BAILARINO GORDINHO NA GALA DA SÃO PAULO CIA DE DANÇA. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
A São Paulo Cia de Dança encerrou a temporada 2014 com uma gala e para uma noite especial chamou convidados para abrilhantarem a exibição. Dois bailarinos brasileiros que fazem sucesso lá fora, Daniel Camargo, primeiro bailarino do Stuttgart Ballet e Thiago Soares primeiro bailarino do The Royal Ballet. Além dos bonitões a noite de encerramento teve coreografias em estreia e peças de repertório que empolgaram o público.
É emocionante ver todas as apresentações da SPCD com casa cheia, sinal que o trabalho é de qualidade e em constante evolução. A Bachiana Número Um de Rodrigo Pederneiras é coreografia do repertório da Cia e mais uma vez os dançantes mostraram seus movimentos intensos, rápidos e excitantes. A música de Villa-Lobos se une aos passos sensuais de Pederneiras criando uma atmosfera que vai do romântico ao sensual aumentando os níveis de excitação da plateia. O centro da coreografia é um longo Pax de Deux, o casal Pamela Valim e André Grippi mostraram entrosamento e conseguiram expressar toda a sensualidade da coreografia.
O Grand Pas de Deux de Dom Quixote teve o bailarino Daniel Camargo ao lado de Thamiris Prata. Coreografia feita na medida para levantar o público, o casal de dançarinos não se fez de rogado e mostrou toda a técnica e virtuose em passos de grau de dificuldade extremo. O público delirou com elevações e fouttés de grande velocidade com aplausos em cena aberta.
Le Spectre de la Rose carrega a fama de ter sido dançada pela primeira vez por Nijjinsky e diz a lenda que sua entrada se dava com um incrível salto, como eu não assisti a isso fica só na lenda. A verdade é que a coreografia é demasiado complexa e está no repertório de diversos balés do mundo. O Mariinsky a apresentou esse mês no teatro Alfa, afirmo que a SPCD fez uma apresentação de mesmo nível do balé russo. Diferenças sutis de passos existem na versão de Mario Galizzi mas a essência da obra está presente. Os batilarinos Ammanda Rosa e Emmanuel Vazquez dançaram em estreia e conseguiram bom nível técnico.
Para fechar a noite um dos clássicos do balé mundial, o Grand Pas de Deux de O Cisne Negro de Mario Galizzi . Quem assistiu o filme O Cisne Negro sabe da dificuldade e dos traumas da protagonista de dançá-lo. O convidado Thiago Soares apresentou-se de forma comum em passos sem grande empolgação, além de estar fora de forma e acima do peso para um bailarino. Quem rouba a cena é Luiza Lopes, a moça incorporou a personagem e esbanjou em técnica. Conseguiu vencer os complexos passos com uma interpretação apaixonada, daquelas que desejam que o príncipe caia na sua lábia. A parte mais empolgante e mais difícil são os 32 fouttés, Luiza Lopes mostrou grande técnica, postura, agilidade e resistência ao executá-los. O público retribuiu com ovações merecedoras, uma bailarina em constante evolução na Cia e com a rara capacidade de dançar coreografias atuais e clássicas com exímia perfeição.
Ali Hassan Ayache
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