HAICAI COREOGRÁFICO. CRÍTICA DE WAGNER CORREA DE ARAUJO NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.



O iconoclasta da dança britânica, Michael Clark está de volta, ao Brasil, na programação Rio/São Paulo do Festival O Boticário na Dança, com a proposta “Animal /Vegetable/ Mineral”. 

Michael Clark construiu sua trajetória em extremos, indo da sua formação clássica no Royal Ballet à visceralidade de seu olhar contemporâneo, com base na fusão da estética plástica e visual com a sonoridade do punk/rock.

Seus maiores inspiradores/mestres na detonação de seus radicais impulsos sonoro / coreográficos sempre foram John Cage ,de um lado ,e Merce Cunningham ,do outro. Além de saber , como poucos, fazer um mix cênico inventivo de dança, arte , design, moda, com o universo rock.

Não é atoa que está sempre à frente de experimentações plástico/visuais como residências artísticas na Tate Modern’s de Londres, além do apadrinhamento coreográfico ,de Baryshnikov, e fashion , da top model Kate Moss.

Em" Animal/Vegetable/Mineral", na sua fragmentação cênica /coreográfica quais jogos lúdicos num direcionamento de harmônica realização minimalista, ele mostra um referencial próximo à poética hai kai .

Na abertura da peça, brinca com citações coreográficas de base neoclássica ,entre fouettés e arabesques, equilibrando o preciosismo técnico com uma nuance de exuberante modernidade. Acentuada ,ainda, por uma mesma identificação de figurinos masculinos/femininos em tons escuros ( M. Clark/Stevie Stewart), sob uma precisa ótica da iluminação (Charles Atlas) .

Entre a segunda e a terceira partes induz, na explosão plástica de cores meio a Jackson Pollock ( outro de seus ídolos) e na arquitetura de formas gestuais livres, uma nítida sensibilização do linguajar contemporâneo. E onde até as ortodoxias punks do Sex Pistols , são provocações sonoras em coesão absoluta com a proposta coreográfica.

Ao final, há um inicio de fastio da performance .É quando a movimentação gestual fica inibida diante da prevalência da música rock de um filme do vídeo/artista Charles Atlas, ainda que a ideia seja mostrar a integração entre linguagens artísticas diversas.

Ou, talvez, a exclusivista intenção autoral de Michael Clark :

“ Rock é meu rock. Na sua vitalidade, moldou-me não só como indivíduo, mas como artista”.


Wagner Correa de Araujo

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