AS MULHERES DA ISLÂNDIA. ARTIGO DE RICARDO LABUTO GONDIM NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



Com papel e caneta, Júlio Verne levou o Prof. Lidenbrock à Islândia, onde explorou o vulcão Sneffels em uma viagem ao centro da Terra.
Com papel e caneta, outros autores povoaram suas páginas com os trolls e os elfos, as auroras boreais e cavernas de gelo da Islândia, que é um convite ao sonho.
Com papel e caneta, há cem anos a Islândia determinou que as mulheres teriam direito ao voto.
Com papel e caneta, artistas islandesas levaram as tradições do país à uma das expressões máximas da civilização, a orquestra sinfônica.
Os cem anos de voto feminino e beleza da democracia serão celebrados com um concerto da Orquestra Sinfônica da Islândia. No programa, clássicos islandeses e peças contemporâneas de música escrita, todas compostas por mulheres. Incluindo a Sinfonia Gaelica, a primeira sinfonia de uma compositora estadunidense.
No pódio, uma brasileira.
Performances da sinfônica islandesa estão registradas pela maior gravadora do mundo, a Naxos. E por alguns dos melhores selos de som audiófilo, como a requintada gravadora inglesa Chandos. Seu pódio é frequentado por estrelas como Osmo Vänskä e Vladimir Ashkenazy. E por muito tempo recebeu um mito, o legendário Gennady Rozhdestvensky.
É fácil compreender que regentes no mundo inteiro estariam ávidos por viver este momento histórico. Mas a Islândia elegeu uma brasileira.
A maestrina Ligia Amadio é quem subirá ao pódio na noite de 11 de junho.
Com papel e caneta eletrônica, a imprensa brasileira silenciou.
E enquanto isso, a OSESP, a maior orquestra do país, renova – à revelia dos músicos – o contrato com Marin Alsop, uma regente precisa, mas de pouca ou nenhuma expressão.
Porque um metrônomo não é um artista.

Ricardo Labuto Gondim

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