TEMPORADA DE ÓPERAS 2014 DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   TMSP, FOTO INTERNET

   O diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo John Neschling anunciou no último dia 16 de Julho a temporada de óperas para o ano de 2014. Nem preciso dizer que eu não fui convidado ao nobre evento, o diretor anunciou um total de oito títulos para o ano que vem. A festa começa com Il Trovatore de Giuseppe Verdi em Março. Depois de montar fora de ordem três espetáculos do ciclo O Anel do Nibelungo, inexplicavelmente a direção deixou a ópera Siegfried que completaria o ciclo para outros carnavais. Esse é um velho habito das administrações públicas brasileiras, interromperem um projeto começado por outro. Neschling enfatiza que não abandonou o ciclo e sim vai se dedicar a outras óperas em alemão. Um dia quem sabe teremos ciclo completo em São Paulo.
     Por incrível que pareça Livia Sabag vai dirigir a ópera Salome de Richard Strauss, sorte a dela. Ainda teremos Falstaff de Verdi, Cavalleria Rusticana de Mascagni e I Pagliacci de Leoncavallo com a direção do ex-diretor do Theatro Municipal de São Paulo Ira Levin, Tosca e La Bohème de Puccini , Cosi fan Tutte de Mozart e Carmen de Bizet.
   Querendo justificar a injustificável presença maciça de cantores estrangeiros na temporada desse ano Neschling diz que ano que vem a ópera la Bohéme terá um elenco nacional , sobre  a presença de 15 (Quinze) cantores pertencentes  da agência italiana In Art que adivinhem só, também representa  John Neschling, ele nos fala: "Eu tive três meses para montar uma temporada para 2013 e recorri a uma agência respeitada, na qual confio, para me ajudar a preencher em cima da hora elencos com bons cantores. E estamos falando de 15 cantores em um total de dezenas de solistas programados. Mas no ano que vem, agora com mais tempo , teremos artistas de um número maior de agências . Agora ,no ano passado, uma mesma agência representava 19 cantores entre os solistas da programação do Municipal. Por que antes não tinha  problema? ".
   Sinceramente temos cantores, diretores e toda equipe técnica no Brasil em condições de realizar grandes espetáculos e muitas vezes  até melhor que os que vêm de fora. Estrangeiros são bem vindos, desde que acrescentem, sejam os tops em sua área. Ninguém vai reclamar se vier uma Netrebko ou um Villazon. Vejam os elencos do Festival de Ópera do Theatro da Paz de Belém 2013, em sua maioria excelentes cantores nacionais e um ou outro estrangeiro. 
   O tenor  Paolo Fanale ja divulgou tempos atrás em seu site que cantará Cosi fan Tutte no Municipal em Julho. A previsão é que ano que vem teremos mais uma enxurrada de estrangeiros, mas dessa vez de agências diferentes. Cantores brasileiros não percam seu tempo com as audições informativas que serão realizadas. No máximo vai sobrar um Lilas Pastia para vocês. 
   O diretor artístico planeja em 2015 fazer um Tristão e Isolda ou quem sabe o Siegfried de Wagner e para um futuro distante poderemos ter uma ópera de Francis Hime , mais um Puccini com Manon Lescaut e a Fosca de Carlos Gomes.
   Analisando friamente a temporada, eu não assisto dos camarotes e nem sento na fileira I ( Reservada aos convidados, o pessoal da Revista Concerto sempre fica por lá)  podemos ver que os títulos são interessantes de óperas conhecidas e a programação antecipada com a venda de assinaturas é um grande avanço.
   Permanecem os velhos vícios de deixar projetos começados por administrações anteriores pra trás e nunca, em hipótese alguma  utilizar óperas feitas em anos anteriores, passa diretor e vem diretor e sempre temos montagens novas, nenhum deles repete as produções do outro. A utilização de solistas estrangeiros , muitas vezes para pequenos papéis é uma afronta aos cantores nacionais. A transformação do teatro em uma fundação a ser administrada por uma Organização Social é uma incógnita, teremos muitos atritos pela frente. 
   A ópera Aida que vai estrear no próximo dia 09 de Agosto parece que teve sua primeira baixa, Maria Jose Siri não consta mais na programação oficial do teatro. Quem será a substituta ?

Ali Hassan Ayache
    
Temporada 2014 do Theatro Municipal de São Paulo

1- Il Trovatore, de Giuseppe Verdi, regência de John Neschling e direção cênica de Andrea de Rosa. (março)
2- Falsatff, de Giuseppe Verdi, regência de John Neschling e direção cênica de Davide Livermore (abril)
3- Carmen, de Georges Bizet, com regência de Ramón Tebar e direção cênica de Emilio Sagi (maio). -produção do Teatro Municipal de Santiago do Chile
4- Così fan Tutte, de W.A. Mozart, regência de Rinaldo Alessandrini e direção cênica de Pier Francesco Maestrini (julho)
5- Salome, de Richard Straus, regência de John Neschling  e direção cênica de Livia Sabag (agosto)
6- La Bohème, de Giacomo Puccini, com regência de Jamil Maluf (Orquestra Experimental de Repertório) e direção cênica de Arnaud Bernard (outubro)- reposição da nossa produção de 2013.
7- Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni (reposição da nossa produção de 2013)/ I Pagliacci de Ruggiero Leoncavallo, regência de Ira Levin e direção cênica de Pier Francesco Maestrini (novembro)
8- Tosca, de Giacomo Puccini,  regência John Neschling, e direção cênica de Marco Gandini. (dezembro).


AIDA
Maria Billeri (11, 15, 18, 24)
Amneris
Tuija Knihtlä (09, 13, 17, 20, 22, 25)
Laura Brioli (11, 15, 18, 24)
Amonasro
Anthony Michaels-Moore (09, 11, 15, 18, 22, 25)
Rodrigo Esteves (13, 17, 20, 24)
Radamés
Gregory Kunde (09, 17, 20, 22, 25)
Stuart Neill (11, 13, 15, 18, 24)
Ramphis
Luiz-Ottavio Faria (09, 11, 13, 15, 18, 20, 22, 25)
Carlos Eduardo Marcos (17, 24)
Faraó
Carlos Eduardo Marcos (09, 13, 20, 22, 25)
Lukas D’Oro (11, 15, 17, 18, 24)
Mensageiro
Eduardo Trindade (09, 13, 17, 20, 24)
Gilberto Chaves (11, 15, 18, 22, 25)
Sacerdotisa
Laryssa Alvarazi (09, 13, 17, 20, 24)
Paola Rodriguez (11, 15, 18, 22, 25)
 
Fonte das frases de John Neschling : http://blogs.estadao.com.br/joao-luiz-sampaio/

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereira17 de julho de 2013 às 09:39

    Com tantas grandes óperas no repertório, porque teremos a repetição de "La Boheme" e "Cavaleria Rusticana" se ambas serão apresentadas nessa temporada.
    Tosca e Carmem (as óperas que mais passam no Mvnicipal) são quase óbvias, e concordo em mais uma apresentação delas.

    No entanto a ausência de "Sigfried" é absolutamente injustificável. Espero que em 2015 tenhamos o ciclo completo e na ordem do "Anel" de Wagner.

    Noto a ausência da ópera "Otello" que é o ápice da ópera italiana nessas duas temporadas.

    Uma boa temporada de ópera sempre deve ter:
    Verdi, Wagner e Puccini, cadê o Wagner no ano que vem?

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  2. Muito interessante é esse argumento de justificar um equívoco do presente (uma agência emplacar 15 solistas na atual temporada) com um equívoco semelhante do passado (uma agência representar 19 solistas, praticamente um monopólio). É a tal da "excelência"...sempre é possível aperfeiçoar o conchavo.

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  3. Puxa, nenhuma ópera de Rossini? Sempre são um sucesso e por serem sempre óperas de caráter mais cômico agradam em cheio o público! Nada contra os compositores listados, mas por que sempre os mesmos? Peninha...

    Saudações!

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