BALBÚRDIA INSTAURADA NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO: ÓPERA ENCENADA VIRA CONCERTO, PROBLEMAS TÉCNICOS E SOLISTAS CANCELANDO APRESENTAÇÃO. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
TMSP, foto Internet.
A bruxa anda solta no Theatro Municipal de São Paulo: problemas técnicos resultando em atrasos nas apresentações estão se tornando rotina no nobre teatro, cantores perdendo a voz e sendo substituídos a toda hora, solistas anunciados na programação e depois cancelando e a pior de todas, venderam uma ópera encenada e anunciam que ela será em forma de concerto. Vamos analisar os fatos.
Problemas técnicos: Atrasos por problemas técnicos viraram rotina, desde falta de luz a problemas com os equipamentos acontecem sempre. Dizem alguns que alguns funcionários experientes do teatro foram demitidos e trocados por outros não tão capacitados, será esse o problema do municipal?
Cantores perdendo a voz: É normal cantores ficarem sem voz ou doentes e serem substituídos em uma apresentação de ópera, o elenco trazido de fora a peso de ouro está se superando. São tantas as substituições que nos faz acreditar em forças ocultas.
Cantores cancelando : Em uma mensagem na rede social Facebook o diretor artístico do Theatro Municipal John Neschling relata que : " Inicialmente tínhamos no elenco de JUPYRA/CAVALLERIA duas cantoras conhecidas e queridas do público brasileiro e paulistano: Eliane Coelho, que já havia gravado JUPYRA comigo e Eiko Senda. As duas, após terem aceito e confirmado as suas par...ticipações, resolveram cancelar os seus compromissos conosco. Ambas alegaram compromissos particulares e mais não disseram. Ambas em seguida se apresentaram no Theatro do Rio de Janeiro. Ignoro suas razões, mas lamento profundamente não poder ter contado com duas grandes artistas no nosso elenco da temporada."
A verdade é uma só, elas não cancelaram por motivos particulares e sim porque ganhariam muito, mas muito menos que os estrangeiros contratados pela agência que representa o maestro na Europa. Por que o diretor não cita quais e quando foram os eventos que elas se apresentaram no Theatro Municipal do Rio de Janeiro?
Ópera encenada vira concerto: A ópera O Ouro do Reno de Richard Wagner não será encenada, segundo anúncio oficial no site do Theatro a apresentação será em forma de concerto. Os que não gostaram da ideia podem ter seu dinheiro ressarcido nas bilheterias do teatro. Problemas que essa decisão acarreta: Quem comprou os ingressos via internet e mora longe da cidade de São Paulo ou em outro Estado vai ter que se deslocar até aqui para ter seu dinheiro de volta, a compra é online a devolução não. Perde-se a confiança no sistema de assinaturas tão exaltado nas entrevistas pela direção do teatro. Não existe nenhuma explicação do por que dessa mudança, do nada a coisa muda e fica por isso mesmo.
Soube alhures,como diz um dos maiores críticos de ópera do Brasil, Marcus Góes, que pensaram em substituir a equipe cênica, faltando pouco tempo para a apresentação não houve tempo hábil para isso.
Ali Hassan Ayache
Realmente não queria levantar a questão política, mais o que pode ser visto aqui é que infelizmente como instituição independente o Theatro Mvnicipal tem muito a evoluir.O Theatro Mvnicipal deve estar a serviço da cultura e dos amantes da música erudita e não dos políticos e interesses mercantilistas.
ResponderExcluirPoucos lembram quem era o prefeito de São Paulo em ocasiões históricas do Mvnicipal, porém eu jovem escuto muitos saudosistas falarem de nomes como: Maria Callas, Alfred Cortot, Mario del Mônaco, Beniamino Gigli e Tito Schipa (Depois continuavam à festa pelas cantinas do Brás), Tito Gobbi, Tebaldi, Freni e muitos outros, e alguns falam que até o Caruso cantou nos palcos paulistanos, essa atitude é antes de tudo um imenso desrespeito à arte, a música, ao Anel de Wagner, a história do Theatro, a história de São Paulo e depois de tudo isso, temos ainda o desrespeito aos amantes da música, em sua maioria pessoas de bom gosto e parcos recursos econômicos, que muitas vezes sacrificaram outras coisas para fazerem suas assinaturas, pois na ópera e música de concerto os curiosos são poucos e muitos entram por puro amor à Arte. Pelo alarde que foi feito no começo do ano imaginava-se uma temporada comparável a de um grande Teatro europeu. No ano do Bicentenário de Verdi e Wagner, termos apenas uma Aïda e um Das Rheingold em versão de concerto (Por sinal, a OSESP deveria ter feito esse ano pelo menos uma ópera de cada um desses compositores em forma de concerto)é no mínimo uma temporada indigna de um teatro com a história e relevância que o Mvnicipal tem.
Acredito que desde o início já não havia a intenção de se encenar "Das Rheingold" por alguns motivos óbvios:
Essa é uma ópera da gestão passada, e infelizmente no Brasil quando se muda a gestão as poucas coisas boas, e principalmente elas são deixadas de lado.
Desde o início teríamos apenas quatro apresentações, ora bolas, uma das principais óperas de Wagner há décadas não encenada em São Paulo, apenas com quatro apresentações, sinceramente alguma coisa estava fora do lugar.
Os políticos nunca querem dividir as coisas boas advindas de outras gestões, uma das poucas coisas boas da gestão Kassab foi, mesmo que fora de ordem e em anos diferentes, a apresentação do Anel em São Paulo, as outras coisas boas da administração Kassab certamente não encherão os dedos de uma mão.
A Atual administração municipal visa apenas às eleições do ano que vem, e como todos nós sabemos a cultura sempre fica por último, principalmente quando trata-se de cultura erudita e elevada. Certamente a prefeitura irá fomentar as espetaculosidades de massa que não agregam em nada à cidade, especialmente a "virada cultural" que desvirtua o uso do Theatro Mvinicipal e fomenta a marginalidade e consumo de drogas.
Ser um amante da Cultura, Arte, Música Erudita e Ópera é difícil em qualquer lugar do mundo mais no Brasil isso é um esforço hercúleo e aqui quero homenagear todos os amantes da Cultura, pois sei das dificuldades que passamos no nosso dia-a-dia pelo nosso amor à música que só os que amam realmente sabem daquilo que falo.
Como esse blog é visitado por muitos proponho que os assinantes e pessoas que compraram os ingressos entrem em grupo com uma ação contra a prefeitura, não pelo valor dos ingressos que será ressarcido, mais principalmente pelo desrespeito à Arte e ao público, pois o que falta no brasileiro é sua capacidade de se mobilizar para lutas contra às vicissitudes do sistema que só favorece aos ricos, políticos e poderosos deixando o povo abandonado à sua própria sorte.
Esse movimento contra esse desrespeito até poderia ser fomentado aqui pelo blog cuja audiência aumenta diariamente.