ANDRÉ RIEU BRASILEIRO, JOÃO CARLOS MARTINS E SUA BACHIANA FILARMÔNICA SESI-SP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A Bachiana Filarmônica SESI-SP apresentou seu quarto concerto do ano na noite de 01 de Julho na Sala São Paulo. João Carlos Martins é o diretor artístico e regente titular da orquestra e ela só existe devido a sua pessoa. Martins mais uma vez pegou o microfone e exaltou seus feitos e citou diversos lugares de fora por onde tem andado. A composição da orquestra é uma mescla de músicos, vi muitos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo por lá. Nem com alguns músicos tarimbados a Bachiana consegue ser uma orquestra razoável.
O programa começa com a Obra Concertante para trompa e Orquestra (estreia mundial) de Fernando Riederer. Peça chata com música que vai do nada a lugar algum, o solista Samuel Hamzem transpôs as notas barulhentas com seu instrumento chegando a ter que soprar em algumas passagens. Dizer que a história julgará a peça é pura bobagem caro João Carlos Martins, isso ocorreu com gênios da música como Mozart e Beethovem. As obras encomendadas por ti estão fadadas ao esquecimento eterno, ficarão mofando nos arquivos mortos para todo o sempre.
A segunda parte apresentou três peças de J. S. Bach, Jesus Bleibet Meine Freude BMV - 147 , Wachet auf, ruft uns die stimme - BMV 645 e Wir danken dir gott -BMV 29. A primeira e a segunda foram tocadas com sonoridade abafada, andamentos lentos e sem o menor brilho, chegou a dar sono. A terceira apresentou melhor corpo musical e bom volume.
O Allegro do terceiro movimento do Concerto para flauta H 426 WQ 22 de C. P. E. Bach teve a orquestra melhor organizada musicalmente e um excelente desempenho de Edson Beltrami na flauta. O solista extraiu de seu poderoso instrumento notas vivas com nuances refinadas. Sua técnica apurada mostra agilidade precisa e bons diálogos com a orquestra. A melhor apresentação da noite.
Findo o intervalo tivemos o Concerto para piano e orquestra número 3 em Dó menor opus 37 de L. V Beethoven. Apresentação burocrática e mediana da orquestra com o solista Jean-Louis Steuerman fazendo o básico, não saindo do arroz com feijão. Os diálogos piano-orquestra se mostraram confusos e algumas vezes fora de tempo com a massa orquestral abafada e falta de unidade entre os naipes. O tema do primeiro movimento empolga o espectador com suas melodias, não adiantou o regente pedir para não aplaudir entre o primeiro e segundo movimento, o público entusiasmado soltou palmas efusivas prontamente abafadas pelos que entendem que não se aplaude nessa hora.
O Concerto para dois Pianos e Orquestra em Dó menor - bwv 1060 de J. S. Bach teve seu segundo movimento apresentado por João Carlos Martins & Jean-Louis Steuerman. Sabemos que o regente foi talentoso pianista no passado e sempre que pode adora mostrar superação de seus problemas. Infelizmente o que se viu foi uma apresentação abaixo de qualquer crítica com Martins pescando as notas e nada mais que isso. O colega Milton Ribeiro definiu perfeitamente esse fato em texto publicado nesse blogue em Outubro de 2012 : " Ontem tivemos um concerto regido por João Carlos Martins na Ospa. No passado, Martins foi um grande pianista, um excelente intérprete de Bach, mas depois uma série de acidentes e circunstâncias fizeram com que ele perdesse o movimento das mãos. Hoje, aos 72 anos, Martins atua como uma espécie de André Rieu brasileiro, regendo música ligeira e batucando lamentavelmente um piano com os três dedos que ainda lhe atendem. Vê-lo tocando é triste tanto para os olhos como para os ouvidos, é algo que busca despertar nossos sentimentos de pena, que toca muitas pessoas facilmente suscetíveis a situações do tipo ele-está-lutando-contra-a-adversidade ou e-mesmo-assim-ele-é-feliz. Não é proibido e muita gente gosta, mas, na minha opinião, a vaidade de Martins é tão grande que mesmo a exposição de suas deficiências como pianista serve a seu ego sedento de espectadores. E ele encontrou um público que ouve seus discursos e o aplaude, feliz. Não é mais arte, não é mais música erudita, é a utilização de prestígio para tocar movimentos sinfônicos ou nem isso. Ontem por exemplo, ele apresentou um retalho do Bolero de Ravel, pois talvez lhe falte resistência física ou não sinta interesse do público numa audição integral.Não creio que tenha, em toda a minha vida, assistido a um concerto pior do que o de ontem"
Ali Hassan Ayache
O Allegro do terceiro movimento do Concerto para flauta H 426 WQ 22 de C. P. E. Bach teve a orquestra melhor organizada musicalmente e um excelente desempenho de Edson Beltrami na flauta. O solista extraiu de seu poderoso instrumento notas vivas com nuances refinadas. Sua técnica apurada mostra agilidade precisa e bons diálogos com a orquestra. A melhor apresentação da noite.
Findo o intervalo tivemos o Concerto para piano e orquestra número 3 em Dó menor opus 37 de L. V Beethoven. Apresentação burocrática e mediana da orquestra com o solista Jean-Louis Steuerman fazendo o básico, não saindo do arroz com feijão. Os diálogos piano-orquestra se mostraram confusos e algumas vezes fora de tempo com a massa orquestral abafada e falta de unidade entre os naipes. O tema do primeiro movimento empolga o espectador com suas melodias, não adiantou o regente pedir para não aplaudir entre o primeiro e segundo movimento, o público entusiasmado soltou palmas efusivas prontamente abafadas pelos que entendem que não se aplaude nessa hora.
O Concerto para dois Pianos e Orquestra em Dó menor - bwv 1060 de J. S. Bach teve seu segundo movimento apresentado por João Carlos Martins & Jean-Louis Steuerman. Sabemos que o regente foi talentoso pianista no passado e sempre que pode adora mostrar superação de seus problemas. Infelizmente o que se viu foi uma apresentação abaixo de qualquer crítica com Martins pescando as notas e nada mais que isso. O colega Milton Ribeiro definiu perfeitamente esse fato em texto publicado nesse blogue em Outubro de 2012 : " Ontem tivemos um concerto regido por João Carlos Martins na Ospa. No passado, Martins foi um grande pianista, um excelente intérprete de Bach, mas depois uma série de acidentes e circunstâncias fizeram com que ele perdesse o movimento das mãos. Hoje, aos 72 anos, Martins atua como uma espécie de André Rieu brasileiro, regendo música ligeira e batucando lamentavelmente um piano com os três dedos que ainda lhe atendem. Vê-lo tocando é triste tanto para os olhos como para os ouvidos, é algo que busca despertar nossos sentimentos de pena, que toca muitas pessoas facilmente suscetíveis a situações do tipo ele-está-lutando-contra-a-adversidade ou e-mesmo-assim-ele-é-feliz. Não é proibido e muita gente gosta, mas, na minha opinião, a vaidade de Martins é tão grande que mesmo a exposição de suas deficiências como pianista serve a seu ego sedento de espectadores. E ele encontrou um público que ouve seus discursos e o aplaude, feliz. Não é mais arte, não é mais música erudita, é a utilização de prestígio para tocar movimentos sinfônicos ou nem isso. Ontem por exemplo, ele apresentou um retalho do Bolero de Ravel, pois talvez lhe falte resistência física ou não sinta interesse do público numa audição integral.Não creio que tenha, em toda a minha vida, assistido a um concerto pior do que o de ontem"
Ali Hassan Ayache
Comentários
Postar um comentário