IDE E ANUNCIAI! MENESES E BRUCKNER SÃO ESTRELAS DE CONCERTO DA OSB NO MUNICIPAL DO RIO. CRÍTICA DE FABIANO GONÇALVES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Meneses e Bruckner são estrelas de concerto da OSB no Municipal do Rio.
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Um brasileiro ilustre, premiado internacionalmente e referência em sua área profissional, saiu da Suíça, onde mora há décadas, e veio ao Brasil encontrar seu público. Não, não estamos falando do escritor Paulo Coelho, mas de alguém verdadeiramente talentoso: o violoncelista Antônio Meneses, que se apresentou em programa da Série Ametista da Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência de Roberto Minczuk, no dia 12 de outubro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
A primeira peça, somente orquestral, foi a estreia brasileira de Silouans Song – My soul yearns after the Lord, composta pelo estoniano Arvo Pärt em 1991. A curta (5 minutos) peça do minimalista compositor (cujo estilo tintinnabulum – do latim, ‘pequenos sinos’ – é comumente associado a uma estética musical pós-moderna) equilibrava-se, como um suspiro, em densos tons médios e graves, e profundos silêncios.
Entraram em cena, em seguida, Meneses e seu instrumento Alessandro Gagliano feito em Nápoles circa 1730 para interpretar o outonal Concerto para violoncelo em mi menor, Op. 85, de Sir Edward Elgar (escrito após a Primeira Guerra e imortalizado em gravações e apresentações da lendária celista Jacqueline Du Pré). Meneses demonstrou talento e maturidade em sua interpretação desta obra que, nas palavras do próprio compositor já velho, resume “a atitude de um homem perante a vida”. Ao ataque firme e preciso seguiu-se o lamento hipnótico do violoncelo, em melodia melancólica. O primeiro movimento, por si só, já é um tour de force do solista, que imprimiu doçura e intensidade à sua aplaudida interpretação.

O despertar de um novo dia

Após o intervalo, a Orquestra Sinfônica Brasileira resplandeceu em uma memorável interpretação da Sinfonia n º 4 em mi bemol maior, WAB 104 – A Romântica (versão final de 1888), de Anton Bruckner. A sonoridade coesa e impecável da OSB – cordas irretocáveis, metais grandiosos – erguia-se como um denso muro a sustentar uma das mais conhecidas e queridas obras do compositor austríaco.
Minczuk conduziu com austeridade e excelência os quatro movimentos da sinfonia, cujas notas pareciam um grito de Bruckner, anunciando que, mais que um novo dia (como o próprio autor, em correspondências, deu a entender que sua obra se referia), a 4ª Sinfonia descortinava, de forma belissimamente arrebatadora, a alvorada de um novo século, salpicado de horrores e maravilhas – tantos deles oriundos de mãos humanas. Mesmo com tanto e tão eloquente som, os homens não pareceram despertar do sono de apatia – à exceção daqueles que, com feérico entusiasmo, aplaudiram fervorosamente a brilhante performance de uma grande orquestra.

Fabiano Gonçalves

Fonte: http://www.movimento.com/

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereira24 de outubro de 2013 às 09:15

    Em são Paulo esse mesmo programa foi muito bem apresentado. Menezes na apresentação paulistana conseguiu passar os sentimentos de alguém que já está no crepúsculo da vida e percebe que tudo aqui não passa de uma imensa ilusão... Menezes realmente fez uma apresentação colossal aqui em São Paulo

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