estádio não está), onde aparece ao lado do governador Sérgio Cabral (aquele que pouco ajuda e nunca aparece no Municipal) e da presidente Dilma Rousseff, para quem cada estádio inaugurado é o mais bonito do país:
http://globotv.globo.com/sportv/futebol-nacional/v/eduardo-paes-entra-no-clima-da-torcida-no-novo-maracana/2542190/
Este fanfarrão que aparece no vídeo é o prefeito que os cariocas elegeram. Duas vezes! O que se poderia esperar de uma figura como esta? A favor dos cariocas, diga-se que os concorrentes do eleito eram também de uma mediocridade constrangedora.
Por e-mail, através da assessoria de imprensa, o Superintendente da FOSB, Ricardo Levisky, gentilmente respondeu aos questionamentos do www.movimento.com. Segundo Levisky, o principal objetivo da FOSB no momento é “conversar com a prefeitura e encontrar uma maneira de reverter este quadro”. O problema, acrescento de minha parte, é encontrar uma brecha na agenda de fanfarronices do prefeito.
Sobre a possibilidade de não conseguir reverter a decisão da prefeitura, o Superintendente afirmou:
– Estamos trabalhando intensamente no sentido de manter nossa previsão orçamentária. Se a conversa com a Prefeitura do Rio não evoluir, vamos seguir no que é feito desde 2005: ampliar a captação. Nossa prioridade é a excelência dos nossos corpos artísticos, e todos os esforços convergem para isso.
Em resposta a questionamento do www.movimento.com sobre a decisão da prefeitura, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura informou que foi orientada a não se pronunciar sobre o caso, e que eventuais contatos sobre este assunto deveriam ser direcionados ao gabinete do prefeito. Até o momento do envio deste artigo para publicação, a assessoria de imprensa do gabinete do prefeito, questionada sobre o fato de a suspensão do patrocínio ter sido comunicada praticamente com a temporada em andamento, não se pronunciou sobre o caso – o que, no meu entender, demonstra clara falta de interesse do prefeito em debater o assunto. Nem ao jornal O Globo a prefeitura deu declaração oficial até o momento.
Leonardo Marques
Fonte: http://www.movimento.com/
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