A REGÊNCIA MONÓTONA DE JOÃO CARLOS MARTINS E A OBRA PRIMA DE MARLOS NOBRE . CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
João Carlos Martins é um exemplo de superação. Essa frase é repetida a exaustão por muitos que freqüentam seus eventos. Concordo com eles, o homem passou por diversos problemas na vida e de um modo ou de outro foi superando as adversidades. Conseguiu a rara proeza de montar uma orquestra no Brasil, a Bachiana Filarmônica SESI-SP tem se apresentado com regularidade em diversas salas.
Foto Internet
O afamado pianista é chegado a uma diversidade, esta muitas vezes de gosto duvidoso. Coloca sua orquestra para tocar com cantores sertanejos e baterias de escola de samba, homem midiático que adora uma entrevista. Antes da apresentação faz uma preleção explicando como será o concerto da noite. Mostra um vídeo que exibe gols do jogador Messi com música de Bach ao fundo. Tudo isso para dizer que fez um convênio com a Fundação Messi.
Deixando de lado toda a parte emotiva de sua vida de superação e analisando friamente sua regência vemos que João Carlos Martins rege de forma monótona. São dois únicos movimentos com as mãos que se repetem durante toda a apresentação. O regente tem que ser a única voz da orquestra, decidir ritmos, andamentos, acelerandos, ritardandos , volumes, legatos e stacatos. Suas indicações para os músicos parecem nulas, seus gestos não indicam muito e os músicos parecem tocar ao seu bel prazer. A maioria nem se dá ao trabalho de olhar para ele.
O programa com trechos de obras de Mozart , Bach e Haydn mostrou uma orquestra de musicalidade regular, sonoridade com bom volume e solistas a contento. Destaques para o último movimento do Concerto para Flauta e Harpa e o Concerto número Dois para Trompa ambos de Mozart. Trechos curtos de obras que agradam ao público, emocionam e acabam rapidinho.
O melhor da noite foi a obra de Marlos Nobre, o considero um dos maiores compositores brasileiros da atualidade, suas músicas sempre inspiradoras revelam modernidade sem fugir dos conceitos clássicos. Tive a oportunidade de ouvir , em Março, a estreia mundial de uma grande obra sua encomendada pela OSESP: Sacre du Sacre para Orquestra, Op.118. Obra inspirada na Sagração da Primavera de Stravinsky que utiliza os temas com ritmos e métricas próprias do compositor. Visão pessoal de uma obra consagrada no século XX, nela Marlos Nobre mostra que conhece todos os caminhos modernos da composição, sem cair nas tentações malucas que ouvimos nos últimos tempos.
Marlos Nobre , foto Internet
Marlos Nobre solou sua composição o Divertimento para Piano e Orquestra – Op. 14 , composta há exatos 50 anos mostra toda a riqueza de ritmos e variações musicais brasileiros. A estrutura politonal com influência do dodecafonismo é abordada sem radicalismos, o que ouvimos é uma obra com temas de Ernesto Nazareth de belas melodias. Valsas e tangos são trabalhados em diversas formas harmoniosas e o diálogo do piano com a orquestra mostra todo o virtuosismo da escrita orquestral de Marlos Nobre. O final emotivo do primeiro movimento em forma da sonata faz com que aplausos ecoem por toda a Sala São Paulo, o terceiro movimento é pura adrenalina, um Vivo , que trás temas do primeiro movimento e atinge um clímax único. Grande obra composta com melodias que nos fazem viajar pelos ritmos do Brasil.
Ali Hassan Ayache
Bravíssimo, Maestro Marlos Nobre! Parabéns pelo talento e pela representação do nosso estado por onde vá. Ao senhor Ali Hassan, é a mais pura verdade esta análise musical da Obra de Marlos Nobre. Parabéns!
ResponderExcluirÉ tão diletante dizer que o maestro precisa ser uma vedete na sua performance!
ResponderExcluirEntendo como desnecessária a crítica... só atrapalhou o belo elogio dado em seguida ao compositor Marlos Nobre... acho que o foco no elogio do referido compositor traria mais destaque à matéria.
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