"LAKME" CHEGA A SANTIAGO DO CHILE. CRÍTICA DE MARCO ANTÔNIO SETA NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Foram necessários 110 anos para que Lakmé voltasse ao Teatro Municipal de Santiago.
Estreou para esta geração do século XXI a opera de 1883, de Leo Delibes *1836-1891, em 5 de julho com um público que encheu o teatro plenamente, curioso e entusiasta, que se encantou com a beleza e a sutileza da partitura musical do compositor do ballet francês *Coppelia, o mais conhecido. Encontrar intérpretes idôneos e capazes de preencher as dificuldades do papel/título e de Gerald não se tornam fáceis. A orquestracão delicada e sutilmente trabalhada por Delibes foi habilmente apresentada por Maximiano Valdes, não permitindo que as vozes fossem encobertas pela Orquestra Filarmônica de Santiago.
Inexplicavelmente, o regisseur Jean-Louis Pichon estagnou seus artistas a uma rigidez cênica, tornando cenas e quadros estáticos, inexpressivos e frios, dificultando a envergadura dramática tanto nas cenas de romance como nas de grande conjunto. Nos duetos de amor do par central, Gerald distante e inerte com Lakmé e nas cenas com coro. Invocação aos deuses, na praca do Mercado, não houve nenhuma preocupação em dinamizar o espetáculo.
Aliás, assim quem assistiu pela primeira vez ao vivo, ficará com uma impressão bastante negativa desta preciosa obra de arte. Quanto ao cenário, basicamente único, um constante túnel azul com forma de espiral de autoria do francês Jerome Bourdin,que responde também pelos trajes pouco expressivos, todos iguais, onde utilizou os tons de azul e branco para os hindus e o cinza em tom único para os ingleses. Nesta ópera em que o amor proibido entre uma sacerdotisa do deus Brahma e um oficial inglês em plena época de colonização britânica na Índia, a criatividade, na utilização das matizes de cores e também da iluminação, ficou alheia.
A partitura melosa, espiritual e finamente musicada, foi interpretada por Julia Novikova, a Lakmé desta produção. Soprano lírico-ligeiro de origem russa, apresenta um refinamento técnico-vocal de excelente procedência. Todavia, nas passagens mais virtuosísticas ela compensa com pianissimos e dribla os superagudos da sua principal ária “Ou-va la jeunne indoue”, não emitindo a nota de conclusão. Compensa tudo com uma alta interpretação lírica em seu registro central e em suas passagens para as notas mais agudas. Esteve soberba em todo o ato I e ato III.
A partitura melosa, espiritual e finamente musicada, foi interpretada por Julia Novikova, a Lakmé desta produção. Soprano lírico-ligeiro de origem russa, apresenta um refinamento técnico-vocal de excelente procedência. Todavia, nas passagens mais virtuosísticas ela compensa com pianissimos e dribla os superagudos da sua principal ária “Ou-va la jeunne indoue”, não emitindo a nota de conclusão. Compensa tudo com uma alta interpretação lírica em seu registro central e em suas passagens para as notas mais agudas. Esteve soberba em todo o ato I e ato III.
Antonio Figueroa, tenor canadense lírico leggero, estilo mozartiano, como Gerald, possui um timbre lindo e de rara beleza, muito musical, e o seu canto nos oferece prazer. A voz apropria-se totalmente do personagem e, nas óperas francesas para tenor lírico-ligeiro, ele deve sair-se muito bem. O fraseado de seu francês é perfeito. As árias “Fantaisie aux divins mensonges” e “Ah! viens dans la foret profonde” foram lindamente interpretadas. Mallika esteve na voz do mezzo soprano espanhol Nerea Barraondo e saiu-se satisfatoriamente, especialmente no dueto “Dome epais le jasmin…”.
O baixo-baritono Leonardo Neiva, (Nilakantha), projetou sua voz na região central e aguda com satisfatoriamente, com a ária “Lakmé, ton deux regard” bem lançada. Pouco se locomoveu cenicamente, obedecendo ao regisseur. O Frederic de Aimery Lefevre não entusiasmou. Os demais do elenco a contento: um afável Hadji de Rony Ancavil, e as damas britânicas de Madelene Vasquez (Ellen),Daniela Ezquerra (Rose) e Claudia Godoy(Mrs. Bentson), todos chilenos. Completou o elenco o Coro do Teatro Municipal, com redução de seus membros, sob a direção do uruguaio Jorge Klastornick, com vozes evocativas, sonoras e delicadas, como pede a partitura. Negativamente, o ballet central do ato II foi cortado, páginas de beleza oriental e exotismo.
Récitas até 14 de Julho.
Escrito por Marco Antonio Seta em 07 de julho de 2014, de Santiago do Chile.
Inscrito Jornalista sob no. 61.909 MTB / SP
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