ORQUESTRA SINFÔNICA BRASILEIRA EM TARDE INSPIRADA NA SALA SÃO PAULO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A apresentação da Orquestra Sinfônica brasileira no último dia 13 de Outubro na Sala São Paulo trouxe um programa coerente e obras de complexa execução. Não é todo maestro que encara um repertório desses: Arvo PÄRT , Silouans Song - My Soul Yearns After the Lord ... Edward ELGAR, Concerto Para Violoncelo em Mi Menor, Op.85 e Anton BRUCKNER , Sinfonia nº 4 em Mi Bemol Maior, WAB 104 - Romântica .
Roberto Minczuk não teve medo e mostrou que a Orquestra Sinfônica Brasileira tem maturidade para enfrentar esse árduo repertório. Após o sempre chato discurso de abertura do regente tivemos a obra de Avo PÄRT, Silouans Song - My Soul Yearns After the Lord ... Música densa, dramática e emotiva. Executada com as cores negras, captando a essência da obra do compositor estoniano, onde a fé cristã tem preponderância com o mistério da fé no ar.
Antonio Meneses é um dos mais conceituados solistas de violoncelo da atualidade, o homem toca e já tocou nas principais salas do mundo. Solando o Concerto Para Violoncelo em Mi Menor, Op.85 de Edward ELGAR mostrou seu enorme talento. O concerto em questão é famoso por ter sido gravado em uma versão histórica por Jacqueline Du Pré. Gravação que ficou como referência e ajudou a obra se consolidar nas temporadas teatrais. Menezes consegue fugir das influencias da grande violoncelista e impõe um estilo pessoal com a busca de nuances e cores únicas, consegue notas contemplativas que beiram ao delírio musical. Isso acompanhado com belos diálogos orquestrais da OSB.
Antonio Meneses, foto Internet
O regente Roberto Minczuk trabalhou durante anos na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo como assistente de John Neschling. Ele é o maior conhecedor da acústica da Sala São Paulo e como ninguém sabe mover os painéis do teto para conseguir uma melhor acústica.
Para a obra de Anton BRUCKNER reconfigurou todos os painéis e buscou o som de uma catedral. Conseguiu fazer sua orquestra tocar de maneira primorosa, interpretação que mostrou os tons dramáticos e densos da sinfonia. A música de BRUCKNER é de uma riqueza estrondosa, trechos isolados, minimalistas, que se unem a um todo: complexa , enigmática e dramática. A OSB fez uma grande apresentação, todos os naipes mostraram um equilíbrio sonoro, nenhum deles sobrepondo o outro. Pequenos erros sempre acontecem em uma sinfonia desse porte, mas nada que justifique um desabono à apresentação.
Regência de qualidade, programa coerente, músicos bem ensaiados, solista de nível internacional e a coragem de correr riscos. Assim se faz uma grande orquestra. Parabéns a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Ali Hassan Ayache
Estava lá, e vejo que a Marin ainda não explora plenamente os recursos sonoros que a sala possibilita com a OSESP, essa é uma crítica minha em relação a Alsop.O Minczuk ofaz como ninguém. Ano passado na quarta Sinfonia de Schuman ele fez o teto se mover durante a apresentação, e isso é um diferencial da sala que deve ser melhor explorado.
ResponderExcluirSei que para maestros visitantes fica um pouco mais difícil aproveitar esses recursos, porém acredito a Marin Alsop deve explorar melhor esse extraordinário recurso oferecido pela sala, que acredito seja único no mundo.