IL TROVATORE NO MUNICIPAL DE SÃO PAULO COM O SOPRANO HUI HE. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   

   Quando debutei na ópera em tempos pretéritos o fabuloso Municipal tinha muitas récitas com público minguado. Cansei de ver apresentações com cem ou no máximo duzentos gatos pingados. Fico jubiloso ao entrar no nobre teatro paulistano e encontrar, em uma noite de terça-feira do dia 11 de Março, a casa abarrotada. Sinal que os espetáculos de ópera incutem cada vez mais pessoas. Público juvenil ao mais senil mostra interesse na nobre arte e lota as belas cadeiras amadeiradas.
   A apresentação teve o mesmo padrão cênico da estreia com um bardo diferente. O soprano Hui He apresentou voz potente, com pequenos contratempos nos agudos compensados com médios e graves excelentes. Depositaria de uma técnica esmerada conseguiu imprimir classe a protagonista Leonora com uma atuação aforada.
   A Orquestra Sinfônica Municipal regida por John Neschling mostrou equilíbrio dos naipes, uma ou outra derrapada sempre acontece e é passível de compreensão devido a sonoridade complexa da obra. Musicalidade verdiana de grande venustidade. A utilização de um órgão eletrônico destoa do compreensível, a casa possuí um órgão de inaudita qualidade e por motivos não explicados ele não foi empregado. O Coro Lírico Municipal de São Paulo mostrou qualidade vocal esmerada, os naipes masculinos destacaram-se pela precisão nas entradas e pelo equilíbrio nas notas.
   Detalhe final: ovações efusivas se ouvem ao final da récita de um público embevecido e a cortina não se abre. Os solistas recebem os apupos derradeiros assim mesmo, o regente John Neschling vem receber sua quota e se exibe com uma barba grisalha e um paleto garboso, com asserção o mais janota da noite. 

Ali Hassan Ayache


    Huio He, foto Internet. 

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