MEDEIA INSPIRA SOLO DE DANÇA-TEATRO.

Integrando a atual temporada de dança da Sala Paschoal Carlos Magno, no Teatro Sérgio Cardoso, a bailarina e atriz Paula Miessa apresenta R-entorno, espetáculo inédito de dança-teatro, entre os dias 5 e 19 de fevereiro, quartas e quintas-feiras, às 20 horas.
 
 
 
Com concepção, coreografia e direção assinadas por Woody Santana, a montagem foi inspirada no mito grego de Medeia, retratada na tragédia de Eurípedes.
Esta é a estreia de Paula Miessa em um espetáculo solo. A artista - que também está no elenco do musical Jesus Cristo Superstar, de Jorge Takla, previsto para entrar em cartaz em março – afirma que R-entornolhe trouxe a possibilidade de expor, de forma autoral, linguagem de dança-teatro que vem pesquisando ao longo de 10 anos de carreira. Talento é tradição na família de Paula que é neta do casal de atores Paulo Goulart e Nicette Bruno.
Após as apresentações dos dias 6, 13 e 19, haverá bate-papo com a plateia sobre o processo criativo, a obra inspiradora da montagem e sobre a pesquisa de dança e teatro de Paula Miessa.
A partir da narrativa de Eurípides sobre a vingança de Medeia contra o infiel marido Jasão, R-entorno traz a protagonista sob o ponto de vista de uma mulher moderna, de volta ao velho conflito. Medeia teria matado os próprios filhos em um acesso de loucura, antes de fugir para Atenas. O espetáculo faz um retrocesso ao auge de seu frio e premeditado“projeto”, retornando a um lugar de catarse por carregar consigo a culpa do desfecho estabelecido.
Segundo Paula Miessa, “o espetáculo objetiva a comunicação direta com o público, a partir da linguagem da dança-teatro, ao tratar de questões humanas por meio de um novo olhar sobre Medeia, figura forte de mulher, e refletir sobre até onde o ser humano pode ir e o que ele é capaz de fazer quando seus sentimentos são feridos e a sua dignidade tirada”. A encenação aponta os conflitos internos e questionamentos dessa mulher e, considerando o contexto contemporâneo e a inquietude desse ser moderno, segue caminhos “simbióticos” entre a dança e o teatro. A transição desses territórios dilata sensações na intérprete para mostrar a complexidade existente entre fúria e amor. O trabalho não pretende julgar ou fixar valores, mas mostrar as esferas aonde esse indivíduo pode transitar.
“O grande desafio foi achar o equilíbrio entre a dança e o teatro, descobrir como unificar essas linguagens e atingir o objetivo que queríamos. Desde o princípio, o intuito não foi ser fiel ao texto, somente usá-lo como ponto de partida. Optamos por usar fragmentos do texto, expressões e palavras que surgiram a partir de laboratórios e exercícios de improvisação, para intensificar as emoções e mostrar as várias facetas dessa mulher naquela situação”. Afirma o diretor e coreógrafo Woody Santana.
 
 

 
Sobre Medeia
A partir do antigo mito grego, que se insere no ciclo narrativo dos Argonautas, a obra de Eurípides narra a história da vingança da altiva Medeia - filha do rei Eetes e da princesa da Cólquida, descrita como sacerdotisa de Hécata e, por vezes, como filha da deusa, o que explicaria os seus conhecimentos profundos das artes mágicas - contra Jasão (aquele que conquistou o velo de ouro), depois que este a rejeita para se casar com a filha do rei de Corinto.
Na primeira encenação, ainda na Grécia Antiga, a peça não obteve uma boa classificação, porém isso não refletia uma suposta inferioridade da tragédia, mas a incompreensão do público diante de um autor que subverteu forma e conteúdo tradicionais da poesia trágica. A posteridade, contudo, soube extrair desse elemento subversivo um forte aspecto de modernidade: deslocando o foco do coletivo para o individual, introduzindo aí os motivos da psicologia humana e dando relevo inédito às personagens femininas, o livro de Eurípides se transformaria em um dos pilares da dramaturgia moderna - e a figura de Medeia numa das mais marcantes de toda a literatura. Medeia é uma das personagens mais terrivelmente fascinantes da mitologia grega, envolvendo sentimentos contraditórios e profundamente cruéis, que inspiraram muitos artistas ao longo da história, nas mais diversas artes.
Ficha técnica
Espetáculo: R-entorno
Direção e coreografia: Woody Santana
Interpretação: Paula Miessa
Concepção de iluminação, figurino e cenário: Woody Santana
Direção de interpretação: Rodrigo Andrade
Consultoria de encenação: Dinah Perry
Assistente de coreografia: Camila Ribeiro
Música: Andrei Presser e Lucas Santoro
Fotos: Gal Oppido
Produção executiva: Artista do Corpo
Serviço
Dias 5, 6, 12, 13 e 19 de fevereiro
Horário: quartas e quintas-feiras - às 20 horas
Teatro Sérgio Cardoso –Sala Paschoal Carlos Magno
Rua Rui Barbosa, 153. Bela Vista/SP. Tel: (11) 3288-0136
Ingressos: R$ 20,00 (meia: R$ 10,00). Bilheteria: de qua. a sáb (a partir de 14h).
Gênero: dança-teatro. Duração: 45 min. Classificação etária: 14 anos
Ar condicionado. Bar & café. Wi-fi. Acesso universal. Aceita todos os cartões.
Ingressos/Internet: ingressorapido.com.br (4003 1212)
Site: teatrosergiocardoso.org.br
Haverá bate-papo com a plateia após espetáculos dos dias 6, 13 e 19/2.

Comentários

  1. Bom saber que MEC-Rio tem espaço para a música clássica. Foi um verdadeiro gol de placa. Mas, alto lá. O comentário me pareceu meio desfavorável a Offenbach, que tem coisas lindíssimas, e Zequinha de Abreu não é só Tico-Tico, ele tem valsas maravilhosas, inspiradoras. Com todo o respeito, o povo merecia isso há mais tempo. Tiro o chapéu. William Matos, desde Argentina.

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