OS CUSTOS DAS PRODUÇÕES DO TMRJ. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Os teatros de ópera, ballet e música clássica no Brasil em geral sempre foram locais de gastos não explicados.
E também não justificáveis nem justificados por seus diretores, empresários, profissionais técnicos, et caterva. Não há e nunca houve fiscalização por autoridades realmente entendidas no assunto.
Trabalhei como segundo tenor e solista de pequenos papéis no Teatro Lirico d´Europa, no Grand Théâtre de Dijon, França, no Coro Itinerante da Nova Ópera da Bulgária e em vários coros avulsos de aluguel em Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, e em alguns países da América. Isso me deu oportunidade de ver muito de perto dezenas de teatros de todos esses países, de lidar com o dia a dia desses teatros, de saber que muitos deles alugavam orquestras, coros e ballets itinerantes, sem gastar dinheiro com a manutenção de corpos estáveis.
Vi de perto os “x” dos problemas. E o principal deles era, nos teatros que produziam suas próprias óperas e seus próprios ballets, como La Scala, Opera de Roma, Opera de Paris, National Theater de Munique, Teatro Colón de Buenos Aires, uma coisa chamada REPOSIÇÃO, ou seja, a volta ao palco de óperas e ballets já encenados do gosto do público.
Essa REPOSIÇÃO era e é feita com simplicidade em muitos teatros PORQUE OS CENÁRIOS, FIGURINOS, ADEREÇOS E CÓPIAS DE PARTITURAS são minuciosamente GUARDADOS E CONSERVADOS em locais próprios, geralmente longe dos lugares muito habitados das cidades.
Essa REPOSIÇÃO era e é feita com simplicidade em muitos teatros PORQUE OS CENÁRIOS, FIGURINOS, ADEREÇOS E CÓPIAS DE PARTITURAS são minuciosamente GUARDADOS E CONSERVADOS em locais próprios, geralmente longe dos lugares muito habitados das cidades.
No Colón, levado pela mão amiga de José Andrés Maspero, então diretor daquele teatro, vi no subsolo do próprio teatro vários cenários etc… das óperas mais populares dobrados, encaixotados, engavetados, com etiquetas identificadoras. Em Munique, vi em grandes áreas na campanha serem construídos enormes galpões para a conservação de material de óperas e ballets. Assim, vi ou me contaram a mesma coisa em Madrid, em Frankfurt, em Lisboa, em Turim. No ano Verdi/Wagner (2013), a Scala levou ao palco grande temporada, com cerca de 70% dos números em REPOSIÇÃO!!! Estava tudo guardado!!!!
No nosso TMRJ quase não há REPOSIÇÕES. Perguntei por escrito, com espírito de legalidade, onde estariam guardados cenários, figurinos e adereços das óperas encenadas desde 2007. Não responderam. Ou melhor, responderam que estavam resolvendo, que iam dizer em breve onde foram parar aqueles cenários, figurinos, adereços (?). Nada.Em poucos anos vi três Rigolettos diferentes.
Com tudo guardadinho, conservadinho, fazer uma ópera só custa o cachê dos cantores. O TMRJ tem ou deve ter cenógrafos, régisseurs, iluminadores, regentes, coreógrafos, pianistas ensaiadores, bailarinos, coro, orquestra, etc… tudo pago pelos cofres públicos. Mas – oh suprema e dolorosa facécia!! – os diretores e elementos do TMRJ afirmam que uma ópera simples como La Traviata ou Tosca custam cada uma três, quatro, cinco milhões de reais !!! Assim escrevo exemplificativamente.
Pois eu desafio o TMRJ: DÊEM-ME CENÁRIOS, FIGURINOS, ADEREÇOS E PARTITURAS DE ORQUESTRA E REDUÇÕES PARA CANTO E PIANO, GUARDADOS E CONSERVADOS, ORQUESTRA, CORO, ILUMINADORES, PIANISTAS ENSAIADORES, REGENTES ENSAIADORES, O TEATRO COM TUDO QUE ELE TEM PAGO PELO ESTADO E A RENDA DE BILHETERIA QUE EU LEVO AO PALCO TRÊS RÉCITAS DE UMA ÓPERA SIMPLES E POPULAR, COM CANTORES BRASILEIROS, TUDO COM QUINHENTOS MIL REAIS MAIS DESPESAS DE PUBLICIDADE. EU ACABO COM ESSE VERGONHOSO FESTIVAL DE DESPESAS E DESPERDÍCIO. FAÇO UMA TEMPORADA DE SEIS ÓPERAS NESSA BASE. DUAS ITALIANAS, DUAS FRANCESAS, UMA ALEMÃ E UMA DE AUTOR BRASILEIRO.
LEMBRO A TODOS QUE DANIFICAR, JOGAR FORA, SER NEGLIGENTE OU VENDER O PATRIMÔNIO PÚBLICO É CRIME. E PERGUNTO A TODOS: POR QUE OS BALLETS COPPELIA, DON QUIXOTTE, LAGO DOS CISNES, ROMEU E JULIETA, GISELLE, SÃO REGULARMENTE REPOSTOS HÁ MUITOS ANOS ?
JUDEX ERGO CUM SEDEBIT
MARCUS GÓES
MARCUS GÓES
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