LUDWIG VAN BEETHOVEN, O INOVADOR, FARIA ANOS HOJE, 16/12 . VIVA! ARTIGO DE MARCUS GÓES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

A vida, como dizia Borges (1), gosta de labirintos, coincidências, espelhos, reflexos.


Pois não é que meu filho Bruno adora Beethoven, e nasceu no mesmo dia do “homem” ?!! Dia 16 de dezembro, 1770 para LvB, 1988 para Bruno, que agora está vendo um DvD com a Nona Sinfonia, uma de suas obras preferidas. Ah, Borges. Como você estava certo ao dizer o que disse !!
Antes, vamos deixar claro que há dúvidas quanto ao dia exato do nascimento de Beethoven. Naqueles tempos, confundia-se muito a data de nascimento com a data de batismo, e LvB foi batizado dia 17. No entanto, a data mais aceita pelos musicólogos é 16. Estive em Bonn, cidade alemã em que nasceu LvB, tentei achar algo de novo, e não consegui. Tenho uma foto minha, emocionado, em frente à casa em que nasceu o homem. De novidades, nada. O assunto já foi muito debatido por gente muito mais conhecedora que eu.
Beethoven perfaz com Bach e Wagner o trio de maiores inovadores da história da música . Caído de paraquedas exatamente no meio do classicismo de Haydn e Mozart, que estavam no auge de suas possibilidades clássicas, Beethoven começou a compor já homem feito, por volta de 1790, primeiramente recusando curvar-se cegamente às fórmulas do classicismo de Haydn, seu professor, ao barroquismo de seus parentes antecessores, também músicos, e buscando desobedecer às regras fixas de qualquer escola musical ou tendência de colegas contemporâneos.
As artes se entrecruzam e influenciam. Aquele tempo por volta de 1790 é justamente o tempo em que, influenciados na Alemanha principalmente por Goethe (Werther é de 1774) e Schiller (Ode à Alegria é de 1785), principais literatos lançadores do romantismo, os artistas e o povo em geral deixam de lado o racionalismo do iluminismo e se deixam levar pelo eu individual, pelo sonho, pelo amor à natureza, pelo amor à pátria, pelo culto à coragem, pela valorização dos sentimentos.
Beethoven percebe que aquilo que a literatura exaltava tinha de passar para a música. Assim, já em 1798, dá ao mundo a Sonata n. 8 em dó menor, que vem a receber o ultra-romântico título de Sonata Patética, inteiramente diferente de qualquer sonata para piano anterior, em 1801 a Sonata Ao Luar “quasi una fantasia”, que começa com um adágio, coisa absolutamente contra as regras. Em 1801/2, compõe a sua segunda sinfonia, que traz uma novidade sensacional: Beethoven elimina o Minueto, tradicional até ali e destinado a ser dançado pelos nobres que assim quisessem, e, no lugar do Minueto, introduz o Scherzo, o que traz mais seriedade às sinfonias.
E assim por diante segue sempre compondo uma música ousada, diferente, não só na forma como no conteúdo harmônico, rítmico, ornamental, dramático. Que compositor ousaria interpor seis acordes percutidos sucessivos como na Sinfonia Eroica, ou 3ª Sinfonia, composta em 1802/1804, tida por muitos como a obra que marca o começo do romantismo?
Em nossa opinião, há outras obras de Beethoven que são marcos iniciais do romantismo musical. Lembremo-nos da teoria, já por mim exposta no movimento.com, segundo a qual nunca há marcos únicos e isolados marcando épocas na História. Há períodos que se interpenetram e se explicam e completam. No entanto, não há dúvida: na música, o romantismo começou e se afirmou com LUDWIG VAN BEETHOVEN, o aniversariante de hoje.
(1)Jorge Luis Borges ( 1899/1985) foi um poeta, escritor e critico argentino de fama internacional.

MARCUS GÓES – 16 DEZ 2014

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