O BARBEIRO DE SEVILHA E O RISO COLETIVO NO THEATRO SÃO PEDRO. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



   O palco do Theatro São Pedro recebeu nos dias 06 e 07 de Março a Companhia de Ópera Curta, o título escolhido para circular e divulgar a ópera no Estado de São Paulo é uma estreia da Companhia, O Barbeiro de Sevilha de Rossini. A chuva torrencial de Sexta-Feira não espantou o público que quase lotou a casa e no sábado as cadeiras estiveram lotadas. Antes da apresentação o diretor Cleber Papa ministrou uma palestra acerca dos objetivos da Companhia de Ópera Curta. Concluí que o drama é solitário e o riso é coletivo.
   Transpôr um libreto longo e sem diálogos para uma versão mais curta e com diálogos não é tarefa das mais fáceis. A versão escrita por Cleber Papa mantém a essência da obra original com suas principais árias e nos diálogos atualiza o texto com cenas hilárias. Levando o público a um êxtase coletivo. A direção musical e a transposição para cinco músicos de Luís Gustavo Petri segue na mesma linha e mantém a originalidade da partitura. 
   A direção assinada por Cleber Papa é ágil e dinâmica, puro teatro onde cantores de ópera conseguem atuar como atores profissionais. Uma mescla perfeita de canto e teatro que mantém a essência da obra original tornando o título interessante e divertido para um público que não é familiarizado com a ópera. Os diálogos esbanjam em criatividade acompanhados de cenários simples e adequados a trama, figurinos ricos e de época com desenho de luz dialogando com as cenas em uma interação peculiar. 
   As vozes são o que temos de melhor no país, dois elencos vão desfilar seu talento por diversas cidades do Estado. O que dizer de Luisa Francesconi, o mezzo-soprano arrebentou como Carmen de Bizet no Theatro Municipal de São Paulo ano passado, agora fez uma Rosina com um timbre de rara beleza que esbanja na técnica vocal. Caroline de Comi deixa qualquer um com queixo caído e com a cara no chão, soprano com coloraturas ágeis em uma voz cristalina e sedutora. A nova Bidu Sayão do Brasil, um verdadeiro rouxinol.        
   Vinícius Atique é barítono em evolução constante, seu Figaro esbanjou talento cênico munido de médios e graves cheios e brilhantes. Para os baixos Pepes do Vale e Pedro Ometo sobrou comicidade como Bartolo. O único que destoa da turma é o tenor Caio Duran, mostrou-se nervoso e não exibiu a qualidade dos demais. Sofreu nos agudos e seu timbre não se mostrou a contento, pode vir a evoluir no decorrer das apresentações.
    A concepção de Cleber Papa e Rosana Caramachi já está no seu quinto título. Aqueles que não tem oportunidades de assistir a óperas nos grandes centros são os principais beneficiados, o caráter viajante da Companhia de Ópera Curta divulgará a ópera por quarenta cidades do Estado. Ganha o público ao receber espetáculos de qualidade, ganha a ópera pela divulgação e todos os cantores e equipe técnica ganham experiência de palco. Que a Companhia continue por muitos anos.
Ali Hassan Ayache  

Comentários

  1. Esse comentário sobre o Caio Duran foi muito infeliz. Talvez porque quem escreveu não tenha competência para analisar tecnicamente. Eu tive oportunidade de assistir e só tenho elogios para o cantor e ator, que além de cantar muito, foi super hilário interpretando o Conde. Quem tiver oportunidade, assista! A diversão é garantida para toda a família.

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