A VOZ DE ANNICK MASSIS VENCE ATÉ O DESPREZO DA GRANDE IMPRENSA. CICLO GRANDES VOZES NO THEATRO SÃO PEDRO, CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   Theatro São Pedro, foto Internet
  
   O que dizer do soprano Annick Massis?  A loira tem todos os atributos de uma grande cantora. Quando digo grande, é grande mesmo. Começa pelo repertório, ela encara todos os períodos, passeia do barroco a música do século XX. Sua técnica é estupenda, capaz de alcançar notas super agudas com grande facilidade. Sua voz pode ser poderosa na Norma de Bellini e apaixonada na La Traviata de Verdi. Seu timbre é agradável e transmite emoção com grande bravura. Uma das poucas cantoras que consegue potência em Fortissimi sem ser estridente, uma voz de grande extensão , madura e com belos pianíssimos.
   Em um artigo citei que a Orquestra do Theatro São Pedro estava em formação. Essa frase causou uma enxurrada de reclamações, muitos anônimos chiaram, é fácil ser anônimo e reclamar. Reafirmo que toda  orquestra está sempre em formação buscando uma evolução. Os três anos da jovem orquestra mostram uma rápida evolução, entendo que a melhora e o aprimoramento têm que ser constantes. Não é demérito para orquestra alguma dizer que ela está em formação.
  Jamil Maluf foi o regente convidado para encarar um programa recheado de bela música. A abertura da ópera Don Giovanni de Mozart se mostrou fria, a orquestra aqueceu com Handel e se mostrou vigorosa em Bellini. A ária Casta Diva da ópera Norma mostrou uma musicalidade com grande apuro técnico. Annick Massis revelou ao público que domina vocalmente e com grande beleza no timbre umas das mais difíceis árias do repertório do bel canto. Em alguns trechos sua voz lembra a imortal Callas.
Annick Massis, foto Internet
   Quando chega o repertório verdiano a francesa tira de letra, faz parecer fácil a ária  È Strano... é strano... Ah, fors' è lui...sempre libera, da ópera la Traviata de Verdi. Uma interpretação com sua marca pessoal, explorando as nuances e todos os filigramas musicais.
   O destaque da noite fica com a difícil ária da ópera La Sonnambula de Bellini, Oh, se una volta sola... Ah, non credea mirarti... Ah , non giunge , Annick Massis mostrou nela toda a técnica vocal e interpretativa.
   Novamente o Theatro São Pedro acerta ao trazer uma grande cantora que para mim era até então desconhecida. O ciclo grandes vozes mostra-se consolidado na cena cultural paulistana. É pena que os grandes veículos da imprensa não o divulguem adequadamente, eu fiz minha parte e divulguei duas vezes. Mesmo sem a divulgação dos grandalhões o teatro contava com excelente público.
Ali Hassan Ayache
   

Comentários

  1. Comentário de Luis Otávio no Facebook:

    Ela adorou o Brasil...
    Ontem, após o concerto, eu e Isabela Zogaib conversamos por mais de meia hora com ela e seu manager.
    Tão educados, polidos, simples...
    Ela foi extremamente simpática...
    Eu perguntei como é cantar Lucia no MET (ela o fez 3 vezes!) e ela disse que não mudou nada para cantar especialmente no MET. Cantou lá como cantara em Viena e Roma. Mas ela disse que já deixou Lucia de lado. (Snif!)
    Falamos de cantores.
    Perguntei sobre Edita Gruberova. Ela disse: "Fenômeno. Absoluta. Ela ainda tem a Europa a seus pés."
    E ela gosta da Renée Fleming: "Adoro tudo o que ela faz. Sou sua fã!"
    Sobre como é cantar Matilde de Shabran com o Flórez em Pesaro, né Felipe Cunha? Ela disse quando viu o cd: "Isso é tão difícil...HAHAHAHA"
    Ela acha Viena um dos melhores lugares para cantar.
    O povo vai a ópera umas 4 vezes por semana, nunca vaia, sempre é caloroso e gentil!
    Perguntei como é cantar Rossini no Scala (ela fez Viaggio a Reims, por exemplo): "Lá tudo tem que vir do coração."
    E várias outras coisas legais que depois eu comento.
    Ela ficou muito emocionada com o calor do público..Com os BRAVAS! O Theatro estava bem cheio. A Orquestra foi excelente...

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  2. Marcelo Lopes Pereira19 de agosto de 2013 às 14:44

    Confesso que fiquei com inveja da seguinte frase:
    "O povo vai a ópera umas 4 vezes na semana" sinceramente a possibilidade de frequentar concertos e óperas quase que diariamente é absolutamente incrível.

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