PAULO SZOT - O MAIS FAMOSO BARÍTONO BRASILEIRO NO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
O Theatro São Pedro/SP abre a temporada de Concertos Internacionais com o mais afamado cantor brasileiro em terras estrangeiras. Paulo Szot é barítono que fez fama ao conquistar o prêmio Tony por um musical na Brodway, depois disso sua carreira decolou e não faltaram convites para cantar nos maiores teatros líricos do mundo. Fiquei surpreso ao ver seu nome na programação do pequeno teatro paulistano, sempre o critiquei por não cantar mais em terras brasileiras, aquele Candide feito com a OSESP no ano passado com vozes microfonadas não vale.
A verdade é que a direção do Theatro São Pedro não faz as bobagens que a OSESP adora fazer e o programa foi diversificado e condizente com o nível do barítono. Abre com Gustav Mahler e o ciclo de quatro canções Des Knaben Wunderhorn. Compostas no início da carreira de Mahler e anos mais tarde seriam influência para sua terceira sinfonia. O caráter musical delas oscila entre o tenro e o dramático onde o barítono é obrigado a interpretar diversos personagens em uma mesma canção. Paulo Szot esteve a vontade com domínio vocal, técnico e cênico do ciclo. Sua voz apresentou graves cheios, robustos e maleáveis que chegam a agudos brilhantes. As quatro canções tem material heterogêneo e o desafio do solista é dar consistência a elas. Szot colocou sentimentos, dores , alegrias e interpretou-as com grande emoção.
Após o intervalo o publico foi brindado com trechos de óperas. O ponto alto da segunda parte foi a aria Era um Tramonto d'oro de Colombo de Carlos Gomes. Paulo Szot abusou da grande técnica com voz melódica repletas de pianíssimos e um timbre colorido e luminoso. Nas árias da ópera Eugene
gin de Tchaikovsky e Die Walküre de Wagner a voz de Szot oscilou e pequenas falhas vocais ficaram nítidas. Mozart é sua especialidade e da ópera Le Nozze de Figaro interpretou Hai già vinta la causa conseguiu imprimir um excelente estilo mozartiano.
A Orquestra do Theatro São Pedro regida por Luiz Fernando Malheiro acompanhou com sonoridade pujante, muitas vezes delicada e as vezes intensa a interpretação do solista. Sua musicalidade esteve a altura do evento com naipes uniformes e músicos capacitados. Desafios ao longo do ano estão por vir em uma programação diversificada de óperas e concertos e a orquestra da casa parece pronta par enfrentá-los.
A julgar pelo primeiro Concerto Internacional o ano promete, nomes de peso do canto lírico estão listados na programação para se apresentarem no palco do São Pedro. Paulo Szot foi o primeiro de uma lista de vários.
Ali Hassan Ayache
Foto, Paulo Szot - Internet.
Fui no concerto de domingo e gostei, a vantagem de um Teatro como o Sâo Pedro é que ele permite que se corram riscos, e ele se arriscou muito em cantar Wagner, que definitivamente não é para sua voz e as grandes plateias lá de fora não verão isso nunca...
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