" A DANAÇÃO DE FAUSTO" COM A EXCELÊNCIA DA OSESP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

  

   
    Berlioz é um ser misteriosos, pode-se afirmar que é um compositor de múltiplas facetas, versátil e moderno para a época. Sua escrita orquestral foge do convencional, isto leva a fanáticos apaixonados e alguns que nem querem ouvir falar seu nome. A ópera Les Troyens é sua obra prima e na música orquestral a Sinfonia Fantástica até hoje deixa muitos de queixo caído. Grandes trabalhos em todos os gêneros com composições de diferentes efeitos musicais são características inerentes ao compositor.
   A Orquestra do Estado de São Paulo apresentou uma das obras mais marcantes de Berlioz, A Danação de Fausto tem libreto em versão reduzida se comparado as diversas versões disponíveis da lenda com personagens sumindo e fatos desaparecendo. O foco está em Fausto, Margarida e Mefistofeles. O personagem Fausto de Berlioz busca grandes emoções e não reflexões profundas e seu amor por Margarida é mais uma cilada do diabo que uma paixão avassaladora.
   Richard Armstrong comandou a OSESP com força e precisão. Gestos curtos com ordens manuais e corporais enxutas são o suficientes para impor seus comandos. A orquestra por ele comandada apresentou sonoridade robusta que oscilava entre o lirismo e a força conforme a necessidade da peça. Unificou os naipes e conseguiu coesão entre eles. Diversos instrumentos solaram trechos com grande qualidade técnica. 
   O coro da OSESP regido por Naomi Munikata abriu os trabalhos perdido com naipes sem conexão, no decorrer da obra conseguiram melhores momentos vocais, embora não tenham estado em uma noite brilhante.
   Os solistas conseguiram bons momentos vocais: O tenor Michael Spyres soltou agudos claros em uma voz bem projetada. Jane Irwin tem voz de belo timbre e apresenta uma Margarida apaixonada e dolorosa. O barítono Morten Frank Larsen possuí graves fechados em uma voz grande que enche a Sala São Paulo.
   A apresentação de A Danação de Fausto pela OSESP esteve em nível de grande excelência com a orquestra regida por um maestro de vasta experiência internacional e uma obra de grande envergadura. Música que encanta, reflexiva que transporta o ouvinte a mundos de dimensões superiores. 
Ali Hassan Ayache  

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