CARMEN COM LUZES E SOMBRAS NO THEATRO MUNICIPAL. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
"Carmen" de Georges Bizet com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela de Prosper Merrimée estreou novamente no Theatro Municipal de São Paulo nesta quinta-feira, 29 às 20:00 horas com lotação esgotada em todas as suas récitas, que prosseguem até o dia 11, às 20:00 h.
Cena de Carmen, foto Heloisa Ballarini
São muitas as lembranças que este teatro guarda em sua memória entre as intérpretes que por ele transitaram : Bruna Castagna, Lili Djanel, Gabriella Besanzoni, Jennie Tourel, Fedora Barbieri, Franca Mattiucci, Marta Rose, Francine Arrauzau, Carolyn Sebron, Jadranka Javanovic e Luciana Bueno e principalmente Celine Imbert ( a última interpretou com muito brilho esta personagem em São Paulo, não no Municipal, por estar fechado para reforma nos anos 1985/88; depois em Curitiba, Rio de Janeiro, e outras capitais brasileiras); também grandes maestros concertatores dirigiram Carmen neste palco: Arturo De Angelis, Armando Belardi, Nino Bonavolontá, Michelangelo Veltri, e Isaac Karabtchevsky (em 1994 e 1998) entre outros.
São muitas as lembranças que este teatro guarda em sua memória entre as intérpretes que por ele transitaram : Bruna Castagna, Lili Djanel, Gabriella Besanzoni, Jennie Tourel, Fedora Barbieri, Franca Mattiucci, Marta Rose, Francine Arrauzau, Carolyn Sebron, Jadranka Javanovic e Luciana Bueno e principalmente Celine Imbert ( a última interpretou com muito brilho esta personagem em São Paulo, não no Municipal, por estar fechado para reforma nos anos 1985/88; depois em Curitiba, Rio de Janeiro, e outras capitais brasileiras); também grandes maestros concertatores dirigiram Carmen neste palco: Arturo De Angelis, Armando Belardi, Nino Bonavolontá, Michelangelo Veltri, e Isaac Karabtchevsky (em 1994 e 1998) entre outros.
A música de Bizet possui nesta Carmen, ainda um estilo gounodiano, sobretudo nas passagens destinadas à Micaela e no dueto com seu noivo José; porém a fina e delicada instrumentação empregada pelo compositor nas flautas, na harpa, cordas em geral e demais madeiras; nas gradações de andamento e dinâmica, traduz um Bizet avançado para a época, quando a ópera estreou no Opéra-Comique de Paris a 3 de março de 1875 com uma boa dose de "realismo" que foi responsável pela reação escandalizada do público não acostumado à crueza de muitas das situações cênicas. O maestro espanhol Ramon Tebar, experimentado regente, expôs autoridade e competência frente à Orquestra Sinfônica Municipal. Inverteu a Aragonnaise com o coro "A deux cuartos..." no entreato (3º e 4ºs) , previlegiando um bonito bailado "a carater". Diga-se de passagem, que o Balé da Cidade de São Paulo efetivou seus dotes, enriqueceu e solidarizou-se para a plástica do espetáculo, oferecendo uma tridimensionalidade em coreografias de Matilde Rúbio apropriadas e fiéis . Os coros preparados por Bruno Greco Facio nem sempre estiveram coesos com a orquestra .
Cena de Carmen, foto Heloisa Ballarini
Cena de Carmen, foto Heloisa Ballarini
A direção cênica de Filippo Tonon rende bem nos dois primeiros atos e principalmente no 1º, porém tornou-se linear a partir do 3º; com cenas arrastadas, pesadas e cansativas; o mesmo podendo-se afirmar quanto à cenografia de Juan Guillermo Nova que iniciou bem, todavia deparou-se numa monotonia repetitiva, sem criatividade. Participação do coro infantil (da Gente) graciosa e precisa. Os figurinos em tons ora pastéis, terrosos, ora quentes ou frios de autoria da italiana Cristina Aceti, ajudados pela iluminação de Caetano Vilela (indireta sobre a cena), apenas filtrando-a, deram um relevo plástico bastante homogêneo e atraente, coadjuvados com a transposição da ambientação para 1875, ocasião da 2ª Revolução Industrial, o ano da estréia da ópera em Paris, e do prematuro falecimento de Bizet.
No papel título Rinat Shaham apresenta bom domínio cênico desta difícil incumbência. Bonito fraseado, timbre quente e extensão vocal satisfatória contudo após desempenhar-se a contento nos primeiros atos, deixa um clarão nos graves de sua imensa cena das cartas, decepcionando assim o público que tanto a aguardava. Secundada pelas amigas Frasquita e Mercedes nas vozes de Marta Torbidoni e Malena Dayen, estas desempenharam-se bem como soprano lírico leggero e mezzo soprano respectivamente.
Thiago Arancam encarnou o Don Jose com garra esbanjando voz, bonito timbre e temperamento para encarar a dissimulada, sarcástica e atrevida Carmen. Cantou bonito sua ária (La fleur que tu m'avais jetée) e, com muita paixão, o dueto final.
No papel da doce Micaela, a croata Lana Kos possui voz redonda, um pouco metálica de soprano lírico, mas de pequeno volume: iniciou o dueto "Parle-moi de ma mère !..." fria e insegura, melhorando pouco no seu maior momento: (Je dis que rien né m' épouvante), não conseguindo entusiasmar o público. O toureiro Escamillo foi o barítono brasileiro Rodrigo Esteves de quem também se esperava um maior rendimento vocal. A tessitura grave escrita realmente a esse personagem, exige do intérprete uma voz potente e bem maior. Não é com um agudo ao final de sua canção, fora da partitura, que se ganha a platéia. A voz de David Marcondes que encabeça o elenco dos dias 31/5, 08 e 11 de junho com Luisa Francesconi e Fernando Portari , com certeza é bem mais apropriada.
Os contrabandistas, os tenores franceses Francis Dudziak e Rodolphe Briand são dois artistas que enriquecem o elenco; ótima foi a versão de "Nous avons en tête une affaire" o famoso quinteto do 2º ato. Participaram eficazmente o baixo italiano Massimiliano Catellani (Zuniga), o barítono Vinícius Atique (Morales), bem como uma comparsaria que bem preencheu o IV ato da ópera em suas primeiras cenas .
Escrito por Marco Antônio Seta em 31 de maio de 2014.
Inscrito (Jornalista) sob nº 61.909 MTB / SP
Desculpe Marco Antonio, sua critica veio muito boa dessa vez, com ressalva sobre o tenor que nao justifica ser contratado para seis recitas e o outro tres. O fraseado era ruim, tecnica.deficiente, mas de bonita voz. O mesmo é um tenor lirico, oq o deixa descoberto no dueto final, que é dramatico e nada a ver com paixao! Essas coisas fizeram entender pq foi vaiado no Colon no mesmo titulo. Notemos ainda que a voz é pequena e o Colon tem o dobro do.nosso tamanho.
ResponderExcluirCaro Marco Antônio, o mezzo não é lá essas coisas. Não empolgou em nenhum momento. Esbanjou sensualidade, mas foi muito mal cenicamente. Concordo quanto à ária das cartas. S atuação dela foi sofrível. E daí prá frente um horror. O tenor horrível também. Não é tenor dramático. Ficou péssimo no papel. O seu timbre soou desagradável o tempo todo. Uma tortura. Deveria ter sido vaiado aqui também. Mas quem merecia uma sonora vaia era o barítono pelo agudo despropositado. O maestro espanhol foi impecável e o Coro Lírico também. Assim como o Coro das crianças. A coreografia do Balé muito arrastada. Deveria ser mais vibrante. Concordo com os comentários sobre a direção cênica e cenários. Quanto aos figurinos, uma monotonia do começo ao fim.Faltou vivavicide.
ResponderExcluirPrezado Marco Antonio: Você sempre fala com conhecimento, e diz as verdades . Parabéns e gostei realmente de sua crítica.
ResponderExcluirConhecimento coisa nenhuma!!! O barítono foi o MELHOR da noite, por favor!!!
ResponderExcluirAinda bem que os aplausos e bravos do publico demonstram que sua critica é somente a sua opinião senhor Seta.
O público que vai hoje ao Teatro Municipal não entende nada, nunca viu grandes cantores em lugar nenhum . Por isso aplaude tudo e todos com entusiasmo.
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