COMEMORAÇÃO DOS 80 ANOS DO CORO DO TMRJ. CRÍTICA DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Acho-me sem falsa modéstia em condições de dizer que o coro do TMRJ cada vez mais se afirma como um dos maiores coros do mundo.
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O tradicional e excelente CORO DO TMRJ merecia uma festa só com ele no palco mostrando suas imensas qualidades, sem solistas vocais para atrapalhar e querendo ser as estrelas da noite. Só é necessária a orquestra no fosso. Há muito obra ou trechos de obras só para coro.
Deve-se medir a qualidade de um grande coro por alguns itens principais: o primeiro deles é um item que é base para qualquer avaliação musical – a afinação; o segundo será a qualidade das vozes;o terceiro, uniformidade de timbres e de volumes; quarto, capacidade de fazer coincidir exatamente ataques e terminações; quinto, capacidade de sobrepor ou subpor um naipe em relação aos demais; sexto, musicalidade geral e alegria de cantar em coro.
Haverá de certo outros critérios de avaliação, mas os básicos aí estão. Um critério empírico é o de comparação com outros coros. Em todos esses itens,o nível do CORO DO TMRJ tem sido sempre muito alto.
Há muitos anos,desde os tempos em que o MAESTRO SANTIAGO GUERRA, então titular do coro, me dava aulas de canto, e depois com os “chorus masters” JOSÉ ANDRÉS MASPERO, depois titular do coro da Ópera de Munique e atualmente titular do coro da Ópera Real de Madrid, e com MAURILIO COSTA, seu atual e eficiente titular, acompanho o Coro do TMRJ e sempre o acho em alto nível, comparável aos dos maiores teatros do mundo.
Acho-me sem falsa modéstia em condições de dizer que o coro do TMRJ, feitas avaliações por aqueles critérios e feitas as devidas comparações, não sai perdendo em nada, e cada vez mais se afirma como um dos maiores coros do mundo, pecando agora nesse festivo concerto apenas no item repertório. Vejam os leitores: o programa que acabamos de ver e ouvir hoje 06/12/2013 é só de ópera, e com uma pequeníssima exceção, de óperas italianas. Nada de JSB, nada do MOZART sacro, nada do LvB sacro, nada de JOSÉ MAURÍCIO, nada de DEBUSSY, nada de RAVEL, nada de VILLA-LOBOS, nada de …. No entanto, esse coro, ensinado e ensaiado, canta até música chinesa…
Isto posto e apesar dos pesares, a apresentação sobre a qual ora escrevo foi um encantamento. Era festa de oitenta anos de idade, mas não houve bolo ou refrescos derramados no chão. Tudo saiu limpinho, bonito, satisfatório.

No programa deu-se muito valor a certas vozes solistas e não era hora de vozes solistas. O concerto começou com a mais que vulgarizada abertura da ópera LA FORZA DEL DESTINO, rotineira e corretamente regida por JÉSUS FIGUEIREDO, o que já é muito. Aliás, louve-se a eficiência, o empenho e a alegria do Maestro Jésus Figueiredo em todo o concerto.
Seguiu-se a Marcha de Entrada dos Convidados,de Tannhäuser, de Wagner, peça em que o coro fez magnífica aparição. A seguir, trechos do terceiro ato da ópera IL GUARANY, de Carlos Gomes, em que brilhou o coro e esteve bem o solista Pedro Olivero. Os demais solistas soprano Helen Heinzle e tenor Pedro Gattuso, estiveram ambos corretos em suas pequenas partes. O barítono Ciro d´Araújo em sua meteórica aparição se fez notar.
Depois, tivemos algumas partes orquestrais e corais da cena do triunfo de AIDA, de Verdi, com o coro como sempre muito bem, e o Prólogo da ópera MEFISTOFELE, de Boito, em que novamente apareceu bem o baixo Pedro Olivero dando conta do recado, com os demais em acentuado segundo plano, demonstrando no entanto capacidade para atuações de maior responsabilidade. É com pouco entusiasmo que falamos em solistas vocais em tal concerto. Esses não cabem em um concerto que devia mostrar ao público somente seu querido coro.
O que mais valeu na noite festiva foi a confirmação do que viemos dizendo há muito tempo: o coro do TMRJ é um dos melhores do mundo, viga-mestra em que se apoia o TMRJ, com o Corpo de Baile e a Orquestra. Pode o coro às vezes não ser perfeito, mas vexame nunca deu. È sempre bom ir vê-lo e ouvi-lo. Muitas vezes, é ele a estrela da noite. Fica merecendo uma apresentação sem solistas vocais, que não são mas tentam ser as estrelas da noite, o que é natural.
Colaboração da Banda dos Fuzileiros Navais e do coro infantil da UFRJ. Desnecessária, mas benvinda. O concerto de 80 anos do coro do TMRJ devia ser só dele, com a orquestra fazendo o seu papel. Mas não saí triste do teatro: vi e ouvi o coro e isso basta. O resto é pouco.
Quem quiser saber o nome de outros solistas vocais consulte a Internet, mãe de todos.

POR SER DA MINHA GENTE É QUE SOU NOBRE, POR SER DA MINHA TERRA É QUE SOU RICO . (OLAVO BILAC)
MARCUS GÓES- DEZ 201

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