CONTOS OPERÍSTICAS: O REGENTE

   


  Sentado na cadeira de diretor de um grande teatro americano reflexões passam pela minha cabeça, alguns pensamentos vão longe, chegando a fugir da realidade, outros são bem reais e estão na porta ao lado. Reflito que fazer ópera é gratificante mas dá um trabalho enorme com ensaios e parte técnica. Administrar um teatro desse porte é desgastante e consome muito de minhas energias. As pessoas nem imaginam a dor de cabeça que é fazer óperas, concertos e balés e no final de tudo vem uns críticos chatos, que não entendem nada de música e reclamam de tudo. Tem até geógrafo metido a crítico.

    Para meu teatro sempre quero o melhor, contrato profissionais que estão no auge da carreira, nem ligo para as nacionalidades. A chiadeira por não contratar tantos brasileiros é enorme. O diretor de cena que trouxe do estrangeiro esse ano é um dos melhores do mundo, filho de tenor famoso, nem me importei com a fama dele de ser problemático.
   Sempre prezei minha privacidade e coloco um segurança na porta nas pausas de ensaios e apresentações. Sei que a maioria torce o nariz por causa disso e os burburinhos pelos cantos são enormes, não passam de um bando de invejoso que adorariam estar nessa cadeira. De repente ouço gritos por todos os lados, um homem quer forçar a entrada e o segurança o impede. Soube depois que ele partiu para as vias de fato e mandei colocá-lo para fora da casa aos sopetões.
   Fiquei estarrecido ao saber que o nervosinho era o diretor de cena, estava irritado por ter lido uma notícia na imprensa e viera tirar satisfação. Ao brigar com o segurança perdeu toda a razão. Proibi sua entrada no teatro e pronto.
   

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