FALSTAFF É LÍCIO BRUNO E LÍCIO BRUNO É FALSTAFF.CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  

Lício Bruno, foto Internet

   Nunca vi tamanha interação entre artista e personagem. Lício Bruno encarnou Falstaff de Verdi na alma no último dia 05 de Dezembro no Theatro São Pedro/SP. Interpretou de forma soberba o bufão mostrando personalidade e um estilo próprio. Conseguiu em uma mesma montagem ser totalmente diferente de Jason Budd (o Falstaff de estreia)  abusando dos recursos cômicos e tirando muitas risadas da plateia. Função indicada ao personagem.
   Vocalmente o barítono esteve impecável, mostrou belos graves, possantes e penetrantes. Voz madura de um artista no auge da técnica, com um timbre calibrado que esbanja beleza e médios sempre portentosos. Colocou credibilidade ao personagem transformando-o no que ele realmente é, um grande bufão. Bravo Lício!

 

Cena de Falstaff, foto Internet

   A interpretação superlativa de Falstaff parece ter contagiado o restante do elenco, destaco a beleza (vocal e física) de Meghan Dawson. Aluna revelação da Academia de Ópera do Theatro São Pedro a moça mostrou grande talento como Meg Page, conseguiu imprimir bons graves em uma voz com timbre quente. Outro destaque é Caroline Jadach, a Academia está com tudo, a moça fez uma bela Mrs. Quickly com uma voz de belo timbre e boa interpretação cênica. A Nanetta de Roseane Soares mostrou bons agudos em uma voz suave e lírica.

Meghan Dawson, foto Internet

   Anibal Mancini mandou bem como Fenton, tenor detentor de uma bela técnica com agudos brilhantes e uma interpretação cênica digna de um grande profissional tarimbado da ópera. Igor Vieira se esforçou muito e conseguiu um Ford razoável.
   Essa foi uma das raras récitas em que as coisas encaixam, a Orquestra do Theatro São Pedro regida pelo sempre competente Patarra esteve melhor que a estreia. Sua sonoridade mostrou-se operística em um volume correto e sincronizada com as cenas.
   Já passou a terceira récita de Falstaff  e os colegas críticos da Revista Concerto não apareceram. Parece que a região da Barra Funda não os atrai tanto quanto o centro de cidade ou a cidade de Belo Horizonte.
Ali Hassan Ayache