PROGRAMAÇÃO E PRODUÇÃO. ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Tem havido recentemente dúvidas e polêmicas sobre a programação do TMRJ .
A meu ver, e tenho escrito a respeito, a programação de setembro é magnífica, e a cito e comento no que escrevo, manifestando opinião de que programação é tudo que vai ao palco do teatro, com venda de ingressos  PELA BILHETERIA DO TEATRO ao público.
Fiz parte do CONSELHO CONSULTIVO DE PROGRAMAÇÃO do TMRJ na gestão de Barboza de Oliveira, no final dos anos 80 e início dos 90, em conjunto com o crítico LUIZ PAULO HORTA, a quem rendo póstumas homenagens, o compositor REGIS DUPRAT, o ator SÉRGIO BRITTO, o diretor de ópera LUIZ PAULO SAMPAIO, e outros mais importantes que eu.
Foi aí que, trocando ideias, chegamos à conclusão de que “programação” é tudo aquilo que vai ao palco . Isto porque o TMRJ recebia, como recebe até hoje, as mais esdrúxulas propostas e os mais estranhos pedidos de apresentação. Estes eram apresentados a nós pelo presidente em reuniões em mesa redonda, e éramos nós que resolvíamos, por votação, o que devia ou não ir ao palco. Ópera, ballet, música sinfônica ou de câmera, tudo recebia o mesmo critério de julgamento, ou seja, o principal era o valor artístico/musical do evento julgado, sem preferências. Não se dava ouvidos aos que insistiam em dar preferência a algum gênero. Nesse tempo, só se via o teatro cheio em todos os eventos. Uma das maiores lotações do TMRJ ocorreu com Rudolf Nureiev/ Margot Fonteyn. Outra quando se apresentou o KABUKI, teatro japonês.
Assim, era o TMRJ que decidia sua programação, para tristeza da maioria dos não   aprovados. Havia propostas de atiradores de faca, de orquestras de papagaios, de motores de dentistas com música, de gatos que cantavam, de apresentação de filmes sobre Beethoven feitos no Japão, e o mais que se possa imaginar de estranho e inusitado, algumas rechaçadas unanimemente de imediato, outras não aprovadas com algumas argumentações.
Era o TMRJ que decidia a SUA programação, alugando ou não o teatro, recebendo ou não verbas de empresários, empresas, de artistas. Ora, se era o TMRJ que decidia, a programação era, como é até hoje, a SUA programação.
Nunca houve um só grande teatro internacional que SÓ levasse ao palco produções próprias. Todos eles recebem e aprovam ou não propostas. Não foi o TMRJ que “produziu” LUCIANO PAVAROTTI, PLACIDO DOMINGO, CLAUDIO ARRAU, ISAAC STERN, FILARMÔNICA DE NOVA IORQUE, MARIA CALLAS, TEATRO BOLSHOI, FERNANDO BUJONES, RUDOLF NUREIEV, O BARBEIRO DE SEVILHA (da Opera di Roma), MARGOT FONTEYN, e tantos outros espetáculos e artistas, e  em passado mais distante GIGLI, DI STEFANO, HEIFETZ, RUBINSTEIN. Terá sido o TMRJ quem “produziu” ARTURO TOSCANINI? Foi La Scala que produziu MINHA VIDA PELO TZAR que vi pela companhia do Bolshoi há alguns anos? A ÓPERA DE PEQUIM ou o KABUKI fizeram ou não parte da programação do TMRJ?
HERZ UND MUND UND TAT UND LEBEN ( JSB)
MARCUS GÓES

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