GUSTAVO DUDAMEL PISA NO TOMATE. ARTIGO DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Gustavo Dudamel, foto InternetO que é isso Dudamel? Dudamel é um famoso regente venezuelano, já comandou os melhores grupos musicais e tem o título de diretor artístico em um monte de orquestras pelo mundo afora. Quando rege mostra emoção e sensibilidade musical e suas vastas madeixas saltitam por todos os lados. O regente é cria e propaga o El Sistema venezuelano pelo mundo afora. Lembro que a criação do mesmo ocorreu há 39 anos e vem antes do chavismo. Sua estrela mor é Gustavo Dudamel e a Orquestra Simon Bolívar. Ambos estiveram ano passado no Brasil e mostraram grande qualidade na musical
O artista Dudamel pode ter qualidades artísticas fora do comum, o cidadão Dudamel pisou no tomate, no dia 12 de fevereiro enquanto estudantes eram mortos em protestos na Venezuela ele fazia um concerto como se nada acontecesse. Como se seu país vivesse na mais tranquila serenidade.
Revoltada a pianista venezuelana Gabriela Montero soltou o verbo em uma rede social e o criticou publicamente: " Ontem ( dia 12 de Fevereiro) enquanto dezenas de milhares de manifestantes pacíficos expressavam sua frustração, dor e desespero com situação de caos cívico, moral, econômico e humano da Venezuela e enquanto milícias armadas governamentais, a Guarda Nacional e a polícia atacaram, mataram, feriram, prenderam e eliminaram várias vítimas inocentes, Gustavo Dudamel e Christian Vazquez regeram a orquestra num concerto celebrando o Dia da Juventude e os 39 anos do Sistema. Tocaram enquanto seu povo era massacrado."
O regente adora um afago do governo venezuelano, regeu até no funeral de Hugo Chaves. Ele deve estar mais preocupado com a Sala Dudamel, promessa do atual presidente Maduro, uma sala de concertos que leva seu nome a ser construída em sua cidade natal e projetada pelo arquiteto francês Frank Gehry. Tudo lindo e grandioso e bancado pelo governo.
Artista bom não faz só arte, artista bom é aquele que vê a realidade de seu povo e quando esse é massacrado toma posição e não fica só pensando em mamar nas tetas do Estado. O bom senso manda que em momento delicado como esse se cancele o concerto, fazer vista grossa e fingir que nada acontece é fugir da responsabilidade. Não se exige de nenhum artista uma posição firme contra esse ou aquele e sim um mínimo de consciência política. Dudamel já provou que é um grande regente, como cidadão deixa a desejar e parece concordar com a matança de seus conterrâneos.
Ali Hassan Ayache
Agora só falta meter o pau no Giergiev também, já que ele é um dos "parceiros" do infâme Putin.
ResponderExcluirDudamel agiu corretamente. Difícil dizer se foi por coragem ou por desprezo alheio, mas em meio a confusão, o tumulto e a violência, ele manteve o seu posto e realizou o concerto.
ResponderExcluirFácil era fazer como todo mundo, parar tudo e ficar assistindo e se lamentando. Difícil é fazer o seu trabalho apesar de todas as coisas. Mais difícil ainda porque quem age assim sempre será crucificado.
Ainda que a humanidade se afunde num abismo de caos e miséria, a Arte deve prevalecer. Indiferente à posições políticas, mudanças de governo, ditadores e monarcas, tudo isso vai morrer um dia, mas a Arte vai ficar. Ela é a única esperança de um mundo mais belo e mais justo no futuro. Se matarem a Arte, não haverá mais esperança para nenhum de nós.
O fato político aqui é que sem votos suficientes para garantir um mandato presidencial, a dita oposição quer porque quer o poder agora, e na base do golpe. A direita venezuelana está doidinha para realizar mais um golpe,, pois o anterior, ainda sob Chaves, fracassou. O que muita gente quer é que a oposição tente o golpe, e o governo de Maduro não faça nada, que apenas abra as pernas.Maduro tem sim todo o direito de se defender energicamente de golpistas.Um Estado ou om governo(constituído democraticamente, aliás) que não sabe se defender, não é Estado. A pianista tem a posição política dela, o que ela não pode é fazer com que o Dudamel veja as coisas sob o prisma e convicções dela.
ResponderExcluirNão me interessa o cidadão Dudamel, mas o artista. O que ele faz fora do palco, com quem anda, que roupas veste, o que come, pra que time torce, que programas assiste na tv, sua filiação partidária, nada disso me interessa. Se eu quiser discutir política, não é a ele que vou procurar, assim como não vou a uma cantina italiana se estiver disposto a comer sushi.Os maiores gênios da literatura e da música eram bêbados, viciados ou loucos. Nenhum era flor que se cheire. O negócio é separar as coisas. Heidegger é um filósofo obrigatório para quem quiser entender a contemporaneidade, mas filiou-se ao Nazismo. Como filósofo é indispensável, um dos maiores. Como cidadão, um crápula. Não o convidaria pra ir jantar na minha casa nem pra ir tomar uma cerveja no boteco, mas não perderia sequer uma aula sua de filosofia.
ResponderExcluirMuito boa a chamada de atenção... defender o regime de Chavez/Maduro e colocar a conta na arte, é reeditar toda uma pretensão, por demais ultrapassada, de tornar arte distante da vida ou fazer dos artistas apenas "peças de enfeite".
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