UMA VIAGEM NO TEMPO COM O COMBATTIMENTO CONSORT AMSTERDAM PELA SOCIEDADE DE CULTURA ARTÍSTICA. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.







A música "clássica" no período barroco (1600-1750) era em sua maioria música de câmara. Nobres ricaços bancavam pequenas orquestras e encomendavam obras a compositores famosos para serem apresentadas em seus salões. O barroco é o período do exagero, da exuberância e do esplendor. Damas levavam horas se arrumando e os nobres tinham prazer em ostentar, trabalhar nunca. Carruagens faziam filas nos salões de nobres famosos em dias de festa. Regras de etiqueta rígidas faziam parte do cerimonial.
Pouco importava quem ia se apresentar ou qual era o programa, os nobres estavam la para aparecer, ver e ser visto em toda sua pomposidade e glamour. Compositores da época compunham obras especiais para esse tipo de orquestra, lembrando que a galera barroca gostava de música inédita e não dava muita bola para música do passado. Os salões eram menores que os as grandes salas de concerto de hoje e o público era restrito a uma minoria de figurões convidados.


Combattimento Consort Amsterdam, foto Internet

O Combattimento Consort Amsterdam trazido pela Sociedade de Cultura Artística transporta o público para a magia da música barroca do século XVIII. Instrumentos de época e músicos sintonizados com o estilo da música barroca fizeram o público presente na Sala São Paulo no último dia 06 de Outubro viajar no tempo.
Os holandeses abriram os trabalhos com Divertimento 11, KV.251 de Mozart, de cara mostraram uma música equilibrada, com instrumentos tocando em harmonia um com o outro e todos os naipes no mesmo volume. O Divertimento 11 de Mozart mostra uma música alegre, bem humorada que brinca com a sociedade da época. Tem até uma pegadinha entre o quinto e o sexto movimento.
O grupo desde o início mostrou vitalidade e na segunda parte do programa apresentou o Concerto para violoncelo número 1, em dó maior de Haydn. Este tem música com a cara de Viena, considerado perdido só foi redescoberto em 1961 no museu de Praga. Exige virtuose e versatilidade do solista, Thomas Carroll não fez cerimônia e tocou com majestade absoluta. Tirou de seu instrumento notas únicas, uma interpretação com brilho e harmonia. Seu violoncelo parecia falar, emitia notas ora consistentes, ora melodiosas e sempre empolgantes.
Após apreciar um cafezinho no intervalo o público foi brindado com uma suíte de Rameau, Les Boréades e finalizando a apresentação tivemos de Haydn a Sinfonia nº 44 (“Fúnebre”) . O Combattimento Consort Amsterdam mostrou mais uma vez todo o repertório técnico e o estilo barroco de música de câmara.

Ali Hassan Ayache

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