MANISFESTAÇÃO DE ARTISTAS DO THEATRO MUNICIPAL DO RJ NESTA QUARTA, DIA 16. ARTIGO DE LEONARDO MARQUES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Ato em defesa do Theatro critica a atual administração da casa e suas fracas temporadas próprias, bem como defende concursos para as áreas técnica e administrativa da instituição.
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Corre pelas redes sociais um convite para uma “Manifestação Cultural em Defesa do Theatro Municipal do Rio de Janeiro”, que se realizará nesta quarta-feira, 16 de outubro, às 12h., na escadaria da casa, na Cinelândia.
A manifestação, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do Estado do Rio de Janeiro (SINTAC), questiona a atuação da atual administração da casa pelos seguintes motivos:
1 – realização de temporadas artísticas próprias diminutas: “A Temporada Oficial dos Corpos Artísticos vem sendo diminuída e depreciada a cada ano desde a posse da atual administração em 2007”;
2 – a preferência pela exibição de filmes, em vez de óperas (quase inexistentes na programação própria da casa) e concertos sinfônicos (praticamente inexistentes): “O Theatro Municipal não é cinema”; e
3 – a desativação de projetos sociais, como espetáculos para escolas públicas;
O Sindicato exige ainda reposição salarial para todos os servidores, o reconhecimento de direitos dos funcionários e a realização de concurso público para todas as áreas (artística, técnica e administrativa), e conclui: “A atual administração vem tratando, com extremo descaso, os artistas, técnicos e administrativos (SIC); a falta de comprometimento com a programação da temporada oficial da FTM/RJ é um atentado contra a cultura pública e um destrato à população do Rio de Janeiro”.
Daqui, do meu cantinho, não posso falar muita coisa a respeito das condições trabalhistas, pois não acompanho de perto esta situação, embora seja notório que todo e qualquer órgão público do Estado do Rio de Janeiro precisa ter mais funcionários do que aqueles que estão lá, além de fornecer maior capacitação a esses funcionários, que precisam aprender o básico: tratar melhor o contribuinte.
Vejamos: o DETRAN é uma bagunça; faltam professores nas escolas estaduais (pouco atraídos pelo salário ridículo); as Polícias Civil e Militar são, em geral, ineficientes (além do caso do Amarildo e da violência policial nas manifestações populares, recentemente O Globo relatou o caso de um roubo registrado numa delegacia, encerrado pelo agente da Lei que sequer fez questão de verificar as imagens do crime, fornecidas de boa fé pelo estabelecimento onde o mesmo ocorreu – um restaurante); o Metrô e a Supervia (duas concessões estaduais) fazem o que querem com seus clientes, tratando-os como gado, sem que a AGETRANSP (isso serve para alguma coisa?) faça nada além de abrir sindicâncias que não dão em nada, ou, quando muito, em multas que podem ser questionadas por 257 mil recursos administrativos e/ou judiciais; etc., etc., etc.
No caso do Municipal, mais especificamente em relação à sua programação artística, que é a minha praia, digo com todas as letras: a programação própria do Theatro é uma vergonha: Adriana Rattes e Carla Camurati deveriam esconder suas cabeças, como avestruzes, diante da programação própria medíocre, ridícula e limitada que ambas oferecem ao público carioca.
O leitor não precisa comparar a programação do Municipal do Rio com a do Metropolitan ou a da Royal Opera. Basta compará-la com a do Municipal de São Paulo, com a do Municipal de Santiago do Chile e com a do Colón de Buenos Aires. Basta isso para constatar que nossa programação, frente a essas outras três, é de uma pequenez, de uma falta de ambição e de um desrespeito revoltantes.
Falta dinheiro para melhorar a programação? Falta, claro. Mas também faltam vontade política e competência, ao passo que sobra conivência com a “política cultural (?)” vazia do governo Sérgio Cabral Filho.
Para 2014, o Theatro acena com a possibilidade de montar quatro óperas – o que ainda é pouco, muito pouco. Mas, ainda assim, com APENAS quatro óperas, será que algum inocente acredita que todas elas serão levadas ao palco? É mais fácil acreditar nos famigerados cancelamentos que ano sim, outro também, fazem parte da programação da casa.
Em 2013, o Theatro Municipal cancelou um programa duplo que seria apresentado em setembro (Erwartung/Suor Angelica) e, apesar de a casa informar que não cancelou tal espetáculo, uma vez que ele não foi divulgado oficialmente ao público, tenho aqui comigo uma página do Diário Oficial do Estado que é cristalina: nela, consta a contratação do maestro Tobias Volkmann para atuar como maestro assistente, dentre outras coisas, em uma certa “Ópera Double Bill”. Definitivo, não?

Leonardo Marques

Fonte: http://www.movimento.com/

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