CONCERTO BOM É COM MÚSICA E NÃO COM CONVERSA. BUCHAREST SYMPHONY ORCHESTRA PELO MOZARTEUM NA SALA SÃO PAULO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  

   Quem vai a Sala São Paulo uma vez ou outra não se importa, quem é freqüentador assíduo fica com cara de poucos amigos. Antes do início de um concerto sempre aparece alguém no microfone e destila doces palavras e recebe palmas calorosas. O rei do microfone é  Arthur Nestrovski, sempre que pode pega o danado e relata seus feitos heróicos. No último dia 01 de Novembro ele se superou, em uma apresentação da São Paulo Cia de Dança o diretor artístico da OSESP foi ao microfone e fez mais um belo discurso. Enalteceu mais uma vez (acho que é a milésima) a excursão da orquestra à Europa, Nestrovski fala até em apresentação de companhias alheias. No Mozarteum não foi diferente, uma diretora foi lá e relatou a temporada desse ano e como será a do ano que vem. 
   Encerrando a temporada do Mozarteum Brasileiro tivemos na Sala São Paulo no dia 04 de Outubro a apresentação da Bucharest Symphony Orchestra. A galera da Romênia começou o concerto com a Abertura Carnaval de Antonín Dvorák. Música festiva e brilhante com instrumentos gritando de alegria e representando um solitário andarilho que encontra sua amada (palavras do compositor). Parte integrante de uma trilogia de aberturas ("Nature, Life and Love") a música de Dvorák empolga e teve correta execução da orquestra.

  
   O Concerto para Violino em lá menor, opus 53 de Dvorák abre com uma expressiva fanfarra e segue com um tema gracioso, o adágio tem música vibrante, mas é no movimento final, uma Dumka tcheca inspirada na música popular que o concerto ganha força. A regência de Benoit Fromanger se mostrou conservadora e teve diálogos interessantes com o solista Erick Schumann. Esse também não correu nenhum risco, solou de modo conservador e conseguiu expressividade nos ritmos.
   Os romenos fecharam a noite com a famosa Sinfonia número 6 (Patética) Op.74 de Tchaikovsky. A estreia dessa sinfonia ocorre pouco antes da morte do compositor em circunstâncias misteriosas. Temas escuros, sombrios e furiosos como se fossem um adeus ou um destino selado. Composta com o lirismo romântico característico do compositor mas com uma tensão que só se ouve nessa obra, música inquieta que leva a reflexão. A Bucharest Symphony Orchestra tocou com equilíbrio em todos os naipes. Uma orquestra que consegue musicalidade e expressiviadade interessantes, mas não é a top da categoria.

Ali Hassan Ayache  

Comentários

  1. Ali, eu não acho o Schumann conservador, mas simplesmente frio. Na segunda ele tirou um som lindo do violino, foi esse o encanto dele. Mas ontem, no concerto do Tchaikovsly, que exige um maior virtuosismo, eu não ouvi esse som na maior parte do tempo. Verdade que sentei em outro lugar, mas acho que foi mais um efeito da peça que da acústica. O bis (passacaglia de Haydn), saiu bem melhor que o concerto. Aliás, ele já tocou o concerto do Tchaikovsky com a Osesp, há uns 3 anos, e não achei que ontem tenha sido melhor.
    Se você reclamou da falação da Sabine é porque não viu o entra-e-sai do povo de ontem, que foi para um evento ligado ao concerto. Uma gente que não tinha idéia do que estava fazendo lá. Não estou reclamando, porque se não houver gente financiando não teremos mais concertos, mas quando isso acontece é muito chato.
    Abraço, Fabiana.

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  2. Marcelo Lopes Pereira7 de novembro de 2013 às 17:57

    Em relação a Orquestra, posso dizer que foi um concerto interessante e nos mostrou um pouco da musicalidade e do modo de tocar dos romenos, país sofrido que até 1989 vivia uma ditadura dantesca. Eles estarem tocando aqui no Brasil é uma vitória tanto deles quanto nossa, em relação ao discurso da Sabine, ele foi rápido e objetivo, o único do ano, no qual foi feito um resumo e uma apresentação do que é o Mozarteum, mais uma vez posso dizer que foi um belo concerto.

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