JOHN ADAMS, O TRITURADOR DE BEETHOVEN. CRÍTICA DE ALI HASSAN AYACHE NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


  No programa original da OSESP da segunda semana de Agosto constava a regência do compositor John Adams, este cancelou devido a outros compromissos assumidos. Se este for o real motivo o nobre compositor mostra uma tremenda falta de profissionalismo. Estes são assumidos com grande período de antecedência. Mais uma vez o diretor artístico da casa não se fez de rogado, pegou o microfone e informou a plateia a ausência do compositor gringo. Mais do que dar a informação exaltou a qualidade da obra que seria executada. Para ele "Absolut Jest" do furão John Adams é o que tem de melhor na música ocidental, uma composição única e inspiradora. Seu exagero foi tanto que fez parecer que a obra está acima do próprio compositor que a inspirou, Beethoven, seria ela melhor que todas as nove sinfonias caro diretor?
  A noite começa com a curta obra "Lendas Lemminkäinen Op 22: O Retorno" de Sibelius. A peça é até interessante, uma curiosidade que não ficará na memória de ninguém.
    "Absolut Jest" foi composta em 2012 para quarteto de cordas e orquestra sob encomenda da Sinfônica de São Francisco em homenagem ao centenário da orquestra. Mistura de pequenos trechos de obras do fim da vida de Beethoven como quarteto de cordas e sinfonias, uma colcha de retalhos mal feita. Adams colocou partituras de Beethoven em um moedor de carne, as espremeu e triturou. O resultado é uma obra confusa, sem nexo e sem sentido. Os músicos do quarteto se esfolaram nas trapalhadas musicais e deram o melhor de si. Deve ser duro ter que se submeter a tocar peças pelo simples desejo da direção.
   Esta obra, apesar de não ser uma estreia mundial, se encaixa no que diz o colega Marco Antônio Seta em um comentário para este blog "Além de tudo, a maestrina Marin Alsop injeta um repertório de estreias mundiais na programação da OSESP, coisa que interessa apenas aos autores das obras, descontenta o público e afasta os mesmos, fazendo muitos assinantes a não renovar suas assinaturas, pois a programação é pouco atraente."
   O que salvou a noite foi a Sétima de Beethoven, esta sim uma obra de porte, imortal e que fica na memória das pessoas. A OSESP nas mãos de Arvo Volmer mostrou entrosamento entre os naipes e conseguiu bela sonoridade. Os exageros e as caricaturas regênciais do estoniano não atrapalharam o andamento e as belas melodias empolgaram a plateia.
   As vezes, com os programas esdrúxulos da OSESP, é melhor o ouvinte entrar após o intervalo. O colega Domingos D'Arsie sugere isso e muitos o faz.
Ali Hassan Ayache

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereira31 de agosto de 2015 às 19:06

    Realmente não está nada fácil assistir a alguns programas... Infelizmente o mercantilismo dominou a direção da OSESP, recebi uma pesquisa questionando o porque das pessoas chegarem atrasadas ou saírem mais cedo programas como esse ajudam a explicar isso

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