INGRESSOS, FILMAGENS, QUARTETO FANTÁSTICO E A SEGUNDA RÉCITA DA JUPYRA/CAVALLERIA RUSTICANA NO TMSP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


                                  Cena de Cavalleria Rusticana, foto Sylvia Massini
   Primeiramente um aviso para a galera: Quem tem ingresso sobrando para as apresentações do Theatro Municipal de São Paulo não deve doá-los para qualquer um. A pessoa pensa que está fazendo uma boa ação, mas esse que chega todo sorridente pede o ingresso e o pega nem sabe o que é ópera e nem está preocupado com qualquer tipo de evento. Ele o revende minutos depois que o doador entra. Doar ingresso é algo louvável, melhor que a perca, mas o doador deve certificar-se que a pessoa irá entrar no teatro ao seu lado. Existem alguns tipos que ficam nas escadarias do teatro fazendo isso e o fazem porque sempre conseguem algum lucro.
  Segundamente: Os funcionários do teatro têm que ficar atentos as pessoas que ficam filmando o espetáculo com celulares e tablets, não vejo ninguém chamar a atenção para quem faz isso. Na Sala São Paulo a marcação é cerrada e quem filma tem uma rápida advertência verbal de um funcionário. Na récita do dia 17 um cidadão se esbaldou nas fotos e filmagens com um aparelho inventado por Steve Jobs e ninguém lhe chamou a atenção.
   Terceiramente: Onde anda o "Quarteto Fantástico" da Revista Concerto, não vi os colegas na estreia da Jupyra/Cavalleria Rusticana. Até a publicação desse texto não havia nenhuma crítica em relação à ópera. Vamos a análise da segunda récita:
   A segunda apresentação da dobradinha Jupyra/Cavalleria Rusticana  contou com um elenco diferente, sei lá como chamá-lo. A produção e direção cênica se mantiveram inalteradas, fica uma questão, por que apresentar as duas óperas juntas? A qualidade e o sucesso mundial da Cavalleria Rusticana desde a sua estreia está a anos luz de distância da Jupyra. O contraste é evidente em tudo, desde a escrita orquestral passando pela vocal e terminando no principal, emoção. Cavalleria Rusticana emociona há anos enquanto que a Jupyra só esta em cartaz porque foi composta por um brasileiro.



                            Cena de Jupyra, foto Sylvia Massini
 A solista Elena Lo Forte mostrou qualidades vocais interessantes em Jupyra e cresceu como Santuzza. Sua voz é densa, escura e sua interpretação foi dramática em excesso, pra não dizer chorona. A escrita vocal da ópera Jupyra não ajuda no desenvolvimento da voz e o que vemos são sopranos fazendo de tudo para tentar cantar o que está escrito na partitura. Fato que não agrada aos ouvidos. Portari manteve o alto padrão vocal como Carlito, seus agudos saíram a contento e mostram que ele é um grande tenor. Marina Considera esteve bem melhor que estreia, mostrou um timbre redondo, uma voz afinada que varia do lírico pro dramático e se entendeu com o fraseado. Seu personagem tem escrita vocal melodiosa e ela soube aproveitar isso soltando belas notas.
   O dono da noite, o rei da cocada preta, aquele que arrebentou e apavorou mesmo foi o tenor Richard Bauer, seu Turiddu esteve impecável. Sua voz apresentou agudos claros, penetrantes e possantes. Imprimiu densidade a interpretação cênica e conseguiu ser um Turiddu soberbo, pra não dizer inesquecível. Colocou calor na voz, cantou com a alma e com vontade. Do início ao fim da récita mostrou-se em alto nível com a voz marcante em todos os registros. Os aplausos em cena aberta foram mais que merecidos, bravo Richard Bauer!
Outro destaque foi Mere Oliveira, a moça mostrou uma Lola com voz sempre antenada com a personagem. Recatada demais cenicamente para uma mulher que traí o maridão, vocalmente exibiu bons agudos com grande projeção. Seus graves são um luxo, portentosos e escuros.
Ali Hassan Ayache

Comentários

  1. Gostei demais das duas óperas! Cenários maravilhosos!

    Parabéns a Richard Bauer, aluno e "clone" do querido tenor Benito Maresca! Impecável realmente!

    Bravi!!

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