ÓPERA - GÊNERO DE PRIMEIRA NECESSIDADE. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

A ÓPERA sempre assinalou períodos, agindo como marcações e pontos de início ou fim de uma era.

A MÚSICA é um vastíssimo território em que gêneros, escolas, modos, tipos, modas,tendências, sistemas, filosofias e até religiões se cruzam, não se cruzam, se completam, não se combinam, e por aí afora, em indigesta geléia geral. Falamos de um gênero de música, e um dos mais importantes e prolíficos, a ÓPERA, que divide com a música sinfônica, com a música camerística e com a música coral os principais gêneros, havendo naturalmente outras divisões, umas baseadas mais na forma, outras no conteúdo.
A ÓPERA sempre assinalou períodos , agindo como marcações e pontos de início ou fim de uma era. Anotem por exemplo a ópera ORFEO ED EURIDÍCE, de GLUCK (1714/1787), criada em italiano com libreto de RANIERI DI CALZABIGI em Viena em 1762, depois trasladada para o francês e assim lançada em Paris em 1774 com várias modificações.
Comparem depois essa ópera com as anteriores de HÄNDEL (1685/1789), de VIVALDI (1678/1741), de DOMENICO CIMAROSA (1749/1801), deste mesmo as posteriores, e de alguns outros da mesma época (século XVIII) e notarão que a ópera de GLÜCK é inteiramente diferente na exposição das partes dramáticas (como na cena das Fúrias), das cenas líricas (Che puro ciel!), das cenas de lamento e exposição de sentimentos amorosos (Che faró senza Euridíce), no magnífico solo de flauta com orquestra modernamente aproveitado para um  ballet.
Assim, este introito serve para que possamos dizer que ORFEO, de Glück, é uma ópera que contém MÚSICA em sua essência, que é a de exprimir o que quer que seja através dos sons, aí compreendidos melodias, timbres, combinações, volumes, silêncios, ritmos, tensões, adequações, e o que mais seja.
Não são todas as óperas que contém todos os elementos citados, o que certamente não  nos dará o direito de ir ao extremo de dizer que elas não contém MÚSICA. No entanto, essas descerão alguns degraus em uma escala rigorosa de classificação, e conterão MÚSICA DE ÓPERA, como LAKMÉ, de Délibes, ou LA TRAVIATA, de Verdi, ambas de notável beleza operística, ao contrário de DIE WALKÜRE, de Wagner, FALSTAFF, de Verdi, ou TURANDOT, de Puccini,  de excepcional conteúdo de MÚSICA, e também de beleza melódica.
Certamente haverá os meios termos, como FIDELIO, de Beethoven (!!!), como O NAVIO FANTASMA, de Wagner, como LA BOHÈME, de Puccini, como FAUSTO, de Gounod, como O ELIXIR DE AMOR, de Donizetti, como NORMA, de Bellini, como LA GIOCONDA, de Ponchielli, como MANON, de Massenet, como RIGOLETTO, de Verdi, e tantas outras, que ora sobem ora descem. Por exemplo, os três/por/quatro do RIGOLETTO são musiquinha de coreto, enquanto a sucessão de acordes em crescendo na abertura e o dueto Rigoletto/Sparafucile são música de alta qualidade.
Fora de sistemas, categorias ou classificações estão DON GIOVANNI, AS BODAS DE FìGARO e A FLAUTA MÁGICA, de Mozart, LOHENGRIN, OS MESTRES CANTORES DE NUREMBERGUE, TRISTÃO E ISOLDA, todo O ANEL DO NIBELUNGO e PARSIFAL, de Wagner, CARMEN, de Bizet, A DANAÇÃO DE FAUSTO, de Berlioz, BORIS GODUNOV, de Moussorgski, OTELLO e FALSTAFF, de Verdi, TURANDOT, de Puccini, e algumas outras que tocarão ao leitor, se houver…, colocar na lista.
Este artigo é uma improvisação, e não tem pretensões de definir o gosto, filho da inteligibilidade, da capacidade eletiva, da tendência anímica, do refinamento intelectual, da formação educacional e familiar de cada um. Como ponto final: vai ser impossível fazer o Tiririca adorar o dueto KUNDRY/PARSIFAL, e ouvi-lo todo dia antes de dormir…
CHACUN SERA SERVI SELON SES GOUTS…
MARCUS GÓES – OUT 2014
PS. Este artigo, como todos os meus, admite discordâncias e ensinamentos.

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