" FALSTAFF" IRREGULAR NO PALCO DO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Falstaff, comédia lírica em três atos de Giuseppe Verdi, com libreto de Arrigo Boito.
Esta ópera, baseada em As Alegres Comadres de Windsor e no Henry IV de William Shakespeare, foi a montagem escolhida para comemorar o bicentenário de nascimento de Verdi (1813-1901) na temporada do Theatro São Pedro deste ano.
Na produção cênica de Stefano Vizioli funcionam bastante bem as soluções cênicas tanto dos diálogos entre os principais personagens como nos conjuntos. O diretor italiano colocou à prova sua experiência e conhecimento no gênero e a transposição de época do enredo saiu satisfatória, fazendo jus à destreza rítmica que é peculiar à obra prima cômica de Verdi, estreada no Scala de Milão, em 9 de fevereiro de 1893.
Com um bem sucedido jogo de cenas correspondido pelos solistas do elenco que representou na noite de sábado, 7 de dezembro, os cenários de autoria do argentino Nicolás Boni, experimentado cenógrafo, desta vez, apresentaram um visual bem feio, salvando-se o 2º quadro do Ato III, enquanto o quadro anterior é horrendo a mais não poder. Dos figurinos de Elena Toscano, além de fracos, apresentam uma confusão de épocas e modismos. Que comadres mal vestidas !
Lício Bruno no papel título, de sua concepção cênica saiu-se a contento levando ao palco os recursos adquiridos através de sua carreira. As dificuldades vocais, porém, o amplo registro exigido, com as constantes oscilações entre a cantilena e o parlato, o recitativo, os falsetes e outros desafios canoros, provaram definitivamente que este não lhe é o papel adequado. A arieta “Quand’ero paggiio del Duca…” contracenando com Alice passou neutra e ao monólogo da honra do Ato III foi pedestre.
Rodrigo Esteves, em compensação compôs um Mr. Ford de primeira linha. Voz bem apoiada, ampla, extensa, belos graves, centro e timbre adequados, destacou-se pela desenvoltura cênico-vocal, sobretudo na ária “È sogno ? o realtà ?” em que foi amplamente aplaudido.
Tati Helene como Mrs Alice Ford não possui o registro adequado. Oscilante na afinação, faltaram-lhe a leveza e a agilidade no registro mais agudo. Nos graves, a voz ressoa insatisfatória. Cenicamente, foi razoável.
Chiara Santoro no papel de Nannetta, que Anna Moffo, Mirella Freni e Barbara Hendricks celebrizaram no século XX, deixou muito a desejar nos “ filamentos” de suas passagens, onde ela precisa demonstrar todo o refinamento de sua linha de canto e a técnica vocal adquirida. Cenicamente, esteve bem. Seu namorado Fenton, na voz de Luciano Botelho encontrou ótimo intérprete enquanto o Dr. Caius do tenor leggero Flávio Leite também merece nossos aplausos tanto vocal como cenicamente.
A italiana Alessia Sparacio não possui os graves necessários para Mrs. Quickly, que é para um mezzo de grande extensão. O volume também foi insuficiente para o personagem. Mrs. Meg Page de Mere Oliveira, prejudicou-se com graves defeituosos e mal projetados, de sonoridade bastante feia; em que lhe pese um bom desempenho cênico.
O tenor Giovanni Tristacci configurou boa projeção sonora com timbre arrojado (Bardolfo) e o baixo Gustavo Lassen, fruto da Academia de Ópera do Theatro São Pedro, foi satisfatório como Pistola.
Equilíbrio foi a medida da regência do maestro Emiliano Patarra como diretor musical e regente da Orquestra do Theatro São Pedro, deixando as vozes livres, sem cobri-las e dando todas as entradas necessárias aos solistas.
Falstaff prossegue em temporada até o dia 15 de dezembro, em récita vespertina, às 17 horas, quando encerrará sua temporada lírica.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 09 de dezembro de 2013.
Inscrição sob nº 61.609 MTB / SP
Esta ópera, baseada em As Alegres Comadres de Windsor e no Henry IV de William Shakespeare, foi a montagem escolhida para comemorar o bicentenário de nascimento de Verdi (1813-1901) na temporada do Theatro São Pedro deste ano.
Na produção cênica de Stefano Vizioli funcionam bastante bem as soluções cênicas tanto dos diálogos entre os principais personagens como nos conjuntos. O diretor italiano colocou à prova sua experiência e conhecimento no gênero e a transposição de época do enredo saiu satisfatória, fazendo jus à destreza rítmica que é peculiar à obra prima cômica de Verdi, estreada no Scala de Milão, em 9 de fevereiro de 1893.
Com um bem sucedido jogo de cenas correspondido pelos solistas do elenco que representou na noite de sábado, 7 de dezembro, os cenários de autoria do argentino Nicolás Boni, experimentado cenógrafo, desta vez, apresentaram um visual bem feio, salvando-se o 2º quadro do Ato III, enquanto o quadro anterior é horrendo a mais não poder. Dos figurinos de Elena Toscano, além de fracos, apresentam uma confusão de épocas e modismos. Que comadres mal vestidas !
Lício Bruno no papel título, de sua concepção cênica saiu-se a contento levando ao palco os recursos adquiridos através de sua carreira. As dificuldades vocais, porém, o amplo registro exigido, com as constantes oscilações entre a cantilena e o parlato, o recitativo, os falsetes e outros desafios canoros, provaram definitivamente que este não lhe é o papel adequado. A arieta “Quand’ero paggiio del Duca…” contracenando com Alice passou neutra e ao monólogo da honra do Ato III foi pedestre.
Rodrigo Esteves, em compensação compôs um Mr. Ford de primeira linha. Voz bem apoiada, ampla, extensa, belos graves, centro e timbre adequados, destacou-se pela desenvoltura cênico-vocal, sobretudo na ária “È sogno ? o realtà ?” em que foi amplamente aplaudido.
Tati Helene como Mrs Alice Ford não possui o registro adequado. Oscilante na afinação, faltaram-lhe a leveza e a agilidade no registro mais agudo. Nos graves, a voz ressoa insatisfatória. Cenicamente, foi razoável.
Chiara Santoro no papel de Nannetta, que Anna Moffo, Mirella Freni e Barbara Hendricks celebrizaram no século XX, deixou muito a desejar nos “ filamentos” de suas passagens, onde ela precisa demonstrar todo o refinamento de sua linha de canto e a técnica vocal adquirida. Cenicamente, esteve bem. Seu namorado Fenton, na voz de Luciano Botelho encontrou ótimo intérprete enquanto o Dr. Caius do tenor leggero Flávio Leite também merece nossos aplausos tanto vocal como cenicamente.
A italiana Alessia Sparacio não possui os graves necessários para Mrs. Quickly, que é para um mezzo de grande extensão. O volume também foi insuficiente para o personagem. Mrs. Meg Page de Mere Oliveira, prejudicou-se com graves defeituosos e mal projetados, de sonoridade bastante feia; em que lhe pese um bom desempenho cênico.
O tenor Giovanni Tristacci configurou boa projeção sonora com timbre arrojado (Bardolfo) e o baixo Gustavo Lassen, fruto da Academia de Ópera do Theatro São Pedro, foi satisfatório como Pistola.
Equilíbrio foi a medida da regência do maestro Emiliano Patarra como diretor musical e regente da Orquestra do Theatro São Pedro, deixando as vozes livres, sem cobri-las e dando todas as entradas necessárias aos solistas.
Falstaff prossegue em temporada até o dia 15 de dezembro, em récita vespertina, às 17 horas, quando encerrará sua temporada lírica.
Escrito por Marco Antônio Seta, em 09 de dezembro de 2013.
Inscrição sob nº 61.609 MTB / SP
Primeiro antes de qualquer comentario ou critica, tem que se pensar na realidade do espaço e nunca fazer comparaçoes sem nexo, pois nao sei se o crítico sabe a acustica de quem canta no palco é horrivel e tem algumas caixas de retorno para os cantores ouvirem e mesmo assim é meio complicado, outra comparar vozes como da falecida cantora italiana Ana Moffo com a estudante da academia do teatro Sao Pedro é desnecessario, além do que voz da estudante além de possuir agilidade, ter uma ampla extensao nos graves e agudos é mais pesada e encorpada do que Ana Moffo na época que ela cantava a Nanetta em sua juventude e a Tati Helene que está cantantando uma das personagens, possui uma voz forte e com esquilos nos agudos, mesmo nao sendo tao agil nos agudos e realmente acho que antes de qualquer critica, acima de tudo o critico tem que conhecer de musica, voz, saber de acustica e do espaço onde está sendo realizada a ópera ou concerto, mas o mais importante é que o público em geral está gostando e no meio tem muitos estudantes de musica e musicos e isso é o que importa para os cantores, instrumentistas e para o maestro, afinal nao podemos na vida agradar a gregos e troianos da mesma forma e nem Cristo agradou a todos, mas o trabalho está sendo feito, levado ao público com uma concepçao moderna pelo diretor cenico e que está agradando a muitos que realmente sao musicos, pois criticar é facil, mas fazer sao outros quinhentos e nao é nada pessoal contra o crítico e mais uma vez conhecer um pouco mais sobre musica, voz, acústica e nem fazer comparacoes exageradas de cantores do passado e renomados, além de timbres bem diferentes em termos gerais, como tamanho, leveza e etc..., ajuda bastante na critica e posso garatir uma coisa que nao é só no Brasil isso, mas na Alemanha, Estados Unidos ou Italia acontecem problemas também e até Scala di Milano na Italia, onde ainda existem as producoes mais tradicionais, houveram problemas e o importante é que a musica está sendo levada ao publico e que muitos gostaram. Bravi a tutti
ResponderExcluirconcordo plenamente com o comentario. ISSO escrito é critica de quem assistiu um dvd dessa opera e esperava ver identico... Os cantores e os músicos estão sendo fantasticos,merecem nosso aplauso de pé.
ResponderExcluirEu que escrevi a crítica, sou pianista formado em Tatuí, no melhor Conservatório de Música do Estado de S. Paulo. Estudei canto coral lá também e portanto conheço os problemas vocais. Acústica não interfere nas qualidades pessoais de cada voz. Voz é voz, afinação é coisa pura, musicalidade pura. Não confundamos as coisas.
ResponderExcluirO crítico estudou em Tatuí no melhor Conservatório de Música do Estado de São Paulo. Formado em piano e canto coral, portanto conhece música perfeitamente. Afinação e musicalidade não dependem de acústica. Voz também. Quem tem e ponto final.
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