PROGRAMAÇÃO DO TMRJ RECEBE APORTE ORÇAMENTÁRIO. ARTIGO DE LEONARDO MARQUES NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.

Em poucos meses, gestão Karabtchevsky mostra força política.


Quinta-feira passada, dia 30 de abril de 2015 – menos de quatro meses depois de assumir a presidência da Fundação Teatro Municipal, que administra o teatro de ópera do Rio de Janeiro –, o maestro Isaac Karabtchevsky marcou o seu primeiro gol de placa à frente da combalida instituição carioca.
Na referida data, o Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro publicou um decreto do governador no qual o Theatro Municipal foi contemplado na rubrica “Realização de Atividades Culturais e Educativas” (exatamente aquela que responde pela programação artística da Casa) com um aporte de R$ 4,1 milhões, superior à dotação inicial da mesma rubrica para o exercício orçamentário de 2015 (R$ 3,2 milhões).
Com mais outro aporte que a casa já havia recebido em março de R$ 897,5 mil, o total atualizado do orçamento para a programação artística do TMRJ em 2015 soma R$ 8,3 milhões – ligeiramente superior, portanto, ao valor total pago pela casa na mesma rubrica no ano anterior, qual seja, R$ 7,6 milhões.
Que maravilha!, talvez se empolgue o leitor. Na verdade, não é bem assim, o Municipal está a léguas de distância de ter um orçamento específico para a programação que esteja à altura de suas necessidades artísticas. Ainda há muito que fazer e, só para efeito de comparação, o orçamento do Theatro Municipal de São Paulo específico para sua programação artística é superior a R$ 20 milhões.
O que ocorreu foi apenas um primeiro passo, o primeiro de muitos passos que a instituição precisar dar para, talvez, chegar um dia à condição de casa produtora de espetáculos digna de respeito, e não digna da chacota com que tem sido tratada nos últimos anos por sua produção capenga, por seus constantes cancelamentos etc., etc.
Esse primeiro passo restabelece as condições de programação da casa para algo próximo do que vinha ocorrendo nos últimos anos – o que, se está longe de ser grande coisa, é sem dúvida bem melhor que a projeção inicial para este ano complicado que estamos vivendo no país como um todo. E com isso, devemos todos esperar, claro, no campo específico da ópera, não sermos obrigados novamente a assistir à falta absoluta de encenação que se verificou no recente Fidelio.
Em resumo, o aporte orçamentário recebido pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro demonstra importante força política por parte do maestro Karabtchevsky, e por parte também, creio, da secretária de Cultura, Eva Doris Rosental. É preciso aproveitar essa força não só junto ao Governo do Estado, mas também na busca de parceiros privados que possam colaborar com a programação do Municipal por meio de patrocínios.
Não é nada, não é nada, este pequeno artigo é o primeiro elogio que faço em muitos anos à administração do Theatro Municipal. E já que o momento é para elogios, aproveito a ocasião para reiterar aqui o compromisso que assumi em março, na crítica que escrevi a respeito do concerto de abertura da temporada: “(…) darei uma trégua de um ano ao Municipal, torcendo para que Karabtchevsky tenha sucesso no objetivo de fazer da casa de ópera carioca uma instituição produtiva. A partir de 2016, porém, a trégua acaba, e a nova administração do Municipal precisa apresentar resultados”.
Por resultados, entenda-se: programação anual completa e em quantidade adequada, anunciada com a devida antecedência (e não em cima da hora), e que, em hipótese alguma, apresente cancelamentos ao longo do ano. Ah, sim: convém também não apostar fichas em produções medíocres como o recente Fidelio, pois não abusar da paciência do público (e da crítica) também ajuda bastante. Vamos convir que não é pedir muito.
Leonardo Marques


Fonte: http://www.movimento.com/

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