NOVA LEI DE ARAQUE, MEIA ENTRADA LIMITADA A 40% . ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

    
   A lei da meia-entrada na sua essência era nobre, permitir que estudantes e idosos tivessem acesso a cultura. Pessoas que estão se preparando para a vida produtiva e aposentados se beneficiariam. Todo e qualquer evento cultural ou não tem que conceder o desconto de 50% no preço do ingresso. Tudo muito lindo na teoria, na prática esqueceram só de combinar com os empresários e com os falsificadores.
   Os empresários colocam os preços inflacionados sabendo que a maioria comprará ingressos com a famosa carteirinha, benefício zero para os estudantes e despesa maior para quem não possui a carteirinha. A média de público que paga meia entrada no Brasil é absurda, todos são estudantes nesse país, desde o adolescente até o marmanjo de 40 anos estudam em algum curso com direito ao desconto. Segundo o jornal Folha de São Paulo a média de público que paga meia entrada é : no cinema, 65% , no teatro 70% e nos shows 80% .O que faz o empresário, dobra o preço dos ingressos e azar daquele que não tem direito ao desconto, como eu por exemplo.

   Carteirinhas de estudantes falsas têm aos montes por aí. Várias entidades estudantis vendem a carteirinha e a fiscalização é praticamente nula. É uma festa , as entidades arrecadam com a taxa e o estudante , real ou não, fica feliz da vida. Os empresários fingem que dão o desconto e os beneficiados pensam que estão levando vantagem. Quem é o esperto dessa história!
   Já não bastasse a lei de meia-entrada ser uma aberração brasileira a Câmara dos Deputados aprovou, nesse semana, uma lei que limita em 40% a venda de ingressos com meia-entrada. Os empresários estão comemorando, felizes da vida vão poder vender ingressos com preços altos e ainda limitam a venda. Quem vai fiscalizar se determinado evento atingiu a cota dos 40% , ninguém. É só a empresa dizer que os ingressos de estudantes estão esgotados e pronto.
   Sem falar do preço absurdo dos estacionamentos, alimentação e bebidas. Não entendo porque na Sala São Paulo (local público) o estacionamento custa R$ 18,00 e um mísero crepe custa vinte mangos. Nem em Londres é tão caro. 
   Alguns pensam que o preço dos ingressos sofrerá uma redução com a nova lei, duvido muito. Os empresários espertamente  vão absorver a diferença como lucro e ficar tudo como está. Na Europa a meia-entrada funciona em instituições públicas como museus e eventos. Aqui se banalizou a lei, tudo tem meia-entrada, o Estado não tem o direito de interferir em preços de eventos privados e quando o faz o empresário se defende aumentando o preço e fingindo que dá o desconto.
   A presidente Dilma Roussef tem 15 dias para sancionar a lei dos 40% que faz parte do Estatuto da Juventude , ele ainda fala que só terão direito ao desconto estudantes entre 15 e 29 anos. Segundo o jornal Folha de São Paulo :" A ministra da Cultura, Marta Suplicy, afirmou que a pasta "se posicionou a favor do limite de 40%, em benefício da formação cultural da juventude e da produção na área da cultura". Em que mundo a nobre ministra vive? Essa lei é um retrocesso e só beneficia os empresários, que terão instrumentos de faturar mais fazendo a mesma coisa. É melhor deixar do jeito que está.
   Ali Hassan Ayache

Comentários

  1. Na prática acontecerá o seguinte, nenhum preço abaixará, e o acesso a cultura continuará extremamente difícil a grande parcela da população brasileira.
    Esse ano acompanhando os concertos da OSESP pude conferir concertos com público baixíssimo,em relação a anos anteriores, mesmo com artistas como Hélène Grimaud, Paul Lewis, Alsop, Single Singers, entre outros, devido ao altíssimo preço dos ingressos praticados pela Sala São Paulo. A crise está aí, hoje meu salário é menor do que eu tinha no ano 2000 em valores absolutos, e isso não é raro de acontecer e muito menos é incompetência de minha parte.
    Gostaria que o pessoal da OSESP e do Theatro Mvnicipal pusessem a mão em suas consciências e vejam que a situação econômica está apertada para todos, se os preços subirem ainda mais em 2014 teremos o risco de ter salas de concerto e óperas extremamente vazias e pessoas tristes em casa impedidas de acessar nossos caríssimos espetáculos culturais. Gostaria que o Neschiling lesse isso e refletisse, pois nesse anos os preços das óperas nos melhores lugares já são extremamente caros mesmo se levando em conta a meia-entrada.

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