O MAIS FAMOSO TENOR DO MUNDO ADVERTE : NÃO COMPREM MEU CD. ARTIGO DE OSVALDO COLARUSSO NO BLOG DE ÓPERA E BALLET.


                                     O tenor Jonas Kaufmann
O tenor alemão Jonas Kaufmann é sinônimo de sucesso. Aos 46 anos a qualidade de sua voz continua fascinando as maiores cenas líricas e as mais importantes salas de concerto do mundo. Artista ideal, inclusive no quesito aparência, acabou se tornando o protagonista de uma das maiores “baixarias” da história do mercado fonográfico.Explico: desde o início do ano vinha sendo anunciado um novo álbum em que o tenor alemão apresenta diversos momentos de óperas de Giacomo Puccini. O nome do CD é “Nessun Dorma – The Puccini Album”, referência à famosa ária da ópera Turandot. Este CD foi gravado pela Sony junto à Orquestra e Coro da Accademia Nazionale di Santa Cecilia de Roma regida por Antonio Pappano e seu lançamento está previsto para 11 de setembro. O antigo selo do tenor, DECCA, resolveu lançar no mês passado um álbum com o título “The Age of Puccini: Jonas Kaufmann” com gravações que o tenor realizou em 2007 e 2010. Esta “era de Puccini” do título do CD enganou muita gente, já que as pessoas compraram sem pestanejar a pretensa novidade pensando que estavam adquirindo gravações inéditas do cantor, e descobriram que de Puccini só constam três árias, sendo que o resto são aqueles chorosos momentos de óperas veristas de Mascagni, Cilea, Giordano e outros compositores menores em gravações antigas. O próprio tenor, irritadíssimo com o fato, publicou em sua conta no Twitter e em sua página no Facebook a “enganação” que estava sendo feita e que ele próprio foi pego de surpresa, e advertiu os seus fãs para não adquirirem este CD. O selo DECCA, segundo ele, criou este álbum por conta própria, com o claro objetivo de atrapalhar as vendas de seu concorrente.


                                                O álbum recém gravado e a enganação do selo DECCA

Os novos tempos de Kaufmann: lucro e repertório previsível
Jonas Kaufmann está no auge de sua forma vocal, mas algo mudou muito no cantor. Ao se tornar um superstar deixou para trás um repertório mais rebuscado e que é com certeza menos lucrativo. Junto ao falecido maestro italiano Claudio Abbado, o cantor executou a mais difícil obra de concerto do romantismo alemão para tenor e orquestra: “Rinaldo” de Brahms. Também junto a Abbado (e junto a Anne Sophie von Otter) pôs sua bela voz a serviço de “A Canção da terra” de Mahler. Junto ao excelente pianista Helmut Deutsch apresentou e gravou um magnífico recital de canções de Richard Strauss e dois ciclos de canções de Schubert: “A bela moleira” e “Viagem de inverno”. Mas estas sutilezas foram substituídas por concertos populares onde o repertório, sem surpresas, lembram os concertos do estilo “Os três tenores”. Há mesmo quem diga que em algumas récitas de Parsifal de Wagner no Met ele teria apresentado pela primeira vez um esgotamento vocal. Consegui ter acesso a um vídeo de um “Fidelio” de Beethoven apresentado no festival de Salzburg no último dia 15 de agosto. Numa produção muito ruim, em que a horrorosa encenação de Claus Guth, que incluía sons de filmes de ficção científica e uma enlouquecida fazendo inúteis e imprecisos gestos de libras enquanto as árias eram apresentadas, pude constatar que, mesmo com a barba grisalha, Jonas Kaufmann parece um jovenzinho, tanto no aspecto físico quanto no aspecto vocal. Permanece mesmo como o grande tenor da atualidade. Mas é inegável que, assim como o pianista chinês Lang Lang, é uma das tábuas de salvação no combalido mercado fonográfico ligado à música clássica, ficando sujeito a este tipo de golpe baixo.
Osvaldo Colarusso
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/falando-de-musica/

Comentários

  1. Marcelo Lopes Pereira31 de agosto de 2015 às 19:10

    Não se preocupe que não comprarei esses CD´s, quando quiser vê-lo irei no YouTube ...

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