"O MENINO E A LIBERDADE" ENSINA O QUE É SER LIVRE. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O Theatro São Pedro-SP abriu a temporada de óperas com um título nacional, a ópera O Menino e a Liberdade de Ronaldo Miranda e libreto de Jorge Coli inspirado no conto homônimo de Paulo Bomfim. A música de Roberto Mirando tem trechos modernos que muitas vezes lembram os musicais em voga. A escrita vocal tem momentos que se inspiram nas grandes árias do romantismo e em outros se baseia na música do século XX. Consegue nas árias seu melhor momento, sobram belas melodias e respingam belas frases.
A produção abusa da criatividade, ideias simples que interagem com o texto dão uma dinâmica única. A cenografia tem ambientes estilizados que trabalham com o imaginário e funcionam com o plano central de obra. Duda Aruk confecciona o metal e utiliza painéis com fotos antigas remetendo à São Paulo dos anos 50. Apoiado em uma luz eficiente de Joyce Drummond e figurinos adequados de Milton Fucci temos uma montagem eficiente que representa o moderno na ópera, sem firulas e estripulias.
O Menino e a Liberdade, foto internet
A Orquestra do Theatro São Pedro regida pelo sempre competente Emiliano Patarra mostrou musicalidade coerente, com todos os naipes equilibrados. A direção de Mauro Wrona imprimiu ritmo teatral à ópera e fez o que toda obra de palco em tese deveria fazer, contar bem uma história.
O elenco foi quase na totalidade composto por alunos da Academia de Ópera do Theatro São Pedro. Caroline Jadach interpretou A Mãe, voz de mezzo-soprano que exala potência e boa técnica vocal. O barítono Johnny França é um chofer com bons graves. Aníbal Mancini mostrou o porquê de ter sido nomeado Revelação lírica, masculino de 2013 pelo Blog de Ópera e Ballet. O jovem esbanjou nos agudos e apresentou um timbre de tenor lírico de grande graciosidade.
O Menino e a Liberdade, foto internet
O barítono Sebastião Teixeira mostrou toda sua experiência como Senhor Distinto, uma voz que encanta pela técnica vocal, sempre afinada e segura. Chiara Santoro evoluiu muito desde o Falstaff de 2013 do Theatro São Pedro. Conseguiu bons agudos em sua primeira ária. Em sua segunda participação mostrou melhor técnica vocal, apareceram nuances sedutoras e coloridos luminoso em sua voz. Destaque para a pequena e importante participação do Menino-Cantor Ivan Marinho.
O Menino e a Liberdade é a primeira obra de uma trilogia a ser apresentada no Theatro São Pedro nos próximos anos. Obra de compositor brasileiro, com libreto e tema nacional e o principal , uma grande oportunidade aos novatos alunos da academia de ópera se apresentarem. Enquanto isso no mundo maravilhoso do Theatro Municipal de São Paulo, na usina de cultura teremos em breve Carmen de Bizet com Zuñiga, Frasquita , Mercedes, Remendado, Dancairo e Morales (papéis minúsculos, mas pequenos mesmo) com cantores vindos de todas as partes do mundo. Só faltou trazer o dono da taberna Lilas Pastia de fora (para que não sabe esse nem sequer canta).
Ali Hassan Ayache
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