PARA BALTIMORE TUDO, PARA A OSESP O CONTRATO. MARIN ALSOP E A FORMAÇÃO DE NOVAS PLATEIAS. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



   Quando foi anunciado o nome de Marin Alsop para  a direção musical e regência titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo venderam a imagem de uma pessoa conectada com a comunidade que lidera a orquestra rumo à popularização da música clássica. Imaginávamos que a maestrina repetiria em São Paulo o trabalho inovador que ela faz com a Orquestra de Baltimore nos Estados Unidos, onde integrou comunidade e orquestra pvisando a formação de novas plateias.
   Passados quase dois anos a nobre maestrina não fez nada em relação a esse tema. Seu trabalho tem se caracterizado pela regência pura e simples e assuntos relacionados com a comunidade e formação de novas plateias foram deixados de lado.
   Nos Estados Unidos as coisas são diferentes, o jornalista João Luis Sampaio nos informa que a Sinfônica de Baltimore, onde Alsop é regente titular, anunciou um plano de criação de novas plateias. Estudantes podem fazer assinaturas e assistir a 90% dos concertos da temporada por meros US$ 25,00 ( Dá uns sessenta reais para toda a temporada) e ainda participar de rega-bofes e eventos realizados após as apresentações. O ingresso da hora por lá continua mantido e custa US$ 10,00 ( uns vinte e quatro reais) .

   Cito as palavras do jornalista do Estadão que elucidam o porquê da realização de tal campanha : " atrair os estudantes para a sala de concertos, fazer da orquestra parte de suas rotinas e apostar que os jovens de hoje serão os assinantes do futuro. É um passo gigantesco, de uma orquestra que não se furta da responsabilidade de enfrentar a questão da renovação das platéias".
   Na OSESP as coisas são bem diferentes, aqui se acabou com o ingresso da hora e a maestrina se quer comentou o assunto. O importante para ela e a direção artística é a turnê que a orquestra fará em Outubro para a Europa. Eles falam de boca cheia que a orquestra se apresentará aqui ou acolá. Esse povo adora aparecer. Outra prioridade é a gravação de CDs, a direção se gaba de ter gravado isso ou aquilo pela gravadora tal. 
   É importante sim uma orquestra fazer turnês e gravações, mas ela deve devolver à  toda sociedade benefícios porque o Estado investe nela, são recursos públicos que devem gerar inclusão cultural. Tenho visto na OSESP a elitização com fim de benefícios e ingressos sempre com preços elevados para a maioria.

    Marin Alsop é uma excelente regente, mantém a OSESP com bom padrão musical e nada mais. Integrar-se a comunidade, realizar projetos de inclusão social e fazer um trabalho de formação de novas plateias com inovação e responsabilidade são conceitos que não entraram em suas prioridades. Marin Alsop faz o arroz com feijão, rege a orquestra durante as 8 ou 10 semanas previstas no contrato. Recebe uma bolada por isso, parece uma burocrata que exerce seu trabalho com competência e só.

Ali Hassan Ayache

Fonte da citação: http://blogs.estadao.com.br/joao-luiz-sampaio/
  

Comentários

  1. Infelizmente a OSESP está com uma política de elitização e elevação dos preços de ingressos absurda. Esse ano os concertos estão extremamente vazios e até grandes medalhões internacionais como Hélenè Grimaud, Paul Lewis e outros grandes solistas eram vistos muitos lugares vazios na sala em todas as apresentações.
    Os concertos aos domingos com seus elevadíssimos valores de ingressos estão mais vazios do que nunca.
    Esse ano tivemos apenas um recital de piano com o Paul Lewis, a meia sala com àquele pano ridículo cobrindo a outra metade. Se os recitais de piano tivessem seus ingressos vendidos as R$ 10,00 ou R$ 20,00 no máximo certamente a Sala ficaria cheia.
    Domingo agora teremos o quarteto de cordas, mais uma vez teremos meia Sala o que é vergonhoso, a diretoria prefere deixar a Sala vazia e fechar a metade do que baixar os preços dos ingressos e termos um público maior, sinceramente o que está ocorrendo é um processo de elitização da música e poucos são os frequentadores abaixo de 50 anos que frequentam a Sala, a OSESP e o Cultura Artística, com sua política de elitização estão condenados nas próximas décadas a Salas cada vez mais vazias, pois com nossa cultura de baixo calão que predomina irá engolir muitos admiradores em potencial, a música clássica não é espetáculo, necessita de um público fiel que frequente seus concertos pelo menos duas vezes na semana.
    A elite que comanda essas instituições se esquece que a maioria da população é pobre e que cultura e riqueza não caminham juntas, principalmente agora que a internet abriu o mundo e as pessoas têm mais direito de escolha.
    Até na Filarmônica de Berlim, é possível entrar com ingressos baratos de última hora, afinal eles não querem salas vazias aparecendo em seus concertos transmitidos pela WEB, projeto que caminha lentamente na OSESP, pois não adianta gravar os concertos se os mesmos depois não forem disponibilizados no Youtube.
    Os Concertos do Cultura Artística que eram disputadíssimos, nesse ano estão com muitos lugares vagos, será que a direção não percebe que o proibitivo preço dos ingressos impossibilitam a entrada de muitos ?

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  2. Paulo Sergio Tosi no Facebbok: Penso que a OSESP encontra-se em um processo de recuperação de sua sonoridade, perdida durante a malfadada permanência do fraco Tortelier. Apenas tenho dúvidas quanto a capacidade da atual Regente para alcançar esse objetivo, tendo em vista o curtissimo período que ela passa com a Orquestra.

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