POETA DE ÁGUA DOCE, TCHAIKOVSKY E MOZART PELA OSESP. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.
Eventos raros raramente acontecem, aconteceu na última quinta-feira, desculpem a repetição das palavras. Marin Alsop, diretora musical da OSESP, milagrosamente fez algo além de reger em São Paulo. Enquanto na gringolândia a eterna dona da camisa vermelha e paleto preto faz um trabalho educativo e de renovação de plateias postando nas redes sociais seus feitos. No Brasil fica no mínimo obrigatório de reger e se mandar de volta para casa com um cheque polpudo no final do mês.
Não é que a maestrina resolveu falar ao público em uma palestra sobre o dia internacional da mulher. Chorou as pitangas e contou como cresceu na carreira sendo mulher. Fez a palestra em inglês, quem sabe daqui a trezentos anos aprenda a falar português. O "melhor" ficou com Arthur Nestrovski, em suas elocubrações cismou com a palavra maestrina, diz que o termo é pejorativo por ser um diminutivo preferindo a palavra regente. Nunca na história desse país alguém se refere a maestrina como pejorativo, o termo invoca respeito na língua portuguesa falada e declamada pelo povo que a utiliza. Nestrovski se mostrou um legítimo poeta de água doce.
Para solar o Concerto nº 20 Para Piano em Ré Menor, KV 466 de Mozart foi convidado David Fray, os espectadores nos corredores da Sala diziam que o pianista era famoso, fama não é sinônimo de qualidade em música clássica. O rapaz fez uma leitura burocrática e deveras fria do concerto. Apressado comeu notas deturpando as melodias. O seu instrumento um Steinway & Sons apresentou sonoridade distorcida e a OSESP não se entendeu com ela mesma na abertura. Um concerto para piano não muito inspirado composto por Mozart em uma leitura fria e rápida do solista e um instrumento desafinado é a tempestade perfeita.
A soberba Sinfonia nº 6 em Si Menor, Op.74 - Patética de Tchaikovsky teve melhor sorte. A OSESP conseguiu nas mãos da maestrina Marin Alsop ritmos e cadências que vão de encontro a proposta do compositor. Toda a dramaticidade e tensão da obra foram esmiuçadas e superaram o descompasso dos metais. O último movimento soa em tom de despedida do compositor: lírico, lento e emotivo. A OSESP conseguiu esse efeito sonoro e emocionou.
Não vejo sentido em convidar a maestrina Valentina Peleggi para reger a Fanfarra Para a Mulher Incomum nº 2, a obra não dura nem cinco minutos e não acrescenta nada.
Ali Hassan Ayache
Foto: Marin Alsop na Sala São Paulo, foto Internet
Foto: Marin Alsop na Sala São Paulo, foto Internet
Acho legal dar oportunidade para jovens maestros, sinceramente achei interessante a regência da Valentina. Realmente o piano estava esquisito desafinado nas notas graves, daqui a pouco irei lá de novo conferir se trocaram um piano e se o solista estará mais "inspirado"
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