R-ENTORNO, AS MÚLTIPLAS FACES DO TEATRO-DANÇA DE MEDEIA. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A obra Medeia de Eurípides escrita para o teatro grego da antiguidade sobreviveu e chegou à era moderna. Explorada nos mais diversos campos artísticos possibilita uma infinidade de leituras. Na música, no cinema, na ópera e na poesia o mito da mulher traída e rejeitada é pano de fundo para diversas expressões artísticas.
Paula Miessa em cena de Medeia, foto divulgação.
R-Entorno é uma releitura do clássico de Eurípedes que foge do convencional ao unir e utilizar linguagens distintas como o teatro e a dança. Moderniza a obra e a transporta ao século XXI mantendo a intensidade do drama original e usando um trecho do texto. Tudo é simbologia no trabalho elaborado pelo diretor e coreografo Woody Santana. Medeia está em clímax máximo, sua frustração é extrema e sua personalidade oscila entre uma calma tenra, querendo re-conquistar o marida infiel, a raiva por não conseguir seu feito e a dança que expressa ao lado bruxo da personagem. A simbologia dos filhos se expressa em dois ursinhos de pelúcia, enquanto Jasão seu marido vira um chapéu no solo ora amado, ora odiado.
Texto com poucas frases onde o corpo da atriz é a principal forma de linguagem leva a dificuldades extremas para a realização. Paula Miessa no ardor de sua juventude consegue expressar diversas facetas da personagem com louvor e brilhantismo. Mergulho profundo nos sentimentos contraditórios onde dor, desequilíbrio mental e sentimentos contraditórios são expostos em expressões, gestos e números de dança marcantes. A luz que fica sempre na penumbra torna o clima denso, unida a figurinos adequados e um cenários intimista completam o espaço cênico.
Paula Miessa em cena de Medeia, foto divulgação.
O talento de Paula Miessa a leva por searas que penetram nos mais profundos sentimentos da alma feminina. Sua dança tem passos curtos, ataques de loucura e bruxaria em movimentos lentos e marcantes que dão um soco no estômago do espectador. Consegue em segundos mudar totalmente a personalidade de uma calma relaxante para uma tensão extrema. Seu trabalho facial e corporal é digno de aplausos em cena aberta. Jogar água em seu corpo reflete a purificação de sua alma, cena marcante que só entrou uma semana antes da estreia. Sua voz não tem os graves portentosos para as passagens dramáticas, equilibra isso com outras formas como expressões faciais e movimentação corporal.
Atriz que busca crescimento não se acomoda em textos fácies ou comédias bobas. Paula Miessa estudou e se preparou durante um ano para o papel. Aprendeu muito nesse meio tempo e cresceu como atriz. Conseguiu maturidade na juventude e entendeu que teatro tem várias linguagens interpretativas, expôs muitas delas nesse trabalho com um talento único e se for lapidado só tende a crescer. Será o nascimento de uma grande atriz? Bravo Paula Miessa !
Pena que a maioria do pequeno e respeitável público não ficou para o babe-papo após o espetáculo. Paula Miessa relatou todo seu trabalho para composição da personagem e sua visão da obra com perguntas feitas por este que vos escreve.
Ali Hassan Ayache
Paula Miessa em cena de Medeia, foto divulgação.
R-Entorno é uma releitura do clássico de Eurípedes que foge do convencional ao unir e utilizar linguagens distintas como o teatro e a dança. Moderniza a obra e a transporta ao século XXI mantendo a intensidade do drama original e usando um trecho do texto. Tudo é simbologia no trabalho elaborado pelo diretor e coreografo Woody Santana. Medeia está em clímax máximo, sua frustração é extrema e sua personalidade oscila entre uma calma tenra, querendo re-conquistar o marida infiel, a raiva por não conseguir seu feito e a dança que expressa ao lado bruxo da personagem. A simbologia dos filhos se expressa em dois ursinhos de pelúcia, enquanto Jasão seu marido vira um chapéu no solo ora amado, ora odiado.
Texto com poucas frases onde o corpo da atriz é a principal forma de linguagem leva a dificuldades extremas para a realização. Paula Miessa no ardor de sua juventude consegue expressar diversas facetas da personagem com louvor e brilhantismo. Mergulho profundo nos sentimentos contraditórios onde dor, desequilíbrio mental e sentimentos contraditórios são expostos em expressões, gestos e números de dança marcantes. A luz que fica sempre na penumbra torna o clima denso, unida a figurinos adequados e um cenários intimista completam o espaço cênico.
Paula Miessa em cena de Medeia, foto divulgação.
O talento de Paula Miessa a leva por searas que penetram nos mais profundos sentimentos da alma feminina. Sua dança tem passos curtos, ataques de loucura e bruxaria em movimentos lentos e marcantes que dão um soco no estômago do espectador. Consegue em segundos mudar totalmente a personalidade de uma calma relaxante para uma tensão extrema. Seu trabalho facial e corporal é digno de aplausos em cena aberta. Jogar água em seu corpo reflete a purificação de sua alma, cena marcante que só entrou uma semana antes da estreia. Sua voz não tem os graves portentosos para as passagens dramáticas, equilibra isso com outras formas como expressões faciais e movimentação corporal.
Atriz que busca crescimento não se acomoda em textos fácies ou comédias bobas. Paula Miessa estudou e se preparou durante um ano para o papel. Aprendeu muito nesse meio tempo e cresceu como atriz. Conseguiu maturidade na juventude e entendeu que teatro tem várias linguagens interpretativas, expôs muitas delas nesse trabalho com um talento único e se for lapidado só tende a crescer. Será o nascimento de uma grande atriz? Bravo Paula Miessa !
Pena que a maioria do pequeno e respeitável público não ficou para o babe-papo após o espetáculo. Paula Miessa relatou todo seu trabalho para composição da personagem e sua visão da obra com perguntas feitas por este que vos escreve.
Ali Hassan Ayache
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