GRUPO CORPO - UM AMOR ETERNO. CRÍTICA DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

O espetáculo que vi neste dia 11 dividiu-se em duas partes.
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Não sei exatamente há quantos muitos anos o GRUPO CORPO, companhia de dança sediada em Belo Horizonte que já ultrapassou em muito essa regionalidade e a própria nacionalidade, para se tornar uma das maiores companhias particulares de dança do mundo atual, mantém o mesmo coreógrafo e o mesmo cenógrafo, iluminador e diretor artístico, acompanhados pela mesma figurinista. O coreógrafo é Rodrigo Pederneiras, o cenógrafo, iluminador e diretor artístico é Paulo Pederneiras, e a figurinista é Freusa Zechmeister, os quais algumas vezes ingressam em variadas outras áreas das produções, no que são acompanhados por artistas do métier formados no GRUPO CORPO ou que absorveram o “quid” dessa esplêndida companhia.
Desde os anos 70, quando estreou com coreografias de Araiz, o GRUPO CORPO e “Maria Maria” não perderam “o último trem”, e até hoje vem fascinando os públicos de onde quer que se apresente com uma dança de notável unidade estilística própria da companhia e só da companhia. Essa unidade, mantida logicamente por ser Rodrigo Pederneiras seu único coreógrafo, lembra a unidade estilística das grandes companhias particulares do mundo inteiro, como as de Pina Bausch, Merce Cunningham, Alvin Ailey, Paul Taylor, Mats Ek, como Pilobolus, Ballet du XXe siècle,Joffrey Ballet, Momix, todas aqui citadas apenas enunciativamente, “en passant”.
Trocando em miúdos, quando você vir uma obra coreografada por Balanchine, Béjart ou Roland Petit, você reconhecerá de pronto uma unidade, um “estilo”. O mesmo ocorre com o que o GRUPO CORPO apresenta. Ali sempre estará presente o dedo identificador de RP, coreógrafo mestre inventor e imaginador, e de seus gêmeos Paulo e Freusa na arte da verdadeira dança, que é aquela que fala à mente (inteligência), ao coração (sensibilidade), e ao corpo (sensações instintivas). Mente, coração e sensações instintivas são os elementos do amor, e é por isso que todos amam o que o GRUPO CORPO apresenta.
O espetáculo que vi neste dia 11 dividiu-se em duas partes. A primeira denominou-se PARABELO, com coreografia de Rodrigo, cenografia de Paulo e Fernando Veloso, música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnick, iluminação de Paulo e figurinos de Freusa; a segunda parte teve o título de TRIZ, coreografia de Rodrigo, cenografia e iluminação de Paulo, música de Lenine e figurinos de Freusa. Resumindo a ópera, em meio a iluminações até curiosas em certos pontos, como alguns contrastes escuríssimo/focos claríssimos da primeira parte, em meio a cenografias variadíssimas, em que se viu tudo que a cenografia da dança atual oferece, em meio a belíssimos e moderníssimos figurinos, vários dançarinos foram postos no palco sob a ordem “dancem”, e eles dançaram o que havia sido ensinado a eles em certamente muitos ensaios.
Resultado: beleza, unidade estilística, arte da dança em sua expressão atual máxima. Um presente de excepcional qualidade ofertado a um público que bem o merece, e que adora o GRUPO CORPO. Que o público me perdoe tanto adjetivo e tanto superlativo, mas a admiração às vezes nos leva a tais extremos.
MARCUS GÓES-SET 2013

Fonte:  http://www.movimento.com/

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