ROMEU E JULIETA , SÃO PAULO CIA DE DANÇA A CAMINHO DA MATURIDADE. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   Após anos fazendo coreografias interessante, aperfeiçoando a técnica de seus bailarinos e montando um belo repertório a São Paulo Cia de Dança encara sua primeira obra narrativa. A montagem de um balé completo é mais um passo que a Cia dá para a maturidade. O título escolhido é Romeu e Julieta de Giovanni di Palma com música de Sergei Prokofiev e inspirada na obra teatral de Shaekespeare.  Esta já teve incontáveis versões em diversas formas de arte.
Cena de Romeu  e Julieta , foto Internet.
 
   A música de Prokofiev para esse título não é das mais inspiradoras, em muitas passagens chega a ser chata mesmo com temas que dão dor de cabeça. Corretamente foram tiradas diversas partes fazendo o enredo ter noventa minutos,isso proporciona uma dinâmica ágil ao libreto e dá velocidade a história. O alto volume do sistema de som do teatro fez com que a música de Prokofiev ficasse mais chata ainda.
   Os cenários e figurinos de Jérôme Kaplan transportam para a Idade Média, Verona com cara de cidade antiga. Mudanças rápidas de cena e tons pasteis criam uma atmosfera adequada ao libreto. A luz impecável de Udo Haberland realça as cores e provoca sensações que se adaptam as cenas. Ponto fraco da apresentação é a interpretação cênica dos bailarinos, a galera não captou a essência dos personagens e alguns solistas se perderam em interpretações monótonas e frias.
   Giovanni di Palma optou por passos simples, deixando a dificuldade técnica para os solistas nos dois pas de deux. Sua visão mostra as diversas facetas da obra, com alegrias e dramas correndo lado a lado. A simplicidade dos movimentos aproximam o espectador com o drama original de Shaekespeare, seus personagens são humanos, vivos e dinâmicos.
Cena de Romeu e Julieta , foto Internet.
   
   A Julieta de Luiza Lopes tem excelente técnica de dança. Peca em diversas passagens interpretativas com expressões sem fundamento com a cena principalmente no primeiro ato. Sua dança cresce no segundo ato, de menina doce se transforma em uma garota madura a apaixonada que sela seu destino com a morte. Lucio Kalbhsch faz um Romeu apaixonado, meio que abobalhado pelo amor da bela moça, mostra segurança em passos complexos e de alto grau de dificuldade. Ajuda em muito a Julieta nos passos mais difíceis.
   Pequenos papéis são uma oportunidade de mostrar talento, mais uma vez Fabiana Ikehara desfilou um talento enorme. Sua Senhora Capuletto esteve à altura de uma grande dama, dramática e expressiva. Captou a essência da personagem e em sua pequena participação irradiou segurança técnica. O corpo de baile mostrou bom entrosamento com passos sincronizados e uma bailarina mais bonita que a outra.
   A primeira obra narrativa da São Paulo Cia de Dança é um grande passo que a trupe dá para a maturidade artística, um divisor de águas na história do melhor da dança brasileira. Esperamos os próximos passos, que venham giseles, Lagos , Sylvias e Spartacus.
Ali Hassan Ayache   

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereiraq25 de novembro de 2013 às 19:30

    Ali, uma música que foi tocada em CD certamente não merece nenhuma crítica, sinceramente fiquei muito desanimado em assistir um ballet no qual não há uma orquestra tocando ao vivo, porque não utilizaram o Orquestra Experimental de Repertório ou a Orquestra do Theatro São Pedro, Orquestra Jovem do Estado de São Paulo ? Afinal nossos músicos precisam tocar e a presença deles sempre dará mais calor e vida a um Ballet, simplesmente me nego à assistir um ballet sem orquestra ao vivo, é um espetáculo pela metade.

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