WERTHER- FERNANDO PORTARI NO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS- OUTUBRO DE 2014. CRÍTICA DE FANÁTICO UM NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos abriu com a opera Werther de Jules Massenet.
Transcrevo o texto de Pedro Moreira que nos dá um excelente enquadramento da obra:
A acção de Werther desenrola-se em Frankfurt. Foi numa Primavera, símbolo do amor e da natureza, que o jovem Werther conheceu Charlotte, resultando desse encontro uma paixão muito intensa. Apesar de tão nobres sentimentos os unirem, o seu amor era impossível, uma vez que Charlotte, no leito de morte da mãe, prometera casar com Albert. A temática do suicídio resultante do amor impossível, juntamente com a escrita musical fortemente marcada pelo uso da técnica do leitmotiv, traduz-se assim numa agradável combinação de factores que tornam este trabalho numa ópera de culto.
A encenação de Graham Vick foi estreada em Lisboa há 10 anos. Coloca a acção em meados do século XX, mas tem diversas incoerências (onde o que se canta não é o que se vê) que culminam no último acto, décadas depois dos outros, em que a Charlotte é uma idosa parkinsónica (pelo menos desta vez serviu para mostrar as excelentes qualidades cénicas da solista, mas já lá iremos) e o Werther um zombie. Mas é uma encenação vistosa, dinâmica e o guarda-roupa é muito agradável.
Dirigiu bem a Orquestra Sinfónica Portuguesa o jovem maestro Cristóbal Soler.
O tenor brasileiro Fernando Portari foi o Werther. Estava com alguma curiosidade em o ouvir, sobretudo tento em mente o que sobre ele já foi escrito neste blogue pelos nossos amigos brasileiros. Fez um Werther muito credível. Tem uma voz poderosa, agradável, mas a linha de canto nem sempre foi regular. Esteve melhor nos 2º e 3º actos. É um tenor de qualidade superior aos que temos ouvido em São Carlos nos últimos tempos. Em cena esteve regular, mas contracenar com uma Charlotte como a desta récita não é para todos.
Veronica Simeoni, mezzo italiano, foi soberba como Charlotte. Tem tudo – voz, figura e arte dramática. A voz é muito bonita, de extensão apreciável, sempre afinada e bem audível, e manteve a qualidade ao longo de todo o espectáculo. Também a representação cênica foi excelente, o que ajudou muito na construção de uma personagem muito credível. Como referi, no último acto, transformada numa idosa trémula e pouco estável, foi brilhante. Para mim, a melhor da noite.
O Albert do barítono Luís Rodrigues foi também de qualidade superior. O cantor tem-nos brindado com excelentes interpretações nos últimos anos e esta foi mais uma. A voz, potente, expressiva e bem colocada, associa-se a uma presença em palco sempre muito eficaz.
Dos restantes cantores Pierre-Yves Pruvot foi um óptimo Bailio, Cristiana Oliveira foi uma agradável Sophie por vezes com alguma tendência para a estridência, João Merino brilhou como Johann e Mário João Alves nãoesteve num dia de inspiração.
(João Merino)
Desde o ano passado que desconfio que há “lebres” no teatro para os aplausos. Hoje voltei a senti-lo, mas foram totalmente desnecessárias, pois foi um bom espectáculo.
Fanático Um
Fonte: http://fanaticosdaopera.blogspot.com.br/
Comentários
Postar um comentário