LA SYLPHIDE, BALÉ PARA TODAS AS IDADES. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

   

   Após anos fazendo coreografias diversificadas a São Paulo Cia de Dança começa a adentrar no balé clássico romântico com a estreia de La Sylphide de Mario Galizzi a partir do original de August Bornonville (1805-1879). A primeira pergunta é por que esse título? Afinal de contas La Sylphide não é um dos balés clássicos ou românticos mais conhecidos. Eu mesmo só conhecia a versão de Pierre Lacotte de Paris. Os motivos da escolha são diversos: Novos desafios técnicos para a Cia, o balé pode viajar a diversos teatros do Estado e a história é de uma comoção inebriante.
   A opção do coreografo Mario Galizze pela versão mais curta de Bornonville é adequada por facilitar a montagem, mantém a linguagem original do balé romântico e incorpora elementos da dança folclórica celta. Conta a história de maneira simples e direta, sem as delongas intermináveis de alguns balés. Sua coreografia opta pela simplicidade, não exige grande virtuose dos solistas. Os pés se movimentam com agilidade e os braços ficam travados ao corpo.
  Os cenários são um deslumbre, o primeiro ato a tradicional casa com um ambiente social onde todos se confraternizam. No segundo a bela floresta transporta a um clima de magia. A cena inicial do segundo ato, com as bruxas fazendo a feitiçaria é de tirar o fôlego. A luz um pouco escura do primeiro ato tira a magia do cenário e figurinos, melhora no segundo. Os figurinos seguem o tradicional e se mostram adequados ao enredo. Feiticeiras, Sylphides e camponeses muito bem representados.

   O corpo de baile da São Paulo Cia de Dança esta em sintonia com a dança clássica romântica. Mostraram boa coordenação nos números. Como camponeses e Sylphides dançaram a altura de um grande balé, como uma grande trupe. A Sylphide de Luiza Yuk esteve sempre apaixonada, meiga e delicada. Parece flutuar no palco, dança com técnica  refinada e consegue transmitir a paixão da personagem. O James de Yoshi Suzuki teve boa atuação cênica, nos saltos e na técnica dos pés pecou com diversas falhas. Os bruxos dos dois atos transportaram a maldade para a plateia.
   A interação com o público promovida pela SPCD é elogiável: Palestra da diretora Inês Bogéia sobre o balé em um andar, fotos com os bailarinos em outro e autógrafos ao fim da apresentação fazem interessante interação da SPCD para com o público.
   La Sylphide é um balé que mostra diversos temas inerentes ao ser humano. Explora relações amorosas, lendas, relacionamentos afetivos e o casamento. Ideal para todas as idades, na apresentação de Domingo dia 15/06 os pais levaram a criançada em peso para assisti-lo. Tema atemporal e universal, pena que não seja tão popular como outros balés. Pela riqueza de elementos, pela agilidade dos passos e curta duração serve de porta de entrada ao balé clássico romântico e deveria estar no repertório de todos os grandes teatros de dança.
Ali Hassan Ayache

Fotos , cenas da La Sylphide, Wiliam Aguiar

   

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