MONTAGEM INÉDITA DE "CARMEN", DE BIZET, NO TMRJ.
Ópera terá nos papeis centrais Luisa Francesconi, Edineia de Oliveira, Ekaterina Bakanova, Fernando Portari, José Manuel Chú e Valdis Jansons, com direção de Allex Aguilera.
Depois de uma incompreendida estreia em 1875, quando chocou uma plateia parisiense que incluía ilustres como Massenet, Gounod e Dumas, ao apresentar uma cigana sensual, libertária e amoral, Carmen não tardou a se transformar em uma das óperas mais populares de todos os tempos, com incontáveis montagens e adaptações para o teatro e o cinema ao redor do mundo.
A Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura (SEC), apresenta a partir do dia 10 de abril a obra-prima do compositor francês Georges Bizet no palco onde estreou há 101 anos, com uma montagem inédita do diretor brasileiro radicado na Espanha Allex Aguilera – atualmente, Diretor Residente e de Área Cênica do Palau de les Arts Reina Sofia e Diretor Associado na montagem da tetralogia wagneriana com a Cia. La Fura dels Baus – e figurinos assinados por Fabio Namatame.
A temporada terá sete apresentações até 19 de abril e integra a programação artística sob a responsabilidade do Maestro Isaac Karabtchevsky, que conduzirá aOrquestra Sinfônica e Coro do TMRJ e o Coral Infantil da UFRJ. À frente do elenco de solistas, as mezzo-sopranos Luisa Francesconi e Edineia de Oliveira se alternam no papel-título ao lado dos tenores Fernando Portari e José Manuel Chú, como Don José, da soprano russa Ekaterina Bakanova (Micaela) e do barítono letão Valdis Jansons (Escamillo). A produção terá ainda a participação especial da atriz Ada Chaseliov como intérprete de Lillas Pastia, personagem dono da taberna tradicionalmente masculino, mas representado pela primeira vez por uma mulher.
“Trazer ao nosso palco a energia vibrante e a beleza da música deste gênio que foi Bizet, com árias tão queridas do público como a Habanera e a Canção do Toreador, em uma nova montagem assinada pelo talentoso Allex Aguilera me deixa muito feliz. Queremos dedicar esta produção à saudosa mezzo-soprano Carmen Pimentel, que estreou sua gloriosa carreira aqui no Municipal cantando Carmen e nos deixou recentemente”, comenta Carla Camurati, presidente da Fundação TMRJ.
Baseada na novela homônima de Prosper Mérimée, esta ópera em quatro atos, com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, é ambientada em Sevilha em 1820 e narra a história da cigana Carmen, uma mulher sem escrúpulos que seduzia os homens e os levava à perdição. No triângulo amoroso com o toureiro Escamillo e o cabo de polícia Don José, enlouquecidos pela paixão, ela leva a pior: sentindo-se traído, Don José mata Carmen a punhaladas.
“Uma ópera repleta de temas belíssimos, de danças inebriantes e com uma história de amor, ciúmes e traição que a transformaram, com muita justiça, em uma referência no repertório operístico mundial. Apesar de francês, Bizet conseguiu captar o espírito espanhol como poucos o fizeram, trazendo todo o calor, energia e a atmosfera ibérica, repleta de touros, contrabandistas e tabernas para sua partitura, com fluidez e encantamento”, destaca o Maestro Isaac Karabtchevsky.
Diretor cênico e autor dos cenários do espetáculo, Allex Aguilera explica o conceito da produção: “Esta montagem é atemporal porque, apesar de Carmen ter uma música sublime, é uma ópera sobre a violência e que continua atual, por abordar, entre outros assuntos, a agressão contra a mulher. Criei cenários extemporânos construídos em planos superpostos e com algumas projeções de imagens. Fábio Namatame elaborou figurinos que não ficam situados em nenhuma época específica. Gostaria que o público se sentisse envolvido na trama. Infelizmente, a violência de gênero ainda é muito presente nas diversas culturas, com mulheres sendo mortas em mãos de homens que equivocadamente, a meu ver, chamam de crime passional, não só no Brasil, como no mundo inteiro”.
Sucesso desde sua estreia em Aida, no ano passado, o projeto Falando de Óperaterá mais uma edição nesta temporada. São palestras grátis com uma hora de duração sobre o espetáculo a ser apresentado – aos moldes das opera talks realizadas em teatros europeus –, com início uma hora e meia antes do começo da sessão, no Salão Assyrio. As palestras serão apresentadas pelo Maestro Silvio Viegas, regente titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, e por Bruno Furlanetto que falarão sobre a história de Carmen e abordarão também detalhes específicos desta montagem.
A ÓPERA
Música de Georges Bizet e libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy.
Música de Georges Bizet e libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy.
Ao apresentar uma protagonista transgressora, que ia de encontro aos padrões da época, Carmen foi mal-recebida em sua estreia, em março de 1875, e alvo de duras críticas. Os sete meses que separaram a catastrófica première de sua reestreia vienense, esta sim aclamada pelo público, não foram suficientes para que seu autor colhesse os louros do sucesso. Georges Bizet morreu aos 36 anos em junho daquele ano. A temporada na capital austríaca, em que a ópera foi cantada em alemão, angariou admiradores proeminentes como os compositores Brahms, Wagner e Tchaikovsky e o filósofo Nietzsche. A obra seguiu para Bruxelas, Nova Iorque, Berlim e, em 1883, fez sua volta triunfal a Paris.
Carmen estreou no Brasil em 1881 – seis anos depois de sua estreia mundial – no Teatro D. Pedro II, no Rio de Janeiro, pela Companhia Francesa de Maurice Grau, que se tornou famoso por ter dirigido o Metropolitan de New York e o Covent Garden de Londres. Nossa primeira Carmen foi, com enorme sucesso, Paola Marié, irmã de Célestine Marié, a criadora do papel em Paris. No Theatro Municipal, ela foi vista pela primeira vez a 6 de setembro de 1913 e foi cantada em italiano, prática que durou algumas décadas. Já subiu à cena em 30 temporadas, num total de 91 récitas. Com as sete desta temporada, farão um total de 98 récitas, colocando-a na sétima posição entre as óperas mais vistas no Municipal carioca.
SINOPSE
Primeiro ato
Praça em Sevilha, de um lado a fábrica de cigarros e de outro o quartel dos Dragões de Alcalá. Ao meio-dia há a troca de guardas e as operárias saem da fábrica. Entre elas está Carmen, uma cigana sensual, desejada por todos. Micaela está à espera de Don José, um cabo da corporação, trazendo uma carta de sua mãe que deseja vê-lo. Em seguida, tendo voltado ao trabalho, as operárias fazem um grande tumulto e saem pedindo ajuda ao tenente dos Dragões, o oficial Zuniga, que ordena a Don José que veja na fábrica a causa da confusão. Este retorna trazendo Carmen, que é presa por ferir uma colega numa briga. Carmen seduz Don José, que a solta e é preso por isso.
Segundo ato
É noite na taberna de Lillas Pastia, onde Carmen, suas amigas, operárias, soldados e homens do povo se divertem. O bar está inflamado pela música, bebida e a atmosfera noturna quando é anunciada a chegada de Escamillo, um toureiro de Granada, que passa pela cidade para as touradas. As mulheres encantam-se com ele, inclusive Carmen, que espera Don José. Após a saída de todos, os contrabandistas pedem a ajuda de Carmen e suas amigas para fazer entrar a próxima carga na cidade. Don José aparece e é convidado por Carmen a unir-se ao grupo. Ele reluta, mas após duelar com Zuniga, que voltara ao bar à procura de Carmen, sem escapatória, vê-se obrigado a desertar e a se unir aos contrabandistas.
Terceiro ato
Nas montanhas próximas de Sevilha, os contrabandistas, homens e mulheres se reúnem para entrar com o contrabando na cidade. Don José está arrependido e Carmen já não o suporta mais. Mercedes e Frasquita leem a sorte nas cartas e só veem futuro promissor. Carmen faz o mesmo e vê a sua morte. Don José fica de vigília quando aparece Escamillo, que conta estar tendo um caso com Carmen. Lutam e Carmen impede que Don José mate Escamillo. Micaela, que fora à montanha procurar Don José, lhe entrega uma carta de sua mãe, que está doente e quer vê-lo antes de morrer. Don José parte ameaçando Carmen e prometendo vê-la mais tarde.
Quarto ato
Ruas de Sevilha, próximo à Praça de Touros. É dia de corridas. Vendedores e o povo se misturam com a chegada das “quadrilhas” de toureiros. Entram o grande Escamillo e Carmen, como sua nova namorada. Todos se dirigem à Praça de Touros, menos Carmen, que é avisada por suas amigas de que Don José está ali e que é um perigo para ela. Carmen, sem temer nada, enfrenta Don José dizendo que não o ama mais e se desfaz do anel que ganhara dele. Após este ato de desprezo, Don José mata a cigana e chora sobre seu corpo.
FICHA TÉCNICA
- Direção Musical e Regência: Isaac Karabtchevsky
- Direção cênica e cenografia: Allex Aguilera
- Figurinos: Fabio Namatame
- Iluminação: Eduardo Dantas
- Direção cênica e cenografia: Allex Aguilera
- Figurinos: Fabio Namatame
- Iluminação: Eduardo Dantas
Cantores
- Carmen (mezzo-soprano): Luisa Francesconi, (dias 10, 13, 16 e 19) Edineia de Oliveira (dias 12, 15 e 17)
- Don José (tenor): Fernando Portari (dias 10, 13, 16 e 19) e José Manuel Chú (dias 12, 15 e 17)
- Micaela (soprano): Ekaterina Bakanova
- Escamillo (barítono): Valdis Jansons
- Frasquita (soprano): Lucia Bianchini
- Mercedes (mezzo): Daniela Mesquita
- Remendado (tenor): Geilson Santos
- Morales (barítono): Leonardo Páscoa
- Zuniga (barítono) : Daniel Germano
- Dancaire (barítono): Marcelo Coutinho
- Don José (tenor): Fernando Portari (dias 10, 13, 16 e 19) e José Manuel Chú (dias 12, 15 e 17)
- Micaela (soprano): Ekaterina Bakanova
- Escamillo (barítono): Valdis Jansons
- Frasquita (soprano): Lucia Bianchini
- Mercedes (mezzo): Daniela Mesquita
- Remendado (tenor): Geilson Santos
- Morales (barítono): Leonardo Páscoa
- Zuniga (barítono) : Daniel Germano
- Dancaire (barítono): Marcelo Coutinho
Artista convidada: Ada Chaseliov, como Lillas Pastia
Participação do Coral Infantil da UFRJ
Direção Artística e Regência: Maria José Chevitarese
Direção Artística e Regência: Maria José Chevitarese
Fonte: http://www.movimento.com/
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