TEATRO SÃO PEDRO/SP O MELHOR CUSTO-BENEFÍCIO DO BRASIL. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  

   No último dia 28 de Janeiro o Theatro São Pedro/SP apresentou à imprensa sua temporada 2014. A ópera será contemplada com 5 títulos com enfoque na música brasileira . O Menino e a Liberdade de Ronaldo Miranda será reapresentada esse ano, primeiro passo para transformar as obras do teatro em um repertório a ser apresentado ao longo dos anos. O primeiro título inédito é uma raridade de Gluck, Iphigénie en Tauride  que será apresentado em Junho e o monólogo Las Horas Vacias de Ricardo Llorca em Agosto.
   Ártemis de Alberto Nepomuceno é mais uma obra de um compositor brasileiro que comemora os 150 anos do nascimento do compositor. Fechando o ano Le Nozze de Figaro de Mozart em Novembro. Os concertos possuem 13 títulos, variação e diversidade é sua característica e esse ano contam solistas da própria orquestra. O projeto Música ao Meio-Dia continua em pleno vapor em 2014.
   Dois ciclos começam a ganhar forma nessa temporada.Tendo como tema a Revolução Francesa teremos a trilogia, Liberdade, Igualdade e Fraternidade. O Menino e a Liberdade abre o ciclo, Roberto Miranda e o libretista Jorge Coli farão uma ópera com tema da Fraternidade baseada no conto de Machado de Assis a ser apresentada em 2015 e o tema Igualdade será baseado em uma crônica de Monteiro Lobato título previsto para 2017.
   Outra Trilogia a ser apresentada nos próximos anos é a parceria Mozart e o libretista Lorenzo da Ponte. Esta se inicia com Le Nozze de Figaro na presente temporada e tem sequência com Cosi fan Tutte e Don Giovanni. A ideia é apresentar os três títulos em 2017 , ano que comemora o centenário do Teatro.
   O programa de Assinaturas segue em pleno vapor  e a direção espera que aumente o número de assinantes esse ano. A Academia de Ópera do Theatro São Pedro terá orçamento próprio e escolherá mais 12 membros esse ano. O programa Grandes Vozes trará o famoso soprano Mariella Devia. 
   Ufa! Quanta coisa a ser apresentada esse ano. Tudo isso feito com um orçamento de R$ 2.600.000,00 (dois milhões de seiscentos mil reais) para a produção das óperas. Lembro aos amigos que o Theatro Municipal de São Paulo gastou com 11 estrangeiros contratados apenas para a ópera Aida de Verdi R$ 1.700.000,00 (um milhão e setecentos mil reais) e para esse ano teremos artistas de fora em papéis minúsculos como na Carmen de Bizet.
   Um teatro heterogêneo que busca diversos estilos musicais para atender e formar novos públicos com um custo baixo para o Estado. Essa é a filosofia do Theatro São Pedro, essa sim é a verdadeira usina de cultura. Pena que o pessoal da Praça Ramos, com um orçamento dez vezes maior, priviliegie os estrangeiros, artistas e produções medianas a preços estratosféricos.
   P.S. : Solicito a direção do Theatro Municipal de São Paulo que me convide para as coletivas de imprensa, tenho um monte de perguntas legais para fazer. Principalmente para você John.

Ali Hassan Ayache
  

Comentários

  1. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, meu caro! Não caia num maniqueísmo dualista, em que um é 100% bom e outro é 100% mau. Se você acerta ao dizer que o Municipal exagera ao importar estrangeiros para papéis menores nas óperas, por outro lado precisa avaliar não apenas a relação custo-benefício das óperas apresentadas no São Pedro, mas também que qualidade isso implica,senão a discussão torna-se meramente econômica. Fazer um Fallstaff com um coro amador de graça pode até resultar numa grande economia, mas quero crer que não resulta em grande qualidade.

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  2. Meu caro anônimo nem tudo que custa caro é garantia de que é bom assim como nem tudo que é barato ou de graça não presta.
    Se for levar em conta sua opinião meu Caro anônimo o senhor ou a senhora afirma que quanto maior o valor melhor a recita.Não precisamos de uma "grigolândia" no Municipal.

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  3. Meu caro anônimo, não foi isso o que eu disse. Apesar de que, via de regra, o que é mais caro costuma, sim, ter mais qualidade do que o barato (e é justamente por isso que é mais caro), embora toda regra tenha exceções e isso não signifique que o barato seja necessariamente ruim. A observação que faço é quanto a elogiar uma economia de orçamento sem contextualizar a questão. No exemplo citado - a ópera Fallstaff -, tal economia foi conseguida utilizando-se um coro amador, de empresa, sem qualquer custo (isto é, de graça, sem cachet), o que compromete a qualidade do espetáculo. O que questiono é a validade desse tipo de economia e o risco que ela representa para a qualidade do espetáculo. Economia obtida dessa maneira não pode ser objeto de enaltecimento por parte de nenhum crítico. Pelo contrário, deve ser objeto de severa crítica. Se não tem verba disponível para pagar um coro de cantores líricos, então reconsidere o programa e faça uma ópera que não tenha coro. Assim como questiono também o encarecimento de uma produção com a importação de cantores estrangeiros para cantar papéis secundários. Mas quanto ao Municipal, mesmo sem a "gringolândia" o custo de uma ópera lá, por mais enxuto que seja, sempre será maior que o de uma ópera no São Pedro, porque ali se mantém corpos estáveis remunerados para esse fim. O próprio tamanho do Municipal requer obras de porte maior que as do São Pedro, e isso por si só já é mais custoso.

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