"UM BAILE DE MÁSCARAS " DE VERDI EM BELO HORIZONTE.

Ópera comemora os 200 anos do compositor italiano.
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Gustavo III, rei da Suécia, está apaixonado por Amélia, esposa de seu grande amigo e secretário Renato. Em audiência com seus súditos, ele é alertado sobre o perigo de uma conspiração sobre o caso de uma estranha vidente que vem sendo consultada pelo povo: Ulrica. Gustavo III decide então visitá-la disfarçado, a fim de compreender melhor o que se passa. Amélia, preocupada com a situação e também dona de uma paixão inconfessa por Gustavo III, vai orientar-se com a feiticeira Ulrica. Gustavo, ali escondido e disfarçado, escuta a conversa, e após a saída de Amélia, consulta a feiticeira e é alertado sobre o perigo de morte iminente. É neste cenário de amor proibido, ódio, traição e morte que se passa a história da ópera “Um Baile de Máscaras”, do compositor italiano Giuseppe Verdi. Com direção musical e regência de Marcelo Ramos, e direção cênica de Fernando Bicudo, a ópera é uma realização da Fundação Clóvis Salgado, em homenagem aos 200 anos de Verdi.
É com orgulho que apresentamos ao público mais uma produção operística qualificada técnica e artisticamente, o que comprova a expertise da Fundação Clóvis Salgado de ser um dos mais importantes centros de produção de espetáculos do Brasil”, afirma Fernanda Machado, presidente da Fundação Clóvis Salgado.
Participações da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais e dos bailarinos convidados da Cia. Sesc de Dança. A montagem tem como intérpretes os tenores Marc Heller (EUA) e Paulo Mandarino (Brasil), e as sopranos Eiko Senda (Japão) e Elaine de Morais (Brasil).


Reconstituição da obra original de Verdi

Reconhecido como um dos mais renomados e inovadores diretores brasileiros, Fernando Bicudo foi convidado pela Fundação Clóvis Salgado para a direção cênica da ópera. Bicudo ressalta que irá levar para o palco do Grande Teatro uma reconstituição próxima da obra de Giuseppe Verdi, censurada à época em que foi escrita (1859). Durante a composição, Verdi foi convidado a fazer muitas mudanças na ópera, devido ao tema politicamente sensível.
É com muita alegria que retorno ao Palácio das Artes para conceber e dirigir mais uma produção de ópera. Desta vez, ‘Um Baile de Máscaras’, de Giuseppe Verdi, que relata o assassinato, em 1792, do monarca absolutista da Suécia Gustavo III. A censura da época impôs dramáticos cortes e adições à obra, devido às conturbadas relações amorosas, com ambos os sexos, e políticas que se tornaram grandes escândalos. Das 884 linhas do libreto, 297 tiveram que ser alteradas, adicionadas ou removidas. Para salvar a sua composição, Verdi aceitou mudar o nome do protagonista para Ricardo e a ação foi transferida para a América”, explica Bicudo.
O diretor conta que ao aceitar o convite, sugeriu à direção artística da Fundação Clóvis Salgado uma reconstituição da intenção original da obra de Verdi. “Propus resgatarmos, ao máximo, a rica corte de Gustavo III, que, em minha avaliação, foi dentre todos os governante do mundo, talvez o que mais contribuiu para a Cultura de seu país, protegendo intelectuais, patrocinando incontáveis artistas em todos os ramos e criando uma sofisticada rede de instituições culturais”, ressalta Fernando Bicudo.
A história do Rei Gustavo III será contada em três atos. O conceito é adotado por Fernando Bicudo, que irá resgatar todo o gestual de corte da época, fazendo referência ao período do monarca que defendia o absolutismo. “Desde o cenário, ao figurino e a coreografia, tudo foi minuciosamente estudado para transpor para o palco o máximo do ambiente da época”, conta Bicudo, que está ao lado de grandes nomes das artes cênicas nessa produção. O espetáculo conta com cenário de Renato Theobaldo, figurino de Elena Toscano, coreografia de Renato Augusto e iluminação de Pedro Pederneiras.
A trama será encenada em cinco cenários, criados a partir de centenas de lâminas verticais de imagens, formando um jogo de representações de espaços arquitetônicos. “As lâminas são as que efetivamente criam o espaço, mas a ilusão do espaço é dada pela imagem existente na composição das lâminas. Um empurra para o outro a responsabilidade de criar a espacialidade”, adianta Renato Theobaldo. As cinco cenas serão criadas com mais de mil quadrados de plotagem. “O desejo é de criar um ritmo na composição dos elementos da cenografia e um jogo harmônico com a música. As imagens, desta maneira, se relacionam com o conteúdo narrativo do libreto”, completa Theobaldo.
A cenografia de Renato Theobaldo inspira-se na elegância do Barroco e dos Palácios de Paris do século XVII. Para a construção dos elementos, Theobaldo revela que estudou a música e o libreto. “Observar o que acontece entre a música e o libreto, sempre é uma boa forma de começar o caminho para desenvolver o conceito da cenografia de uma ópera. Algumas vezes esta relação é de contraste, quase de oposição, mas em geral sabemos que quanto mais o conteúdo dramático do libreto é engendrado pela música, mais acontece o conceito de unidade desejada na ópera. A cenografia de Um Baile de Máscaras tenta, de certa maneira, espelhar, ou pelo menos, deseja se aproximar desta relação entre música e libreto.”
De acordo com Renato Theobaldo, a descrição de ambientes e espaços decorativos do libreto são figuras de uma roupagem dramática que a música conduz. “Esses elementos de arquitetura e de uma retórica espacial, de uma forma abstrata, são projetados no espaço do palco para, com certa intenção de ritmo, se aproximar da grande estrela: a música”, conclui.
A coreografia também foi minuciosamente estudada por Renato Augusto. “Fernando Bicudo me pediu que pensasse no gestual em que se passava a história de Um Baile de Máscaras , que é composto por uma movimentação com começo, meio e fim. Então, estudei os tratados da época e também o balé clássico, que tem um pouco desse trabalho de corpo daquela época”, conta Renato Augusto.
Pequenos detalhes foram trabalhados por Renato Augusto para que a movimentação dos atores no palco se assemelhasse com o período. “Atualmente, a nossa movimentação é cortada. Naquela época, século XVII, a movimentação era pensada, havia uma linguagem de corpo. Movimentos simples, como parar apoiando em apenas uma perna, coluna ereta, rosto alongado, braços postos, sempre com muita elegância, eram pré-requisitos naturais de etiqueta“, explica Renato. “Em alguns momentos, a coreografia também traz ainda um pouco da comédia dell’arte”, completa.
Um dos pontos altos da coreografia de Renato Augusto é a cena do baile. “Fernando Bicudo queria um baile elegante, que remetesse à época, mas diferente e inovador, que fizesse uma crítica social, com irreverência. Foi então que optei por ‘amineirar’ o baile. Mantive a estrutura da época, do minueto – estilo alegre e dançante, popular na corte de Luís XIV, que se difundiu para os séculos XVI e XVII -, mas mesclei com um pouco da nossa quadrilha.”
O figurino de Elena Toscano traz cerca de 250 peças com a prevalência das cores branco, azul e amarelo (bandeira da Suécia), contrastando com outros tons como cinza, preto, verde, vermelho e rosa. Vestidos, casacas, saias longas, perucas, chapéus entre outros adereços compõem o guarda-roupa da ópera. Diversos tecidos foram utilizados por Elena, como veludo, algodão, xantungue e outros, de acordo com a trama de cada cena. “Fernando Bicudo escolheu um figurino baseado na época em que o Gustavo III morreu. E “Um Baile de Máscaras” é construída de uma variante de cenas que vão da rica corte do Rei e ao povo. Em alguns momentos, utilizo tecidos ricos, com cores fortes, como nas roupas do baile, por exemplo, enquanto em outras cenas trabalho com o algodão, os tons de cinza, para remeter as vestes do povo, como nos encontros com a feiticeira Ulrica”, exemplifica Elena.
Elena Toscano se preocupou com detalhes para deixar as roupas confortáveis. “São pessoas reais, que cantam, dançam, se movimentam a todo o momento no palco. São artistas. Então, é preciso que seja um figurino de época, mas com mobilidade e conforto”, explica. As máscaras utilizadas no baile também foram desenhadas por Elena, que manteve o princípio do conforto. “Desenhar máscaras para cantores é um pouco difícil. É preciso ter o cuidado para que a máscara não prejudique o artista na hora de cantar. Então, optei pelas máscaras curtas, acima do nariz, e pelas que podem ser seguradas com as mãos”, explica.
Para Fernando Bicudo, “essa versão para Um Baile de Máscaras não pode, totalmente, apresentar os fatos verdadeiros dos últimos dias que antecederam o assassinato de Gustavo III. Mas, certamente, procurou resgatar, até onde possível, a intenção dessa obra-prima que é a composição original de Giuseppe Verdi, nesta celebração de seus 200 anos”, finaliza.

Orquestra também é personagem
Um Baile de Máscaras contará com duas orquestras: a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, regida pelo maestro Marcelo Ramos e localizada no fosso, como é habitual, e uma orquestra de cordas, com dois primeiros violinos, dois segundos violinos, duas violas, um violoncelo e um contrabaixo, instalada no palco, como parte de elenco, com figurino e maquiagem. A orquestra será liderada pelo maestro e violinista Mateus Araújo, que executará um minueto, de autoria de G. Verdi, durante o baile de máscaras.
Outro diferencial dessa ópera é uma banda interna que irá tocar durante o baile. A banda vai estar localizada fora do palco, para proporcionar ao público a sensação de um som distante. Os músicos iniciam a música e em seguida entra a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. A banda será composta por membros da Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística, sob regência do maestro Alexandre Guimarães.

Enredo
Gustavo III, rei da Suécia, está apaixonado por Amélia, esposa de seu grande amigo e secretário Renato. Em audiência com seus súditos, é alertado sobre o perigo de uma conspiração sobre o caso de uma estranha vidente que vem sendo consultada pelo povo: Ulrica. Gustavo III decide visitá-la sob disfarce a fim de compreender melhor o que se passa.
Amélia, preocupada com a situação e também sentindo uma paixão inconfessa por Gustavo III, vai orientar-se com a feiticeira Ulrica que a aconselha a ir até um cadafalso no campo e colher algumas plantas que a livrarão de tal sentimento, devolvendo-lhe a paz e a tranquilidade. Gustavo, ali escondido e disfarçado, escuta a conversa. Após a saída de Amélia, consulta-se em seguida com a feiticeira e é alertado sobre o perigo de morte iminente.
Gustavo, tendo tomado conhecimento do que vem acontecendo com sua amada, vigia e segue Amélia na escuridão da noite até o local indicado por Ulrica, disfarçado de um homem comum, sem que ela perceba. Ele a encontra e ambos se declaram apaixonados.
Renato, por sua vez, preocupado com as invejas e ódios de certos membros da corte, vai ao encontro de Gustavo III, a fim de preveni-lo de um atentado planejado para aquele momento. Os três (Gustavo III, Amélia e Renato) se encontram no mesmo local. Amélia, assustada com a chegada de seu marido, oculta o rosto com um véu; Gustavo, partindo primeiro, pede a Renato que conduza aquela mulher até a cidade e que não permita que ela descubra o rosto, pois a moral dele estaria em jogo. Renato presta juramento de levá-la sem indagar sua identidade. Quando estão para partir do local, são alcançados pelos conspiradores inimigos do rei: Samuel, Tom e seus comparsas. Gustavo já escapara. Inadvertida, Amélia deixa cair o véu que lhe cobre o rosto.
A identidade de Amélia é revelada como um choque para seu marido e como uma comédia para os conspiradores: marido e mulher surpreendidos num cemitério, na calada da noite, em colóquio amoroso. Renato, irado, volta para casa com sua esposa. Permite que ela reveja o filho antes de receber punição pelo adultério. Jurando vingança a Gustavo, recebe em sua casa os líderes da conspiração Tom e Samuel. Agora aliados, planejam assassinar o rei durante o baile de máscaras daquela noite.
Gustavo, em seus aposentos, arrepende-se. Assina então um novo cargo para Renato no exterior de modo a afastar-se do casal definitivamente e o mais rápido possível. A última cena é a do baile de máscaras, onde a alegria cede lugar à tragédia como no acontecimento real e histórico. Renato ataca Gustavo III que, ferido mortalmente, agoniza, perdoando o assassino, seu amigo Renato, mostrando o documento que ordena sua partida para o dia seguinte. Renato se arrepende de seu ato. Num último adeus, Gustavo morre ao lado de seu fiel pajem Oscar e de todos os presentes consternados.


Artistas envolvidos

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
Coral Lírico de Minas Gerais
Cia. Sesc de Dança
Orquestra de cordas
Banda da Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística
Direção Musical e Regência – Maestro Marcelo Ramos
Concepção e Direção de Cena – Fernando Bicudo
Cenários – Renato Theobaldo
Figurinos - Elena Toscano
Iluminação – Pedro Pederneiras
Coreografia – Renato Augusto
Direção de Produção – Cláudia Malta
Dongwon Shin, Marc Heller e Paulo Mandarino (Gustavo)
Eiko Senda e a Elaine de Morais (Amélia)


SERVIÇO

Grande Teatro do Palácio das Artes
Dias 31.10, 02, 06, 08 e 09.11, às 20:30h.
Dia 03.11, às 19h.
Ingressos: R$70,00 (inteira) e R$35,00 (meia)
Informações: (31) 3236 7400 – www.fcs.mg.gov.br

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